Separação!
Despedida
O desespero de quem tem de partir
Da guerra teve de fugir
Sem saber para onde ir
Com o filho no regaço
Sob um nevão que corta a respiração
Cansada da longa caminhada
O filho dá-lhe força, para tudo vencer
Tudo fará para o proteger
Para o ajudar a crescer
Acompanha-a o perfume do último abraço
Do marido, que teme não o voltar a ver vivo
Sem marido, sem pátria, como vai criar o filho, querido!
Tenta afastar os negros pensamentos
Mas, nada de bom anunciam os ventos
São os constantes bombardeamentos
A destruição dos apartamentos
Uma guerra a contaminar os tempos
Mortos, valas comuns, movimentos
Só queria esquecer tudo, por uns momentos
Mas, não lho consentem, os pressentimentos
Por que razão a loucura voltou?
Sem dó, nem piedade, tudo matou
A esperança, a vida, a alegria
Tantos mortos, feridos, deslocados
Mulheres e crianças, de frio, arrepiadas
Por essa Europa, espalhadas
Acarinhadas por uma Europa, desta vez, unida
Para ajudar a sarar a ferida.
José Silva Costa