Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cheia

cheia

18
Set25

O Império

cheia

O Império  -    As teias que o Império teceu

131

Com as novas sementeiras a garantirem mais quantidade de produtos alimentares, regressou a harmonia a toda a comunidade, com a alegria e a esperança de um dia vencerem a fome

Mas, à medida que os jovens aderiam às ideias propagadas, principalmente, pelo Roberto, no sentido de quebrar as regidas tradições, entre homens e mulheres, no que dizia respeito ao trabalho nas lavras, os Sobas tentavam contrariar as alterações, defendendo punições, para os jovens, que fossem contra as suas ideias

O Governador queria ser o fiel da balança, tinha de ser muito diplomático, como lhe dizia a Zulmira. Assim, não hostilizava os Sobas, com quem contava, para mobilizarem homens e mulheres na defesa do território, caso este fosse atacado. Mas, sempre, ia dizendo-lhes que ninguém conseguia travar o futuro

Sabia que as tradições dos povos não se mudam de um dia para o outro, queria apoiar o Roberto, na tentativa de fazer com que os jovens se dedicassem às lavras, aproveitando o exemplo do Tico, que tinha conseguido transformar os métodos ancestrais de fazer as sementeiras. Mas, depois de um grande entusiasmo, por parte dos jovens, pelas lavras, os jovens agricultores foram cansando-se da espera pelas colheitas

Muitos jovens continuavam indecisos entre o que fazer, continuar com as tradições, em que os homens se dedicavam à caça e à pesca, tendo muitas mulheres, para trabalharem para eles, ou seguir as ideias do Roberto, que era contra a poligamia, que considerava ser uma prática para escravizar as mulheres

Todos, os que seguiam o Roberto, sabiam que ele defendia a monogamia, apelando aos rapazes que acabassem com a prática da poligamia, que fazia com que as muitas mulheres de um homem tivessem de se submeter às ordens da mais velha, que era quem geria o harém e escolhia a que dormia com o seu senhor

O Governador, que não tinha conseguido angariar proveitos, para ajudar a suportar as enormes despesas da Corte, queria fazer um feito, que ficasse para a história e impressionasse o Rei, confidenciou à esposa de que tencionava contatar com um Rei, que lutava contra os portugueses, a norte de Luanda, para o convencer a cooperar com Portugal, para uma convivência pacífica

A Zulmira disse-lhe que não era uma boa ideia, por ser muito perigoso, uma vez que não tinha uma força armada, para o proteger e aos que o acompanhassem. Mas, desta vez não deu ouvidos aos avisos da mulher

Contactou os Sobas, pediu-lhes que mobilizassem os homens, que pudessem, para que todos juntos tentassem entabular negociações, para um acordo de paz

Os Sobas mostraram-se receosos, avisaram o Governador do perigo, que corriam, mas cumpriram o seu pedido,   mobilizaram os homens, que puderam.

Continua

 

 

11
Set25

O Império

cheia

O Império   -   As teias que o Império teceu

130   

Algumas das mulheres, que trabalhavam nas lavras, e que até tinham ensinado o Tico a fazer as suas primeiras plantações, sentiram- se humilhadas e indignadas, quando viram os produtos, que ele tinha apanhado, nas suas últimas colheitas, com muito maior quantidade e maiores produtos dos que os delas

Como não conseguiam perceber a razão de coisas tão estranhas, queriam mais explicações, porque as que lhes tinha dado não eram aceitáveis

O Tico ficou intranquilo, sempre o tinham tratado com todo o carinho, ensinando-lhe o que sabiam. Mas, quando viram as suas primeiras colheitas, tudo mudou, queriam linchá-lo pelo seu pacto com o demónio, para as rebaixar, para fazer com que percam a exclusividade no trabalho das lavras

O Governador teve de intervir, com receio que algumas mulheres molestassem o Tico. Por isso, pediu aos Sobas que lhes explicassem, que ele as ensinaria, como conseguir colheitas como as que ele tinha conseguidoO Tico, a pedido do Governador, suspendeu, temporariamente, as suas sementeiras, par se dedicar a ensinar as mulheres, como procederem, para obterem colheitas semelhantes às suas

As relações, entre o Tico e as mulheres, que se dedicavam às lavras, melhoraram, mas mantiveram-se tensas durante o longo tempo de duração das sementeiras, só quando fizeram as colheitas, os olhos das mulheres se abriram de espanto, ao verem que as suas sementeiras, feitas pelas suas mãos, com a ajuda do Tico, eram tão boas como as dele

Daí em diante, para elas, o Tico era um sábio, que muito as tinha ajudado a conseguirem melhores colheitas e com mais variedades de produtos alimentares, para grande contentamento de todas as famílias

A cooperativa voltou a ter dias de alegria, todos queriam agradecer ao Tico, as suas inovações, que muito iriam contribuir para melhorar a alimentação da população

O Roberto aproveitou os agradecimentos ao Tico, para mais uma vez, chamar a atenção, para a necessidade de trocas de conhecimentos, colaboração entre todos, para melhorar a vida de todos, sem esquecer de lembrar que saber ler e escrever era o mais importante, para o futuro.

Continua

 

 

 

 

 

 

17
Jul25

O Império

cheia

O Império   -    As teias que o Império teceu

122

 A assembleia geral da cooperativa foi muito participada, pela primeira vez os novos sócios, quase todos jovens, estavam em maioria. Os que estavam a par do fenómeno, em que se  tinham tornado as aulas do Roberto, sabiam do contentamento dos jovens sobre as aulas e a vontade de serem sócios da cooperativa

A escola do Roberto não tinha portas nem janelas, tanto podiam decorrer a uma sombra, como numa praia, ou numa lavra, o que todos procuravam era soluções, para as questões, que o Roberto lhes colocava

Responder às necessidades diárias, a começar pela alimentação, um abrigo para pernoitar, o resto só viria, quando estivesse assegurado o essencial

Alguns idosos não compreendiam toda aquela excitação dos jovens, já diziam que o Roberto tinha poderes de feiticeiro

Fosse como fosse, com ou sem poderes de feiticeiro, o que estava à vista de todos, é que ele estava a fazer com que os jovens, principalmente os rapazes, cortassem com os hábitos antigos, o que não agradava aos Sobas

Os que seguiam o Roberto sentiam-se valorizados, aprendiam a fazer coisas úteis, essenciais à vida, o que fazia com que a sociedade os apoiasse e admirasse

Naquela escola não se obtinham provas de conhecimento, cada um tinha de demonstrar o que sabia, pondo-o em prática

O Roberto não lhes ensinava soluções, apenas lhes apresentava questões que, muitas vezes,  eram resolvidas com muita colaboração, muito tempo, muitas experiências, até conseguirem encontrar um resultado positivo, isto é  produtivo

Como o principal objetivo era a produção de alimentos, conseguir que todos tivessem qualquer coisa, para comerem, todos os dias, quase todos queriam participar e tentar inovar, deixar uma marca, daí o grande empenho em todas as experiências

Tanto o Roberto, como os mais idosos tentavam travar o entusiasmo dos jovens de que todas as sementeiras corriam bem, lembrando-lhes de que a agricultura é influenciada por muitos fatores: a qualidade do terreno: se é apropriado para  aquela cultura, as condições atmosféricas, as pragas de insetos, que devoram as culturas em pouco tempo, os animais, que também podem estragar tudo em menos de um fósforo

Os jovens diziam-se cientes das dificuldades na agricultura, mas muito contentes por conseguirem produzir alimentos, vendo as sementes germinarem, crescerem, sendo as colheitas a maior magia, principalmente nos produtos, que crescem debaixo da terra, cujo resultado só se vê, quando se destapam e colhem.

Continua

 

 

 

 

25
Abr24

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

 

57

A união faz a força, foi essa força que fez com que a cooperativa tenha contribuído para melhorar a vida de todos os cooperantes

Cada vez produziam mais, produção que estava sempre vendida, porque a procura era superior à produção, fazendo com que continuassem a desmatar mais terreno, para aumentar a produção

Era com entusiasmo que todos, novos e velhos, se dedicavam ao trabalho, sentiam uma enorme alegria ao verem as suas sementeiras a nascerem, crescerem, colherem os produtos de que alimentavam era uma sensação indescritível

Com o aumento da produção e o funcionamento da cooperativa, as famílias passaram a ter sempre que comer, deixaram de estar abandonadas à sua sorte, imperava a solidariedade, não sendo permitido o açambarcamento, porque enquanto houvesse, era dividido criteriosamente e proporcionalmente às necessidades de cada família

A Rosinha e o Januário estavam muito orgulhosos de toda aquela família, que constituía a cooperativa, por acreditarem que a sua obra continuaria pelos séculos fora

Seria muito importante, que continuasse, para melhorar a vida de muita gente, que tanta alegria estava a proporcionar àquelas mulheres e homens, jovens e velhos, que tanto se orgulhavam daquele trabalho, honesto e produtivo, arrancando da terra os seus alimentos

A Rosinha, desde a criação da creche, que ela, sempre que tem tempo, ajuda na creche:  fala com as jovens mães, dá-lhes algumas dicas, como cuidarem dos bebés

Contava a sua experiência, como mãe e avó, tenta desdramatizar o papel da mãe e do pai, dizendo que ser pai e ser mãe aprende-se ao longo da vida, e nunca se sabe tudo

As jovens contavam com ela para desabafarem, revelando-lhe as suas dúvidas, alegrias, medos, a todas dava atenção, tentando convencê-las das suas muitas competências, para serem mulheres e mães

O Januário, cada vez, tinha mais dificuldade em andar, tinha receio de ficar acamado, todos os dias fazia muito esforço para fazer uma caminhada, gostava de ir ver as lavras, ver como estavam as plantações, falar com quem andava a tratar delas, lembrar o tempo em que esse era o seu trabalho

Não gostava de ir sozinho, gostava muito da companhia da neta, a Milene, acompanhava a Rosinha, quando ela ia para a creche, sempre, com o fim de conseguir que a neta, depois, fosse com ele

Nem sempre o conseguia, mas muitos dias ela foi a sua companhia, gostava de ir ver os pais e as outras pessoas, que com eles trabalhavam nas lavras

Para o avô, era como se fosse uma borboleta, sempre a saltar e correr, e ele a querer que lhe desse a mão, com medo que caísse e se magoasse

Nos dias em que tinha a sua companhia, esquecia-se das dores, o tempo passava a correr, as lavras tinham outro encanto, aquela borboleta, como ele dizia, a correr, ao longo das plantações, a falar com os pais e todos os que lhe dessem atenção, parecia uma  estrela cintilante, da qual não conseguia desviar o olhar

No regresso, quando chegavam a casa, a avó beijava-a e mimava-a muito, como se estivesse a agradecer-lhe por ter feito companhia ao avô, e ela percebia que eles ficavam muito contentes, com a sua companhia. 

 

Continua

 

 

03
Fev22

Pais (8)

cheia

Pais (8)

A todos prometeram que voltariam em breve, com mais tempo, talvez nas férias do Natal, ou nas férias grandes, no verão

A Ana, o Francisco e os filhos ficaram muito felizes, por terem encontrado a família que ainda não conheciam

Os tios e os primos também ficaram contentes por verem os sobrinhos e os primos muito felizes com os pais adotivos

A Inês e o Pedro não compreendiam a razão por que os primos não andavam na escola, como eles

Os pais explicaram-lhes que muitas crianças, cujos pais não tinham possibilidades para que continuassem a estudar, só faziam os estudos obrigatórios, que eram a quarta classe

Na terra dos avós adotivos, já tinham reparado que a vida no campo era muito diferente da da cidade

Mas como eles já não tinham animais para tratarem, apenas tinham umas hortaliças nas hortas, e eles passavam a maior parte do tempo a brincar com os amigos, que viviam no estrangeiro, nunca se tinham apercebido da real dureza da vida no campo

Na terra dos pais biológicos, em contato com os tios e os primos, é que viram como eles chegavam exausto e sujos, depois de um longo dia de trabalho, no campo, tendo, ainda de  tratar dos animais, que estavam presos!

Começaram a dar mais atenção ao que se passava no campo e na cidade, não compreendendo a razão por que é que os trabalhadores do campo não eram valorizados, mesmo trabalhando mais horas e fazendo trabalhos mais duros

A Ana e o Francisco disseram-lhes que as desigualdades eram as grandes responsáveis pela desertificação do interior, todos queriam ir para as grandes cidades, onde os trabalhos eram mais leves, trabalhavam menos horas e tinham um ordenado certo no fim do mês, sabiam com o que poderiam contar

No campo tinham muito trabalho na preparação da terra, nas sementeiras, não sabendo o que colheriam, porque uma intempere podia estragar tudo

Com o início da guerra colonial, os rapazes que voltavam da guerra, já não queriam voltar para as suas terras

Os que não conseguiam emprego nas grandes cidades, começaram a emigrar

Dizendo-lhes que eram os filhos desses emigrantes, que brincavam com eles, na terra dos avós, quando iam para lá passar as férias de verão.

 

Continua.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub