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31
Out24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

85

Quando a Mité e o Leopoldo lhe disseram que ia ter mais outro neto ou uma neta, os olhos do Governador incendiaram-se de um brilho, que a filha nunca tinha visto, a tristeza que o perseguia tinha desaparecido, para ela tinha acabado de nascer uma nova era, e a confirmação veio pouco depois, quando o pai lhes disse que queria uma grande festa, para comemorar o nascimento do bebé deles

Quando as irmãs souberam das novidades ficaram muito contentes, saltaram, dizendo que já era tempo de acabar com o luto naquele palácio, sempre fechado, sem vida, e elas, quase como freiras, privadas de contatar com pessoas da idade delas, a não ser com as empregadas e os empregados

Começaram logo a engendrar planos: era preciso convidar gente de todas as idades, mas mais rapazes da idade delas, para ver se conseguiam arranjar pretendentes e continuar a dar muitas alegrias ao pai 

As quatro solteironas estavam muito agradecidas à Mité por ter conseguido abrir o palácio, quando se juntou ao Leopoldo, ao contrário do que aconteceu com Marina e Roberto, que foram para a Metrópole estudar, não causando nenhuma alteração no comportamento do pai, que continuava a cumprir um luto carregado, depois de tantos anos da morte da mãe delas

Com o nascimento do bebé da Mité e do Leopoldo tudo iria mudar, como se vira, aquando do anúncio da gravidez, que fez o pai dizer que queria uma grande festa, para comemorar o nascimento do novo membro da família

Ainda faltavam uns meses, e isso é que seria mais difícil de suportar, quando não estamos à espera do acontecimento não medimos o tempo, mas se queremos muito que o acontecimento, esperado, chegue, as horas, os dias, os meses passam mais devagar, e essa espera, por vezes, desespera

O Governador foi dar a boa nova à comadre, a Rosinha, encontrou-a na cooperativa, onde passava a maior parte do seu tempo, transmitindo os seus conhecimentos aos mais novos

Quando o viu entrar, ficou muito contente, eram bons amigos, sempre que a visitava, era para lhe trazer notícias do filho, da nora e do neto

Mas, desta vez não havia notícias de Coimbra, mas não deixaram de se interrogar como estariam a Marina, o Roberto e o Afonso, sem resposta, confortava-os o facto de, pelas contas deles, já não faltar muito para os verem

Sem conseguir guardar por mais tempo o motivo da visita, disse-lhe que a filha mais velha estava grávida, a comadre ficou muito contente e deu-lhe os parabéns, acrescentando que quando as outras quatro casassem, ficaria com a casa cheia de netas e netos.

Continua

 

 

09
Set21

Flores

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As mais belas flores!

 

Doce setembro das vindimas e dos figos

Da pisa das uvas, nos lagares, com os amigos

Dos frutos secos, do fim do verão

Dos passeios a saborear o luar a deslizar para o mar

De mão dada, como fazíamos, quando começámos a namorar

Nos nossos verdes anos, em que vivíamos os nossos sonhos

Tudo nos parecia possível, o Mundo estava ao nosso alcance

Mas a vida é muito dura, mesmo com sonhos à mistura

Criar os filhos é uma grande aventura, cheia de alegria e ternura

Ver aquelas pequenas criaturas tornarem-se homens e mulheres

É a melhor compensação de todos os cuidados e canseiras

Os pais criam, para os filhos, lindas floreiras

Onde esperam que os filhos coloquem as suas flores

Os netos são as suas mais lindas flores, um perfume eterno

Que permite que a última reta seja uma caminhada perfumada

Nos braços dos abraços dos netos, que tanto gostam dos seus afetos

Os avós são quem melhor os compreende

O que não admira, porque os anos são a melhor escola da vida

Acusados, pelos filhos, de serem bons aliados dos netos

Nem podia ser de outra maneira! Uma vez que voltamos a ser crianças.

 

José Silva Costa

 

  

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