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01
Mai25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

111

Uma escola com métodos e ensinamentos fora do habitual. Assim, o Roberto propôs, aos seus alunos, irem um dia, por semana, para o campo, com o fim de observarem os animais selvagens, sem colocarem as suas vidas em perigo, saber que frutos e plantas eram comestíveis, acompanhar o desenvolvimento das plantas e das árvores, em suma, estudar a natureza

A notícia correu pela cidade, os alunos perguntaram a pais e avós se poderiam ajudar o professor, um dos avôs, já velhote, disse que o poderia ajudar, porque tinha passado a vida a caçar e pescar

O Roberto, não só aceitou a colaboração do senhor Rocha, o avô do Moisés, como lhe agradeceu por ter aceitado ajudá-los a passearem na natureza, apesar da sua muita idade

Começaram pelos arredores da cidade, porque a missão era arriscada, não podiam pôr em perigo as suas vidas, tinham de avaliar se o guia tinha conhecimentos para lhes mostrar as matas, em segurança

Foi uma aula diferente, em que o guia conseguiu manter os alunos muito atentos, porque a natureza tem muita beleza, mesmo que nem todos a consigam ver, sem uma explicação por quem passou a vida a observá-la

Todos queriam continuar com novas experiências, o guia tinha passado com distinção, Assim, as aulas, na natureza, iam continuar, para que pudessem aproveitar o muito que o senhor Rocha lhes poderia ensinar

O Miguel tinha pressa em casar-se, disse-o à Zulmira, assim que ela aceitou o namoro, dizendo-lhe que gostava muito dela, e depois das suas condições, para aceitar o namoro, ainda a admirava mais, porque mostrou que, para além de ser muito bonita, também era muito inteligente

A Zulmira, também, estava felicíssima e não o escondia, fazendo com que o namorado lhe disse-se que iria imediatamente pedir a sua mão, ao seu pai

Quando o Miguel disse ao Manuel que lhe queria pedir a mão da sua filha Zulmira, não o apanhou de surpresa, já o esperava. Assim, disse-lhe que estava muito honrado por ele querer casar com a Zulmira, pediu-lhe que a respeitasse, que fossem muito felizes, porque isso era o que todos os pais desejam, para todos os filhos

O Miguel respondeu-lhe que podia estar descansado, que a Zulmira era a menina dos seus olhos, a sua princesa, muito inteligente, a escolha certa, para mãe dos seus filhos, a companheira para a vida

Agradeceu-lhe a escolha e aproveitou para lhe revelar o que tinha prometido à sua amada esposa, tudo fazer para que as suas filhas fossem muito felizes, nos últimos minutos da sua vida.

Continua

 

17
Abr25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

109

O novo governador, o Miguel, passou a ir, quase todos os dias, à cooperativa, cumprimentava todos, e por fim, demorava-se a falar com a Zulmira

Ao fim de alguns dias, já todos tinham percebido que a andava a catrapiscar

Passadas uma semanas pediu-lhe namoro, como fazem, quase sempre, as mulheres, mesmo que estejam desejando dizer sim, disse-lhe que ia pensar no assunto, porque não ficava bem aceitar imediatamente

Sabia que o assunto já andava na boca de todos, porque os olhares comprometedores entre ambos não deixavam dúvidas. Assim, para que acabassem as conversas à boca fechada, informou o pai e as irmãs de que o Miguel lhe tinha pedido namoro

Todos queriam saber a sua decisão, informou-os de que ainda não tinha aceitado, tendo pedido algum tempo, para decidir

A nova organização da cooperativa estava a agradar aos cooperantes, todos esperavam que, em breve, se começassem a ver os resultados da dedicação de todos

O Manuel, que muito admirava o Miguel, não cabia em si de felicidade, ao saber que o poderia ter como genro. A Zulmira bem leu, nos olhos dele, a alegria, que lhe causou a notícia do seu futuro namorado

Metade das filhas tinham encontrado companheiro, para outra metade, não faltariam pretendentes, tinham deixado o palácio, que era quase como que um convento, para irem para a montra da cooperativa, dando-lhes mais notoriedade

A Zulmira, depois da emoção do pedido de namoro, que lhe encheu o coração de esperança de um dia ter uma bonita família, começou a interrogar o futuro, caso viessem a casar

Começou, mentalmente, a formular as perguntas, que teria de lhe fazer, antes de aceitar o seu pedido, uma das coisas que queria saber era se ele respeitaria a sua liberdade, as suas escolhas, ou se, pelo contrário, lhe imporia que fizesse o que ele queria

Não queria deixar de fazer o que tanto a realizava, continuar a fazer a contabilidade da cooperativa, colaborar com todos os cooperantes, para que todos tivessem uma vida melhor

Nesse sentido, poderia ser um grande aliado, se estivesse verdadeiramente interessado em melhorar a vida dos povos de Angola

O que não admitia era ser um adorno, ficar encafuada, de novo, no palácio do Governador, esse castigo já ela tinha cumprido

O Miguel tinha de dizer se aceitava ou não as suas condições, para iniciarem um namoro, que fosse esclarecedor das posições de ambos, para que a união pudesse dar certo.

Continua

 

03
Abr25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

107

Quando ele regressou a casa, não resistiu a perguntar-lhe o motivo do longo “namoro”

O marido disse-lhe que o Governador era um homem muito sensível, mostrando-se muito interessado em tudo o que se passava na Colónia, tendo-lhe dado muitos parabéns por o que estava a fazer, para que as futuras mulheres e homens estivessem mais preparados para engrandecerem Angola

Todos gostaram e ficaram bem impressionados com a visita do novo Governador, mostrou-se interessado pelo funcionamento da cooperativa, do posto médico e da escola

Numa Assembleia-geral da cooperativa, o Manuel informou todos os cooperantes de que estava muito confiante no novo Governador, o facto de ser seu conselheiro, fazia com que fosse conhecendo as suas ideias e objetivos para Angola

O Rei tinha-o encarregado de tentar dar uma nova vida à Colónia, disse-lhe que teria de encontrar meios de sustentabilidade que substituíssem a escravatura  

Em 15 de Junho de 1856 o parlamento português aprovou o decreto abolindo a escravatura no distrito de Ambriz e nos territórios de Cabinda e Molembo, o que contribuiu para a resignação britânica sobre a titularidade de Ambriz.

Para fazer face aos apetites sobre Angola, por outros países, como ingleses e americanos, era preciso avançar para o interior e ocupá-la, desenvolver as pescas e a agricultura, onde a cooperativa poderia ter um papel importante

Tinham de inventar novas alfaias agrícolas, para conseguirem aumentar a produção, novas culturas e melhorar as que já faziam, todas as contribuições eram bem-vindas

O Roberto comprometeu-se a levar os seus alunos para as lavras, pedir-lhes para também se pronunciarem sobre como conseguir produzir mais e melhores alimentos

Na turma do Roberto havia gente de todas as idades: meninos, meninas, mulheres e homens, todos queriam mostrar os seus talentos, uma escola inédita, livre e aberta a todos

Para ele, todas as pessoas tinham talento, só dando-lhes oportunidades, os poderiam mostrar

Era cansativo, dar atenção a todos, mas era o que gostava de fazer, descobrir em cada um, o que o fazia correr, para a sua escola.

Continua

 

03
Out24

O Império

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O Império  - As teias que o Império teceu

 

81

 

No dia seguinte, o Governador mandou chamar o Leopoldo ao seu gabinete, para lhe perguntar se gostava da Mité e se pensava casar com ela. O Leopoldo respondeu-lhe que gostava muito da filha dele e que casaria com ela, quando ela quisesse

O Governador respondeu-lhe que isso dependia dela e que desejava que fossem muito felizes

O Leopoldo apressou-se a procurar a Mité, para a informar das boas notícias, beijaram-se e abraçaram-se, estava autorizado o namoro, ficaram floridos de felicidade

Dali em diante podiam namorar à vontade, sem terem de se esconder, como tinham feito, para manterem o namoro em segredo 

É bom que os pais compreendam que os filhos não sua propriedade, que não podem escolher o futuro deles, podem-nos aconselhar, mas as escolhas têm de ser suas

O Governador estava muito contente por a filha mais velha ter um namorado, mas não queria que eles soubessem, preferia aguardar que desse certo e eles casassem

Desde que a mulher faleceu, devido a problemas no parto da última filha, que ele só vivia para elas, pediu a uma irmã, às criadas e criados, que o ajudassem a cria-las, o que mais desejava era que casassem e lhe enchessem a casa de netas e netos

Finalmente, parecia que esse sonho se começava a concretizar, esperava que as outras quatro seguissem o exemplo da mais nova e da mais velha, que esquecessem o receio que tinham em ficar grávidas, pelo que tinha acontecido à mãe

Ainda bem que em breve teriam uma médica na família, para tratar delas, caso houvesse algum problema, para as aconselhar, para acudir às muitas mulheres, que morriam devido a complicações no parto

O Governador sabia bem que não hvia quem ajudasse as parturientes, em casos complicados, era por isso, que ele achava que a mulher tinha morrido, deixando-o com seis filhas para criar, perdendo, para sempre, o amor da sua vida

Ficou muito contente e esperançado, quando a Marina disse que queria ser médica, e um dia dotar a cidade de uma maternidade, onde todas as mulheres, com partos difíceis, tivessem quem as ajudasse, assim ela quisesse e estivesse preparada para tão grande obra

Para ele o grande problema era o tempo ter parado, parecia que os dias, os meses, os anos estavam, cada vez, mais longos

A sua comadre, a Rosinha, tinha estado muito doente, receou que morresse sem ver o neto. Ele também se sentia cansado de esperar, dizendo que conforme as circunstâncias o tempo anda depressa ou devagar

 Ocupação Militar de Nampula

Os estados islâmicos da costa (Xeicado de Quitangonha, Reino de Sancul, Xeicado de Sangage e Sultanato de Angoche), em aliança com os pequenos reinos macuas do interior conseguiram, até ao fim do século XIX, resistir à dominação portuguesa. Com uma técnica que, já naquela época, era considerada de guerrilha (Teixeira Botelho. 1936. História Militar e Política dos Portugueses em Moçambique. 1º vol. Centro Tipográfico Colonial, Lisboa, citado em UEM, 1982).

Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram uma nova tática, enviando grandes colunas militares a partir da Ilha de Moçambique e Mossuril, que avançavam ao longo dos rios, submetendo os chefes macuas. Nos locais onde conseguiam a colaboração destes, organizaram "Circunscrições" com uma administração incipiente, mas efectiva; onde não o conseguissem, instalavam "Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma, conseguiram dividir o território e as suas populações, incentivando as rivalidades entre si e com os estados islâmicos, que acabaram por entrar em declínio e foram finalmente subjugados à administração colonial.

                                                                                                      (Wikipédia)

Continua

 

 

26
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

80

A chegada do Afonso veio mostrar aos jovens pais, que criar uma criança exige muito de quem a cria, porque tem de estar disponíveis vinte e quatro horas por dia, durante muitos anos, até que aquele pequeno ser seja capaz de ser independente

Valeu-lhes terem conhecido a Anastácia, que muito os tem ajudado, permitindo que tenham podido voltar às aulas, deixando o filho em boas mãos que, muito carinho tinham para, a todos, dar

Na Universidade de Coimbra, a mais famosa do país, nunca se tinha visto nada parecido:  um casal, com um filho, a estudar. Exemplar, tanto nos estudos,

 como pais, vindo de África, da colónia de Angola

Angariou a amizade de uma residente, na cidade dos estudantes, que muito o ajudava, beneficiava, também, da ajuda de um professor, da jovem mãe, que se apaixonou pela senhora, que o levou para a sua casa e o mimava, como se fossem seus filhos      

Na academia e na cidade não se falava de outra coisa, todos queriam conhecer o casal, que tinha vindo de tão longe

Com o começo das aulas, a Anastácia ficou muito sobrecarregada de trabalho: fazer o comer, tomar conta do Afonso e tratar da casa, faziam-na passar o dia em grandes correrias

Tanto o jovem casal, como o marido da Anastácia estavam preocupados com o esforço dela que, por vezes, ia além do que era razoável, porque queria mostrar que era muito forte e que conseguia fazer tudo

Por isso, pediram-lhe para que descansasse quando eles estivessem em casa, que era muito pouco tempo, tirando o que estavam a dormir, para poder tomar conta do Afonso, durante o muito tempo, que eles passavam na Universidade

Mesmo custando-lhe, compreendeu que era melhor para todos, por que se ficasse doente, alguém teria de ficar em casa, para tomar conta do Afonso e dela

 

Um dez anos depois de mudar a capital para Lourenço Marques, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para extração de recursos naturais, num território que devia produzir bens para o seu consumo e para exportação para a “metrópole”

Essa foi a motivação principal para o estabelecimento de uma administração efetiva, embora também pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses.  (Wikipédia)

 

Quando o Governador regressou ao palácio e disse às filhas que a Marina tinha tido um menino, estas ficaram, também, muito felizes e queriam saber mais pormenores

O pai disse-lhes que se chamava Afonso, que tinha corrido tudo bem, o Roberto é que tinha dado a notícia, numa carta, que enviara para a mãe

Confessou às filhas que estava alegre e triste: muito alegre por ter um neto, mas triste por ele estar muito longe e temer que morresse antes de ele ir para Luanda

As filhas tentaram animá-lo, dizendo que os anos passam depressa e que em breve todos estariam juntos

A filha mais velha: a Mité,  aproveitou para informá-lo que namorava com o Leopoldo, que Leopoldo? Perguntou o pai, o que trabalha aqui no palácio, respondeu a filha, o pai não se mostrou muito entusiasmado com a notícia, mas acabou por lhe dizer que desejava que fossem muito felizes.

 

Continua

 

 

 

 

 

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