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cheia

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10
Ago23

O Império

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O Império  -  As Teias que o Império Teceu

 

21

O Comandante, que a tinha em muita consideração, disse que podiam sair os dois, desde que deixassem o trabalho feito, não se demorassem e não se afastassem muito do cais, para evitarem as ruas mais perigosas

Estava ultrapassada uma das dificuldades: a saída de ambos, o Comandante tinha caído na armadilha, que a Miquelina lhe atirara, com muita naturalidade, dando a entender que  trocaria a visita a Luanda, que muito gostava de ver, pela segurança da sua vida

Tinha de transmitir, ao Ezequiel, a decisão do Comandante, lembrando-lhe que não poderiam  dar a entender que estavam a abandonar o navio. Assim, só conseguiriam levar o que vestissem e pouco mais

À medida que se aproximava a chegada a Luanda, aumentava o seu nervosismo, era um grande salto para o desconhecido

Para piorar o ambiente, o setor à sua responsabilidade dava os sinais habituais: falta de alimentos frescos, a água cheia de bichos, o que estava a causar o aparecimento de mais marinheiros com escorbuto

Os que mais sofriam eram os niquentos, que não comiam de tudo, que ao fim de tanto tempo no mar, já não conseguiam comer o que restava

Tudo o que estava a acontecer: falta de apetite, água com bichos, o mal de Luanda (escorbuto), só poderia indicar que estavam muito perto de Luanda

O Ezequiel e a Miquelina esforçavam-se para que a comida fosse o melhor possível, mas ninguém consegue fazer omeletas sem ovos

Miquelina passava os dias a pensar na saída, em Luanda, na melhor maneira de saírem, com a maior quantidade de roupa, possível, sem que dessem nas vistas

Enquanto a Miquelina andava a matutar como seria o futuro, o Ezequiel passava os dias tranquilo, porque ela, ainda não tinha tido oportunidade de lhe dizer que o Comandante tinha autorizado que saíssem juntos

Sem saber quantos dias faltariam para chegarem a Luanda, lá lhe conseguiu dizer que sairiam juntos, sem tempo para falar de pormenores

Quando começaram a avistar terra, gerou-se uma grande euforia como, sempre, acontecia

A Miquelina aproveitou a oportunidade para dizer ao Ezequiel como deveria proceder quando abandonassem o navio

A pouco-e-pouco as naus foram-se aproximando do cais de Luanda, e a alegria a todos contagiou, esperava-os o trabalho do reabastecimento e o passeio à cidade.

Continua

 

  

17
Set21

Regresso

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Regresso às aulas

 

Um regresso tão desejado como condicionado

Ainda não podemos ver os bandos de flores a beijarem-se e abraçarem-se

O vírus não nos dá descanso, as máscaras são o nosso manto

Mais um ano cheio de regras, de corredores com sinais de trânsito

De gel, de desinfetantes, de bolhas de segurança, para bem dos estudantes

Desconfiamos e temos medo de toda gente, é como que um repelente

Que, por mais que o queiramos esquecer, vai se colando à mente

É tudo tão estranho, tão violento, tão diferente

Desconfiamos de todos, da muita e da pouca gente

Olhamos para todo o lado, mudamos de passeio, não nos cremos cruzar com ninguém

Que estranhos comportamentos, a gente, tem!

E, ai dos que os não cumpram, são bombardeados pelos olhares dos afastados

Somos vistos, como se todos tivéssemos infetados, condenados

Enquanto a confiança não voltar, é com este medo que vamos viver

Não vale a pena fugir nem correr, o mais importante é, a saúde, proteger

Há quem diga que a pandemia está controlada

Mas os especialistas não sabem de nada

Por isso, o melhor é continuar a ter todo o cuidado

“ Cuidados e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.

 

José Silva Costa

 

 

 

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