O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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Liberto da pressão de angariar fazenda para a Coroa, o Miguel e a Zulmira ficaram com mais tempo e empenho, para ouvirem a população falar dos seus problemas, que em conjunto tentavam solucionar
Todos os dias eram vistos a deambular pela cidade e arredores, ouvindo aqui, intervindo além, tentando solucionar problemas, que para eles poderiam ser considerados simples. Mas, para muitos eram motivo de muitas dores de cabeça
Quando se cruzavam com o Roberto e a sua turma que, como sabemos, não tinha lugar certo onde dar as aulas, porque em qualquer lugar se pode ensinar ou aprender, o casal também ficava a assistir à aula até ao fim, para aproveitar a oportunidade para trocar algumas impressões com o professor, sabendo que ele era um privilegiado observador dos desabafos sobre a governação e o estado da Colónia
O Roberto conseguia transmitir-lhes as aspirações dos seus alunos, bem como as criticas que faziam ao Governador, e isso era muito importante para que o Miguel tentasse ajustar a sua governação às necessidades de quem não estava de acordo com ele, sabendo que nunca conseguiria agradar a todos
Como é natural, puxava a brasa à sua sardinha, sempre que tinha oportunidade, pedia ao Governador para incentivar a educação, porque só ela, na sua opinião, poderia fazer a diferença, quando se conseguisse estudar os terrenos, tentando utilizar culturas adaptadas aos terrenos, o que faria aumentar muito a produção
Mas, o Miguel que, não acompanhava as visões do Roberto, que via coisas, que só com a passagem de mais séculos, seriam vistas por todos, queria saber como isso seria possível
O Roberto disse-lhe que, felizmente, tinha um discípulo: o Tico, presidente da cooperativa, que já estava a fazer esses estudos, fazendo várias sementeiras contiguas, para saber as que se adaptavam melhor aquele terreno, e várias vezes ao ano, para tentar perceber a melhor altura, para cada sementeira
Os resultados estavam a chamar a atenção de quem há muitos anos trabalhava nas lavras e nunca tinha visto nada assim
Primeiro, por ser um homem a trabalhar nas lavras, segundo, porque aquelas colheitas só podiam ser obra de feitiçaria.
Continua
