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19
Nov20

Os contabilistas

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Os contabilistas

O anti ciclone dos Açores está carregado de nuvens negras a anunciarem tempestade

Concordo que quem está a receber subsídio de desemprego ou de inserção preste serviço à comunidade

O que não podemos é deixar ninguém ao deus dará, porque nasceu pobre ou não consegue ganhar para o pão

Há quem tenha nascido rico, virado para a lua, a sonhar com carros, corridas e pistas

Mas, daí a pensar que somos todos calões, que não queremos trabalhar, é falta de sensibilidade

O que não pode acontecer é uns terem tudo e outros nada, pelo menos enquanto houver liberdade

Infelizmente, nasci quando um contabilista Governava o País, que só pensava em barras de ouro

Como nasci muito pobre, sei bem o que é passar fome

O que é ver uma mãe com 3 três filhos, pendurados às saias, a chorarem de fome

Os meus pais trabalhavam de noite e de dia, mas não conseguiam arrancar da terra, comida suficiente para alimentarem os filhos

O Baixo Alentejo era de meia dúzia de latifundiários, que viviam à grande e à francesa

Enquanto os que os enriqueciam viviam na miséria

Cheguei a ir às manjedouras, das muitas bestas, que eram utilizadas nos trabalhos do campo, procurar pequenos bocados de alfarroba, que faziam parte da sua ração

Fico muito preocupado quando oiço anunciar despedimentos, que vão causar muitos sofrimentos 

Os que nasceram com sorte não devem desprezar os que nunca a encontraram.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

17
Jun19

17/06/2017

cheia

A tragédia

O sol nascera, como em muitos dias de Junho, radioso

O dia corria normalmente, até que as chamas envolveram as populações

As lavaredas montadas nos ventos fortes, levavam tudo à sua frente

O fumo escondeu o sol, o dia tornou-se noite

Nunca ninguém tinha visto um a coisa assim!

Não deu tempo nem para decidir

Ficar, correr, fugir, que fazer!

Não havia tempo a perder

A quem recorrer, se as comunicações não conseguiam responder!

Abandonados à sua sorte, uns correram para a salvação, outros para a morte

Rodeados por um inferno de chamas, sem ninguém que lhes desse esperança

Alguns meteram-se nos carros para fugirem à morte

Mas a estrada era de má sorte

Tudo ficou queimado, e o alcatrão bem marcado

Sessenta e seis mortos!

Duzentos e cinquenta e três feridos!

Meio milhar de casas destruídas!

Que sejam sempre recordados

Que se faça tudo para que tragédias destas não se repitam

Sejamos mais programáticos

Acreditemos menos na sorte

Porque o vento Norte, pode trazer a morte.

José Silva Costa

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