Vinte, vinte
O ano 20,20
No serpentear da mente
Vamos de mão dada sempre em frente
Colhendo os doces frutos, que nos abraçam no poente
Com os olhos postos no sol florescente
Desejando continuar a apanhar o sorriso quente
À espera de uma noite incendiada e transparente
Que não tenha fim, nem futuro, nem presente
Mesmo cansados, temos esperança de continuar eternamente
Nas estrelas que ardem dentro de nós, em lume ardente
Os sonhos vamos tecendo, todos dias, novamente
Como se tivéssemos conseguido parar o tempo, para a gente
Com o fio curvo de um ar diferente
Aumentámos a luz vermelha da lente
Esse fogo que nos ajuda a suportar, estranhamente
Este tempo que achamos que está doente
Que enfrentamos de máscara, fugindo de quem encontramos pela frente
Como se todos tivessem peste e língua de serpente
Não queremos beijos, nem abraços, nem dizemos bom dia, não vão as palavras partirem-nos algum dente
A pouco-e-pouco vamo-nos esquecendo, como era antigamente.
José Silva Costa