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cheia

cheia

13
Jun22

Santo António!

cheia

Santo António

Santo António, Santo casamenteiro

Quantos noivos sonham contigo o ano inteiro!

E pedem que abençoes as suas vidas por inteiro

Enchendo de esmolas o teu mealheiro

Confirmando a tua fama de Santo milagreiro

Um Santo adorado por quem pisa o terreiro

Em noites de marchas populares e folia

Quando as madrugadas são curtas e entram pelo dia

E, a multidão por muito que esteja cansada não perde a alegria

Nos bairros populares dança-se até ser dia

O cheiro a sardinhas assadas e a manjericos é esguio

Cada marcha mostra o seu poderio

Todas querem ficar em primeiro lugar

São meses e meses de muito trabalho a fio

Tudo se decide na apresentação no pavilhão

O desfile na Avenida tem, como maior observador, o rio

Que não vota, nem promete nada, é parcial

Há pedidos de impugnação em tribunal

Mas ninguém leva a mal

Todos gostavam de ganhar

É duro, todo o ano ensaiar

Todos os bairros querem brilhar

Sonham beijar o luar

E, ao seu Santo padroeiro rezar

Para agradecerem o que os tem ajudado a fazer

Para o ano querem, todos, voltar a concorrer

Enquanto houver Santo António

Lisboa vai ver, na avenida, marchantes a desfilar.

José Silva Costa

 

12
Fev21

Vidas (12)

cheia

Continuação (12)

Entretanto, o patrão do José aproveitou a Feira do Ameixial, para vender as vacas e os bezerros. Acabadas as férias na Califórnia, voltou para casa, onde já estava o irmão, por ter tido alta do Hospital de São José. Foram os últimos dias, juntos, naquela casa. Passados uns dias, apareceu outro patrão. Desta vez, de uma localidade, no outro lado da Ribeira, no Algarve. Francisco disse-lhe que o filho ia guardar os porcos, mas que estava à espera de uma carta, para ele ir para Lisboa. Assim que chegasse, iria lá busca-lo imediatamente. A ceifa estava quase a começar, nesse ano a ceifa começou em Maio

A dez dias do fim do mês, quase ao fim do dia, estava o José, descontraído, a olhar pelos porcos, para que não comessem o trigo, quando avistou o pai, ao longe. Adivinhou o motivo da visita, Ficou feliz, mas ao mesmo tempo com receio do desconhecido

O pai chegou cansado, ainda eram uns bons quilómetros, não se demorou e seguiram para casa, queria que o filho tivesse tempo para descansar, porque no outro dia tinha de seguir para Lisboa

Aproveitou, enquanto caminhavam, para lhe enumerar todas as vantagens de ir para Lisboa. Sabia que a Alice não concordava que o filho fosse para tão longe, queria-o por perto, para vê-lo

No dia seguinte, levantaram-se cedo, ainda eram uns quilómetros até à Dogueno, primeira paragem, no Alentejo, da camioneta que fazia a carreira Faro, Lisboa. A prima tinha pedido para levar um laço, no bolso do casaco, para quando fosse esperá-lo, a Cacilhas, ser mais fácil o encontro

Quando se despediu, a mãe agarrou-o contra ela e não o deixava, até que o Francisco disse que tinham de se ir embora, senão perdia a camioneta. O José estava tão emocionado, que se esqueceu de despedir-se da irmã. A mãe disse:” não te despedes da tua irmã”! Voltou atrás e despediu-se da irmã. Parecia que a mãe estava com vontade que perdesse a camioneta

Eles a chegarem e a camioneta a aparecer do lado esquerdo, apressada. Francisco pediu ao condutor e ao cobrador se podiam tomar conta dele até Cacilhas, onde a prima o esperava

Almoçaram em Ferreira do Alentejo, onde as camionetas se cruzavam: a que vinha de Beja com a de Faro. Havia uma plataforma, onde as camionetas eram encostadas, para ser mais fácil e rápido trocar as bagagens e as mercadorias, expedidas. Naquele tempo, as camionetas tinham uma plataforma, no tejadilho, onde carregavam muitas mercadorias e bagagens, que eram presas com uma rede  

Quando o José saiu da camioneta e viu aquele casario, em cima do rio, ficou assustado. Em vinte e quatro horas tinha deixado o campo, e passado para a grande cidade. Foi uma mudança muito brusca

Pouco depois, chegou a prima dele, entraram no Cacilheiro e atravessaram o Rio. Tinha sido um dia muito intenso: todas as terras por onde a camioneta passou, passageiros a entrarem e saírem, aquele grande rio, finalmente a grande cidade. Caminharam a pé, pela avenida 24 de Julho, viraram para a rua São Bento, chegaram à rua dos Prazeres, paralela à rua de São Bento, onde a prima morava. Estava uma tarde maravilhosa, cheia de sol

No dia seguinte, subiram a rua da Imprensa Nacional, até ao Lugar de Frutas e Hortaliças, para onde ele ia trabalhar.  A futura patroa, disse para a prima dele: “ mais um para eu acabar de criar”

Quando o patrão chegou das compras, foram saber o que as freguesas necessitavam, apontavam num role, a seguir iam entregar-lhes o que tinham encomendado

No dia seguinte, o José foi sozinho, não foi fácil dar conta do recado. Por vezes, tocava na campainha errada. Pedia desculpa, continuava a sua tarefa de saber o que é que as freguesas queriam

Os primeiros dias, os primeiros meses foram muito difíceis. Os patrões eram do Distrito da Guarda, por vezes não se entendiam, parecia que estavam a falar línguas diferentes. As freguesas estavam, constantemente a emendá-lo, dizendo-lhe que não era lete, que era leite, que não era mantega, que era manteiga. O que fez com que tentasse pronunciar corretamente as palavras

Dois ou três meses depois, a mãe foi, a Lisboa, a uma consulta com o outro filho, na qual, os médicos decidiram que não o voltavam a operar. Quando se dirigiam os três, para verem o José, no Lugar de Frutas e Hortaliças, encontraram-no na rua da Escola Politécnica. Foi um encontro dramático, José caminhava debaixo de uma grande grade de madeira, onde, todos os dias, eram transportadas as hortaliças, dentro da grade vários cestos de fruta vazios, para serem devolvidos aos produtores. O José não se via, parecia que a grade e os cestos caminhava sozinhos. A Alice, ao ver o filho com a enorme grade às costas, disse que o levava com ela. A prima disse-lhe para, depois do jantar, ir a casa dela, para se despedir da mãe.

 

Continua

  

 

 

    

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

   

    

 

 

 

    

20
Mar19

Flores

cheia

A Primavera está a chegar

Já abri a porta para ela entrar

Esta noite, comigo se vai deitar

Minha amante virtual

Há quanto tempo te esperava!

Para nos encontrarmos no meu quintal

No roseiral, bem pertinho de onde vais morar

Para o teu perfume, a todo o momento, saborear

Temos três meses, para namorar

Não queres, para sempre, ficar

Preferes vir todos os anos

Jovem, fresca, airosa, mimosa, disfarçada de Rosa

A rebentar de perfume por todos os poros

Para encantares os meus olhos

Que tanto admiram a tua formosura

Todos os anos o mesmo encontro

Com mais ou menos sol, com mais ou menos chuva, com mais ou menos frio

Como gostava que os teus olhos fossem um rio

Que nos trouxessem a chuva de que tanto precisamos

Para que as tuas flores não desfaleçam.

José Silva Costa

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