O Império
O Império – As teias que o Império teceu
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O negócio do Soba, com a ajuda do Januário, estava em grande progresso, o que fazia com que as suas famílias tivessem, cada vez, melhores condições de vida
Havia uma grande necessidade de escravos para o Brasil, que já não conseguia dispensar os escravos, para assegurarem a laboração dos engenhos de açúcar
A Rosinha não gostou nada que ele se tivesse associado ao Soba, no negócio dos escravos. Mas o Januário disse-lhe que só o tinha feito para tentar ir ao Brasil resgatar o pai dela e os irmãos
Para isso precisava de incrementar o negócio, de modo a ir ao Brasil, nem que fosse para levar uma carrada de escravos, e tentar encontrar o sogro e os cunhados
Essa promessa fez com que ela alimentasse a esperança de voltar a ver o pai e os irmãos
Mesmo que não acreditasse que isso fosse possível, porque não sabia de nenhum escravo, que tivesse conseguido libertar-se do cativeiro e tivesse voltado ao seu país
Entretanto, a Rosinha tinha ficado novamente grávida, e o Januário tinha esperança de que fosse um menino
Cada vez empenhava-se mais no negócio dos escravos, queria acumular riqueza, para tentar ir viver, com a família, para a cidade de Luanda
A Rosinha é que não estava nada entusiasmada com a ideia de ir viver para a cidade, preferia continuar a viver, onde sempre vivera e nascera, tratando das suas terras
Mas, também, concordava com o Januário, quando dizia que se vivessem na cidade, os seus filhos teriam oportunidade de ter uma vida melhor, diferente
Dizia que não valia a pena fazerem grandes planos, para o futuro, porque de um momento para o outro, tudo muda, como aconteceu com ela, cuja vida deu uma volta de trezentos e sessenta graus
Tinha passado de uma rapariga simples, que passava os dias a apanhar búzios, para se tornar na mulher do Senhor Januário: um branco que queria provar ser possível uma convivência, diferente, entre brancos e pretos
Sem a arrogância de outros, com simplicidade e humildade, queria criar amizade com todos
Mas nem todos o viam como sendo assim tão exemplar, uma vez que se tinha associado ao Soba, para comprar e vender escravos, uma coisa que os outros não conseguiam entender
Bem tentava, o negócio justificar, dizendo que queria resgatar os familiares, mas ninguém, mesmo com esse objetivo se ia calar, porque uma pessoa boa, nunca venderia um seu semelhante, o seu dever era protege-lo de tão grande barbaridade.
Continua