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22
Fev24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

49

Depois, foi a vez de pedirem à Rosinha e ao Januário, que contassem a história do seu encontro

O Januário não queria revelar as circunstâncias em que tinha conhecido a Rosinha, mas esta disse que não havia mal nenhum em revelarem o abrupto encontro deles

 A Rosinha começou por dizer que o mais difícil foi a comunicação, não conseguiam dizer um ao outro o que queriam, mas os gestos e o tato foram muito importantes, o insuportável foi viver, todos os dias, a pensar no sofrimento dos familiares, sem saberem o que lhe tinha acontecido

Mas não tinha maneira de lho dizer, só quando começaram a entender o que cada um queria, é que ela lhe fez sentir quão a sua família deveria estar a sofrer

Não foi fácil convencê-lo, porque ele estava com receio da reação da família dela, e não era caso para menos: tinha raptado a sua familiar, e isso era imperdoável, a não ser que a Rosinha o defendesse

Foi isso que o Januário tentou durante o tempo em que ela esteve afastada da família, só quando teve a certeza de que ela não deixaria que lhe fizessem mal, é que anuiu irem contatar aos familiares dela, o que tinha acontecido

A Rosinha não deixou de elogiar o marido, dizendo que desde a primeira hora do encontro, que ele a tratou com muito carinho, sempre preocupado com o bem-estar dela, agasalhando-a, dando-lhe as melhores e mais maduras frutas, tudo o que era melhor era para ela, e essa foi sempre a atitude dele durante todos os anos que levavam juntos

Na sua opinião, o Januário era uma pessoa exemplar, amigo de todos, fossem pobres ou ricos, pretos ou brancos, procurava que todos fossem respeitados, mulheres ou homens, crianças ou velhos

Nunca antes tinha conhecido ninguém que tanto se preocupasse com os outros, para ele, mulheres e homens deviam ter os mesmos direitos e as mesmas obrigações, o que ia contra os hábitos da sociedade dela, fazendo com que fosse olhado com desconfiança, por todos

 Os Sobas receavam que as ideias dele levassem as populações a revoltarem-se contra  as regras ancestrais, que tinham herdado dos seus antepassados, para regerem os seus povoados

Os filhos e a restante família ficaram muito orgulhosos da Rosinha e do Januário, muito contentes com tudo o que a Rosinha tinha dito sobre o relacionamento entre eles, e das ideias revolucionárias e humanitárias do Januário.

No fim, todos concordaram que um encontro, inesperado, entre uma africana e um europeu, dificilmente poderia ter ocorrido melhor

Os europeus invadiram a África, uma invasão é uma agressão.

Continua      

      

 

 

09
Nov23

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

34

 

A vida, no Forte de Massangano, estava muito complicada, apesar de terem alimentos, água e munições, para muito tempo, não era aconselhável saírem das suas posições, para tentarem afastar os jagas, porque não sabiam o seu poderio, assim como os jagas,  também, não se aventuravam a atacar o Forte, porque podia-lhes acontecer  o mesmo que às irmãs da rainha Jinga, que foram feitas prisioneiras, e uma delas foi executada, no Forte

A esperança era que eles se cansassem e levantassem o cerco, enquanto isso não acontecesse, não podiam facilitar, nem sair das suas posições

Em Luanda, a vitória foi comemorada em grade estilo

Salvador de Sá assumiu o governo de Angola, rebatizou o Forte do Morro de Forte de São Miguel, em homenagem ao patrono da expedição brasileira

A cidade de São Paulo de Luanda, passou a chamar-se: Cidade São Paulo de Assunção de Luanda

Nos tumbeiros (porque neles morriam muitos escravos) embarcaram sete mil escravos apinhados nos porões, em direção ao Brasil

Consolidada a vitória, em Luanda, a tropa partiu para a conquistas dos rincões angolanos.

Os líderes eram três jesuítas: António do Couto, Gonçalo João e Felipe Franco

Os religiosos convenceram alguns sobas, a ajudarem-nos na travessia do país, em direção a Massangano, onde espantaram os jagas e os nativos do rei do Congo, que sitiavam os portugueses

Daí para a frente, os brasileiros venceram todas as resistências

No forte de Massangano, também, o levantamento do cerco foi muito comemorado, bem como a expulsão dos holandeses, da cidade de Luanda

Todos ficaram muito contentes por, finalmente, poderem voltar para Luanda, mesmo que  nem todos quisessem regressar à capital da colónia

Passados sete anos, (1641 a 1648) muitos já tinham refeito as suas vidas, não querendo andar sempre a mudar

Para os que queriam voltar para Luanda, tinham mais dificuldades, porque durante os sete anos que estiveram no Forte, os jagas tinham tido o apoio dos holandeses, que os armaram até aos dentes, quando abandonaram a colónia

Assim, para regressarem à capital, tinham de assegurar escoltas, que os protegessem  dos canibais da rainha Ginga

Depois de quase dois anos da libertação de Luanda, os que se tinham refugiado, no Forte, conseguiram criar uma escolta, devidamente equipada, para proteger os que quisessem voltar para Luanda.

 

Continua

 

 

 

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