O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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Com as novas sementeiras a garantirem mais quantidade de produtos alimentares, regressou a harmonia a toda a comunidade, com a alegria e a esperança de um dia vencerem a fome
Mas, à medida que os jovens aderiam às ideias propagadas, principalmente, pelo Roberto, no sentido de quebrar as regidas tradições, entre homens e mulheres, no que dizia respeito ao trabalho nas lavras, os Sobas tentavam contrariar as alterações, defendendo punições, para os jovens, que fossem contra as suas ideias
O Governador queria ser o fiel da balança, tinha de ser muito diplomático, como lhe dizia a Zulmira. Assim, não hostilizava os Sobas, com quem contava, para mobilizarem homens e mulheres na defesa do território, caso este fosse atacado. Mas, sempre, ia dizendo-lhes que ninguém conseguia travar o futuro
Sabia que as tradições dos povos não se mudam de um dia para o outro, queria apoiar o Roberto, na tentativa de fazer com que os jovens se dedicassem às lavras, aproveitando o exemplo do Tico, que tinha conseguido transformar os métodos ancestrais de fazer as sementeiras. Mas, depois de um grande entusiasmo, por parte dos jovens, pelas lavras, os jovens agricultores foram cansando-se da espera pelas colheitas
Muitos jovens continuavam indecisos entre o que fazer, continuar com as tradições, em que os homens se dedicavam à caça e à pesca, tendo muitas mulheres, para trabalharem para eles, ou seguir as ideias do Roberto, que era contra a poligamia, que considerava ser uma prática para escravizar as mulheres
Todos, os que seguiam o Roberto, sabiam que ele defendia a monogamia, apelando aos rapazes que acabassem com a prática da poligamia, que fazia com que as muitas mulheres de um homem tivessem de se submeter às ordens da mais velha, que era quem geria o harém e escolhia a que dormia com o seu senhor
O Governador, que não tinha conseguido angariar proveitos, para ajudar a suportar as enormes despesas da Corte, queria fazer um feito, que ficasse para a história e impressionasse o Rei, confidenciou à esposa de que tencionava contatar com um Rei, que lutava contra os portugueses, a norte de Luanda, para o convencer a cooperar com Portugal, para uma convivência pacífica
A Zulmira disse-lhe que não era uma boa ideia, por ser muito perigoso, uma vez que não tinha uma força armada, para o proteger e aos que o acompanhassem. Mas, desta vez não deu ouvidos aos avisos da mulher
Contactou os Sobas, pediu-lhes que mobilizassem os homens, que pudessem, para que todos juntos tentassem entabular negociações, para um acordo de paz
Os Sobas mostraram-se receosos, avisaram o Governador do perigo, que corriam, mas cumpriram o seu pedido, mobilizaram os homens, que puderam.
Continua
