Vidas!
Vidas! (1)
Recusou-se a nascer antes do fim da segunda guerra mundial
Os pais muito pobres, num tempo em que era tudo racionado e com senhas
Tinham-se juntado no outono de 1944
Era o que a maioria, dos casais, fazia
Alugaram parte de uma casa, onde também funcionava a Escola Primária e vivia a professora
Ele com 29 e ela com 17 anos, há muito que andava de olho nela
Muito bonita, com uns longos cabelos até ao fundo das costas
Conhecera, porque o pai dela alugara uma casa e uma courela, no monte dele
Para onde os irmãos iam com as ovelhas, durante uma temporada
E, ela, de vez em quando, ia lá dar-lhes assistência
Teve um parto difícil, uma grande hemorragia
Um curioso, ainda, por cima, receitou-lhe uma sangria
Era assim, naquele tempo, sem médico nem parteira, pelo menos, para os mais pobres
Eram as outras mulheres quem lhes acudia
O pai dela, com medo de perder a segunda filha e o primeiro neto, levou-os para casa dele
Para a mãe e as irmãs tomarem conta deles
Não havia escolas! As Mestras ensinavam a ler, escrever e fazer contas
Numa das saídas de Almodôvar, está uma placa a indicar o Monte das Mestras
Foi só um dia a casa da Mestra, para aprender a ler
Não pode ir mais, porque tinha de tomar conta dos irmãos: 7 ( no mesmo mês em que ela teve o segundo filho, a mãe teve o nono)
Sofreu muito por não saber ler nem escrever, dizendo que não sabia uma letra do tamanho de um burro
Naquele tempo diziam que as mulheres não precisavam de saber ler nem escrever, tinham era de saber coser meias
O marido, o mais novo de quatro rapazes, sabia muito bem ler, escrever e fazer contas
Aprendera com uma Mestra, à noite, depois dos trabalhos no campo
Aos homens só era permitido que trabalhassem no campo
Nenhuma mãe queria ver um filho a lavar a loiça, as fraldas, o chão……………
As raparigas podiam trabalhar em casa, no campo, que ninguém ficava incomodado
Ao longo dos séculos, as mulheres têm sido discriminadas, contra isso, muito têm lutado.
Continua