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23
Nov23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

36

Toda a família estava radiante com a receção em Luanda

Não podiam ter tido mais sorte: terem caído nas boas graças do Governador

Passados alguns meses, os irmãos foram chamados ao Governador, que lhes entregou as chaves de duas casas, uma para cada família

Com a entrega das chaves, a vida dos dois casais, finalmente, depois de sete anos,

tinha voltado à normalidade

Uma normalidade, pela qual iriam pagar um preço alto, porque o novo trabalho, tanto do Januário como do Ezequiel, para além de conselheiros na defesa da cidade, tinham de  voltar ao negócio dos escravos, coisa que as suas mulheres não queriam

Salvador de Sá, o novo Governador de Luanda, tinha sido financiado e mandado, para Angola, pelos fazendeiros, para expulsar os holandeses e enviar escravos, para o Brasil

Por isso, todos os seus colaboradores tinham de estar empenhados nessa missão

Mesmo que não concordassem com o desumano tráfego de seres humanos, não estavam em condições de recusar a ajuda do Governador

Talvez, pudessem prescindir da ajuda do Governador, quando o Januário voltasse do Brasil, se tudo corresse bem e já tivessem outro-meio de subsistência

Como elas ficaram muito aborrecidas por eles terem de colaborar no envio de escravos para o Brasil, o Januário e o Ezequiel garantiram à Rosinha e à Miquelina, que essa colaboração não iria ser por muito tempo

Pediram-lhes para continuarem com a agricultura, que se associassem a outras mulheres, que produzissem e vendessem, uma maneira de criarem os alicerces para, quando o Januário voltasse do Brasil, deixarem de depender do Governador

Ficaram entusiasmadas com a ideia, iriam, quanto antes, procurar parcerias, para desenvolverem o novo projeto

O Ezequiel ofereceu-se para acompanhar o irmão ao Brasil, mas o Januário não aceitou, dizendo-lhes que era uma missão muito arriscada, e que o melhor era ficar, para poder apoiar a família

Ficou aliviado, estava tudo decidido e organizado, já o podiam chamar, para a sua viagem ao Brasil, que tinha tanto de perigo como de fascínio: atravessar o Atlântico e conhecer a grande colónia do Brasil

Quando falava da viagem, no seio familiar, mostrava-se, sempre, muito confiante, dizendo que tuto iria correr muito bem, mesmo que tivesse medo de que não voltasse do outro lado mar, mas não o iria a ninguém revelar

Custava-lhe tanto deixar a mulher, os filhos e a restante família. Mas, se era essa a sua missão, tudo tinha de fazer para a realizar e as promessas cumprir.

 

Continuar

 

 

09
Nov19

Rua

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Rua

Vives na rua

À luz da lua

Na indiferença, nua

De quem passa

Olha para o lado

Para não ver o frio duro

Que te agasalha

No aconchego

Das pedras da calçada

Com as estrelas como almofada

Em lençóis românticos, deitada

Sonhando com um mundo de fada

Que não tem data anunciada!

Prometido em cada eleição, marcada

Mas, as legislaturas passam, e nada!

Tu aguardas desesperada

Por uma mão amada

Que te ajude a subir a, social, escada.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

14
Nov18

Obsessão

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Obsessão

Muito se tem falado em obsessão

Por causa do orçamento da Nação

Há quem ache que não

Mas, para mim não deveria haver défice

As despesas deveriam ser iguais à receita

Porque mesmo com a obsessão

Os défices não baixam dos três por cento

Num ano foi o BPN, nos outros foram o BES e a CGD

Mas, os populismos, tanto de esquerda como de direita, não se preocupam com os défices

Prometem o céu e a terra, quando se trata de eleições

Quando, todos, deveriam era fazer leis para baixar a corrupção, o défice e a dívida

Porque a corrupção é um cancro, o défice e a dívida custam-nos muitos milhões, em juros

Que poderiam ser muito melhor utilizados na saúde, na justiça, na educação

Mas, os partidos de esquerda continuam muito preocupados com a obsessão do défice zero

Quanto a uma dívida de cento e vinte tal por cento, nem uma palavra

Em tempos falavam muito em não pagá-la!

Estamos a pagar muito menos pelo serviço da nossa dívida

Não sei se é por causa da obsessão, se por os agiotas dos fundos de investimento, com Portugal, terem engraçado

O que gostava, é que tivéssemos um Governo com a obsessão de reduzir a dívida para metade

Para ver se conseguimos dinheiro para tantas promessas não cumpridas: tirar o amianto dos edifícios públicos, que tantos mortos, tem provocado

Em vez de o andarem a dar aos fundos de investimento, fazendo com que os reformados, que investem nesses fundos, sejam forçados, todos os dias, a andarem a passear, dando voltas ao mundo, para o gastarem.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

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