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cheia

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05
Out23

O Império

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O império – As teias que o Império teceu

 

29

 

Aquela boa vida, de Luanda, tinha acabado. Os bons negócios da escravatura, para as mãos dos holandeses, tinham passado

Lamentavam a falta de uma boa armada, para defender a cidade, sem saberem se, e quando a conseguiriam recuperar

Não escondendo o medo dos holandeses avançaram para o interior e conquistarem o Forte, que os abrigava

O governador não se cansava de lhes pedir para estarem atentos, não descurarem o trabalho das sentinelas, nem de noite, nem de dia, para não serem apanhados de surpresa, como tinha acontecido em Luanda

O Januário e o Ezequiel faziam parte do grupo dos conselheiros do Governador, a quem foi atribuída a organização da defesa do forte, bem como a verificação do seu cumprimento

Todos os homens, incluindo o governador, tinham de contribuir, para a segurança do Forte.

Às mulheres tinha-lhes sido pedido que se encarregassem do resto: alimentação, limpeza, tratar das crianças, produção de alimentos ……..

Lideradas pela Rosinha e a Miquelina, tinham tudo muito bem organizado

Começaram por escolher os terrenos, para as lavras, angariar todas as sementes, que conseguissem encontrar, e semeá-las o mais depressa possível

Enquanto não conseguiram o aumento da produção, que não se consegue de um dia para o outro, contaram com a produção das lavras já existentes, ao redor do Forte, mas que não chegavam, para alimentar tanta gente

Recorreram aos frutos silvestres, apanhando tudo o que estivesse maduro e se pudesse comer, à caça de animais selvagens, com armadilhas, montadas pelos mais velhos, que já não podiam participar na defesa do Forte

As mulheres participavam na caça de ratos, procurar formigas, insetos e tudo o que fosse comestível

Foram anos muito difíceis para todos os que tiveram de fugir de Luanda, e se refugiaram no Forte, com a intenção de um dia conseguirem repelir os holandeses, o que não conseguiram, porque para expulsar, os holandeses de Luanda, foi precisa uma forte armada

Os anos iam passando, os irmãos e as suas esposas desesperavam, não se resignavam com o que lhes tinha acontecido, apesar de serem reconhecidos, tanto pela população, como pelo Governador, como pessoas muito solidárias e competentes

Várias vezes o Governador os elogiou, a elas pela forma como organizaram as tarefas das mulheres, contribuindo para que nunca faltasse comida, e a eles por terem contribuído para que ao longo daqueles anos, o Forte nunca tivesse sido atacado

Mas, isso não os sossegava, queriam cumprir os seus sonhos, aquilo a que se tinham comprometido, principalmente o Januário, que queria ir ao Brasil, procurar os irmãos e o pai da Rosinha.

 

Continua

 

 

 

17
Nov22

A sedutora

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Lisboa! A Sedutora!

 

4

Lisboa tinha dificuldade em acolher tanta gente, o que fazia com que a habitação fosse um dos maiores problemas dos pobres, tal como hoje

Nas casas grandes, com vários quartos, chegavam a viver três casais, os donos da casa e mais dois casais e filhos, caso já fossem pais, só com uma casa de banho

Outra situação era viver em parte de casa, em que dois casais alugavam uma casa, pareceu-me uma solução de mais difícil convivência

As águas furtadas também eram utilizadas, para dormir, porque só se conseguia estar de pé junto da janela

Como as rendas estavam congeladas, alguns senhorios recusavam-se a receber as rendas, nesses casos os inquilinos podiam abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos, em nome do senhorio, e depositar todos os meses o valor da renda, até ao dia 8, o que fazia com que o senhorio não pudesse pôr fora o inquilino

O dia 8 era sagrado, quem não quisesse ficar sem casa tinha de arranjar o dinheiro, nem que tivesse de recorrer (ao prego) à casa de penhores, onde o objeto penhorado, normalmente, ficava no prego, à espera que a dono ou dona o resgatasse, dentro do prazo, caso contrário o artigo ficava para a casa de penhores

Aquando da anexação, pela União Indina, do Estado Português da Índia, foram organizadas procissões, em Lisboa, para pedirem a intervenção do grande almirante Afonso de Albuquerque

Uma das procissões teve início junto à Igreja de São Mamede, em direção ao Convento do Carmo, escoltada pelas viaturas da Legião Portuguesa, chegada ao destino, a multidão gritou: “ levanta-te grande Almirante, porque a Nação está em perigo”

No comércio era tudo vendido avulso, ainda não se tinha generalizado a utilização do plástico

O leiteiro, que andava de porta em porta, numa das mãos trazia a bilha do leite, na outra as medidas

Nas mercearias, os clientes raramente compravam quilos e litros de feijão, arroz, farinha, azeite

Pediam cem gramas, duzentos gramas, quinhentos gramas,1 decilitro, 3 decilitros, meio litro

Os produtos, exceto o azeite, estavam armazenados em sacos, onde, por vezes, os ratos se passeavam.

Continua

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