A sedutora
Lisboa! A sedutora
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O país desaguou no Cais da Rocha de Conde de Óbidos, aldeias, cidades e vilas, de todo o lado vieram pais, avós, irmãs, irmãos, cunhados, cunhadas, namoradas, mulheres, mães, todos acorreram ao cais, todos aos aís, abraçados aos seus ente-queridos, ninguém se queria apartar, até que os mandaram formar, os familiares a muito custo deixaram-nos abalar
Ordenaram que embarcassem, foi tudo muito rápido, o barco apitou, desprenderam as amarras e ele avançou pelo Tejo dentro, no cais ficou um mar de gente, cada um, a acenar com o seu lenço
Até a formosa Lisboa chorou, não os queria ver partir, ia sentir tanto a sua falta, sem jovens, sentia-se, cada vez, mais abandonada, tinham-na transformado numa triste namorada, sempre à espera que voltassem e a abraçassem de novo, que sentissem todo o seu encanto, que continuassem enamorados por toda a sua beleza, pelas suas colinas, servidas pelo seu elevador de Santa Justa (1902), para subir e descer da baixa ao Carmo, o ascensor da Bica (1892, que liga o Bairro Alto à rua da Boa Vista, o ascensor da Glória (1885), para ligar o Jardim de São Pedro de Alcântara aos Restauradores, o ascensor do Lavra (1884) que sobe e desce a rua da Anunciada, entre o Largo da Anunciada e a rua Câmara Pestana
A Oriente podemos admirar a Sé, o Castelo de São Jorge, a Casa dos Bicos, onde funciona a fundação de José Saramago, a Feira da Ladra. O Museu Militar, o Panteão, a estação ferroviária de Santa Apolónia, por onde entram os estrangeiros que utilizam o comboio, o Oceanário
No coração da cidade os teatros de Dom Carlos e de Dona Maria Primeira, a Estação Ferroviária do Rossio, O Cinema Éden, o Parque Mayer, o Coliseu dos Recreios, o jardim Botânico, a estátua do Marquês de Pombal, a Estufa-fria e a Quente, o Parque Eduardo VII, que é uma janela aberta para o Tejo, a Praça de Touros, o Jardim Zoológico, a fonte luminosa, o Bairro Alto, a Mouraria, a Assembleia da República, o Jardim da Estrela, a Basílica da Estrela, o Museu Nacional de Arte Antiga
A Ocidente o Museu dos Coches, O Museu de Arte Moderna, o Centro Cultural de Belém, os Jerónimos, o Museu de Marinha, o Padrão dos Descobrimentos, os pastéis de Belém, A torre de Belém, as Amoreiras, que fizeram com que a entrada ocidental da cidade tivesse ficado muito mais bonita, o aquário Vasco da Gama, o MAAT- Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o Aqueduto das Águas Livres
Não faltam coisas bonitas e belas para ver na encantadora Lisboa.
De sedutora a nacionais, passaste a sedutora de estrangeiros
Nas tuas vielas só se houve o barulho das rodas das malas dos turistas
Todos ficam maravilhados coma tua luz e a tua beleza
Nunca foste tão grande vedeta!
Nem no tempo dos descobrimentos
Quando só cheiravas a cravo, canela, gengibre e pimenta
Esse é que foi um rico tempo!
Que não volta mais
Não voltaremos a ser os donos do Mundo
Mas, tu serás sempre a linda princesa do Tejo.
José Silva Costa