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03
Abr25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

107

Quando ele regressou a casa, não resistiu a perguntar-lhe o motivo do longo “namoro”

O marido disse-lhe que o Governador era um homem muito sensível, mostrando-se muito interessado em tudo o que se passava na Colónia, tendo-lhe dado muitos parabéns por o que estava a fazer, para que as futuras mulheres e homens estivessem mais preparados para engrandecerem Angola

Todos gostaram e ficaram bem impressionados com a visita do novo Governador, mostrou-se interessado pelo funcionamento da cooperativa, do posto médico e da escola

Numa Assembleia-geral da cooperativa, o Manuel informou todos os cooperantes de que estava muito confiante no novo Governador, o facto de ser seu conselheiro, fazia com que fosse conhecendo as suas ideias e objetivos para Angola

O Rei tinha-o encarregado de tentar dar uma nova vida à Colónia, disse-lhe que teria de encontrar meios de sustentabilidade que substituíssem a escravatura  

Em 15 de Junho de 1856 o parlamento português aprovou o decreto abolindo a escravatura no distrito de Ambriz e nos territórios de Cabinda e Molembo, o que contribuiu para a resignação britânica sobre a titularidade de Ambriz.

Para fazer face aos apetites sobre Angola, por outros países, como ingleses e americanos, era preciso avançar para o interior e ocupá-la, desenvolver as pescas e a agricultura, onde a cooperativa poderia ter um papel importante

Tinham de inventar novas alfaias agrícolas, para conseguirem aumentar a produção, novas culturas e melhorar as que já faziam, todas as contribuições eram bem-vindas

O Roberto comprometeu-se a levar os seus alunos para as lavras, pedir-lhes para também se pronunciarem sobre como conseguir produzir mais e melhores alimentos

Na turma do Roberto havia gente de todas as idades: meninos, meninas, mulheres e homens, todos queriam mostrar os seus talentos, uma escola inédita, livre e aberta a todos

Para ele, todas as pessoas tinham talento, só dando-lhes oportunidades, os poderiam mostrar

Era cansativo, dar atenção a todos, mas era o que gostava de fazer, descobrir em cada um, o que o fazia correr, para a sua escola.

Continua

 

27
Mar25

O Império

cheia

O Império   -   As teias que o Império teceu

 106

Portugal foi o primeiro país europeu a expulsar os jesuítas.[1]

Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios.

— Decreto de expulsão dos Jesuítas, 1759. (D. José I  )  (Wikipedia)

O novo Governador de Angola, acompanhado do ex-Governador foi visitar a cooperativa, e gostou muito do que viu

Deu os parabéns a todos, por estarem a construir uma grande obra, que muito contribuía para melhorar a vida dos cooperantes e engrandecimento da cidade

Disse que iria transmitir tudo o que vira ao Rei, para que soubesse como as populações trabalhavam, para tornar a Colónia mais próspera

Depois de passar algum tempo a ver como funcionava a escola do Roberto, pediu-lhe para interromper a aula, para lhe agradecer o excelente trabalho, que estava a fazer

Quis saber como é que tinha conseguido tirar os miúdos da rua, fazendo com que fossem à escola, e participassem em tantas atividades, parecendo muito felizes

Roberto respondeu-lhe que os tinha convidado para mostrarem as suas habilidades e em troca ensinar-lhes-ia a ler, escrever e contar

Acrescentou que nem ele acreditava que tivesse êxito, mas apercebeu-se de que todos queriam mostrar o que sabiam fazer e também aprender a ler

O Governador prometeu mandar fazer uma escola, para que não estivessem tão expostos ao pó, à chuva e ao sol  

O Roberto agradeceu-lhe o interesse pelo bem-estar daquelas crianças, que estavam tão interessadas em aprender, estava a pensar levá-los para as lavras, com o objetivo de saberem quanto as suas mães trabalhavam, para arrancarem da terra o seu sustento

O Governador, depois daquela confissão, ficou, ainda, mais impressionado com os métodos e entusiasmo daquele professor

Vendo que aquele era um professor diferente, continuou a ouvi-lo sobre os seus projetos, sempre com muito interesse, o que fez com que a conversa se tivesse prolongado por mais de uma hora

A Marina ficou, no posto médico, a falar com o pai, já estavam intrigados com tanta conversa entre o Roberto e o Governador, tendo ela questionado: “ que raio têm eles tanto que falar?”

Por fim despediram-se, o Roberto continuou com a aula. O Governador, quando chegou perto do ex-governador e da filha, disse-lhes: “ nunca vi uma pessoa que gostasse tando do que faz como o seu marido”

“Sim! O Roberto adora o convívio com os miúdos”

 

Continua

 

 

25
Jan24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

45

Em Luanda, os cativos ficavam em grandes barracões esperando o embarque, quando os navios demoravam para transportar a “carga”

Os Jesuítas, que possuíam numerosos escravos em Luanda, tinham um importante papel durante essa estadia, catequizando as almas

Antes de embarcar, todos os escravos eram batizados com nomes bíblicos, recebendo a nova alcunha por escrito, num papel

Eram orientados a esquecer os costumes da sua terra e a serem felizes na nova fé

Desde que regressara do Brasil, que o Januário tinha notado que a filha, a Leopoldina, tinha muita intimidade com um rapaz, que a acompanhava nos trabalhos do campo, o que não era habitual, por que raramente os homens trabalhavam nas lavras

Achava que não deveria fazer perguntas, mais tarde ou mais cedo perceberia o que se passava, ou alguém o informaria do que se passava entre os dois pombinhos

Poucos dias depois, a Rosinha perguntou ao marido, o que é que achava daquele novo associado

Respondeu-lhe que parecia bom rapaz, bom trabalhador e muito interessado na Leopoldina

A Rosinha riu-se e disse-lhe que o Jeremias gostava tanto dela, que tinha aceitado trabalhar ao lado dela, coisa que raramente os homens faziam

O amor é capaz de levar as pessoas a fazerem grandes transformações, move montanhas, tira pedras do caminho e estende rios de carinho

O Januário disse à Rosinha que o seu maior desejo era que o Jeremias gostasse tanto da Leopoldina, como ele gostava da Rosinha

A Rosinha respondeu-lhe que também ela gostava muito do Januário, que o amor entre eles era um exemplo para todos

Acrescentando que esperava que a Leopoldina e o Roberto seguissem o exemplo deles

Finalmente, toda a família estava muito feliz, desde o regresso do Januário, que se notava, que o facto de estar definitivamente afastada do negócio da escravatura, que a família estava unida, não querendo voltar a colaborar, com quer que fosse, que apoiasse a escravatura

Pelo contrário, queriam lutar contra a barbárie de comercializarem seres humanos, como se fossem animais irracionais

Toda a família estava muito revoltada com os horrores, que os seus três familiares tinham sofrido, como escravos

Queriam evitar que outros sofressem o mesmo. Mas era tão difícil dizer, em público, que não concordavam com a escravatura, porque poderiam ser presos ou mortos

Até os Jesuítas a praticavam, portanto, o melhor era não se meterem em aventuras, que lhes poderiam custar a vida, sem conseguirem ajudar ninguém.

Continua

 

 

28
Set23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

28

 

Frei Luís Brandão escreveu a um jesuíta, que questionou a legalidade da escravatura dos nativos angolanos: ” Estamos aqui há quarenta anos e tem havido muitos homens instruídos aqui e na colónia do Brasil que nunca consideraram o comércio ilícito."

Acrescentando que apenas um pequeno número de nativos teria sido escravizado

Angola terá exportado 10.000 escravos por ano

Mesmo que nem todos tenham aderido ao pedido do governador, para que fugissem para o Forte de Massangano, este não conseguiu albergar a multidão, muitos ficaram fora do Forte, ocupando o espaço à sua volta

O Januário, o irmão e outros foram incumbidos de organizarem e ajudarem na defesa do Forte, a pedido Governador

Às mulheres pediu-lhes que se dedicassem às lavras, para que pudessem alimentar toda aquela gente

A Rosinha disse-lhe que tinha trazido algumas sementes, que iria semear, para obter mais sementes e, assim, conseguirem produzir quanto fosse possível

De seguida pediu à Miquelina que a ajudasse na organização de uma reunião com todas as mulheres, para distribuírem as tarefas, de modo a que todas participassem e se sentissem mobilizadas para a nobre missão de alimentar tantas bocas

Tinham de formar equipas, trabalhar por turnos, escolher as que ficariam encarregues de tratar das crianças, não lhe faltavam tarefas

A cultura do amendoim tinha de ser guardada, todo o dia, assim que o amendoim estivesse quase formado, para que os macacos não se antecipassem a colhê-los

Muita gente, em pouco espaço cria, sempre, atrito, que foi atenuado por terem de estar unidos contra a ocupação dos holandeses

Um ano antes da ocupação de Lunda, pelos holandeses, o Forte de Massangano tinha  sido  atacado pelas forças da rainha Nzinga, sendo as suas duas irmãs, Cambu e Fungi, feitas prisioneiras, a última das quais foi executada em agosto de 1641

Com a ocupação de Luanda pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, Massangano passou a funcionar como capital de Angola

Devido à sua posição estratégica, perto da confluência de dois rios, torna-se a povoação mais importante do interior, centro do comércio e das operações militares, que se faziam na Jamba, Dong, Libolo.

 

Continua

 

 

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