O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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Em Luanda, todos estavam muito preocupados por não saberem nada do Januário, a Leopoldina e o Roberto bem viam a tristeza em que a mãe vivia
A ocupação na agricultura e o sucesso do seu novo projeto faziam com que por momentos esquecesse a ausência do marido
Também os filhos faziam de tudo para que a mãe não estivesse, sempre, a falar no regresso do pai, incentivando-a a produzir mais, associando-se a mais mulheres, para conseguirem abastecer a cidade
O que faria com que conseguissem viver só da agricultura e deixassem de vez o negócio da escravatura
Cada vez havia mais senhoras a quererem associar-se à Rosinha, não só por ela ser uma boa gestora, mas por cumprir com a sua palavra, pagando um preço justo e a tempo
Ela e a Miquelina geriam uma associação de muitas mulheres, que cultivavam vários alimentos, indispensáveis ao sustento da população da cidade de Luanda
Até o Governador, Salvador de Sá, pediu ao Ezequiel que transmitisse a sua admiração e gratidão à sua esposa, cunhada e restantes mulheres, pelo seu excelente trabalho e grande contributo para o desenvolvimento da agricultura, fazendo com que tivesse feito melhorar a vida das famílias das senhoras da associação das agricultoras
No Brasil, o Januário, quando já tinha perdido as esperanças de encontrar os familiares, um dos guias convenceu-o a visitarem mais umas fazendas, numa delas, o fazendeiro disse-lhe que tinha uma vaga ideia de terem trabalhado, na sua fazenda, os três escravos, que procurava
Mas, como não conhecia todos os escravos, que trabalhavam para ele, o melhor era irem falar com o que, ainda, estava vivo, para confirmarem se eram os que ele procurava
Eram mais de 2.000 escravos, que trabalhavam naquela fazenda. O que fez com que fossem precisos muitos dias em conversações, com muitos deles, para tentar encontrar os familiares da Rosinha
O Januário não fazia a mínima ideia das condições em que os escravos viviam e trabalhavam naqueles engenhos de açúcar, antes de chegar ao Brasil
Quis fazer algumas perguntas aos escravos, sobre as condições de trabalho, alimentação e descanso, mas os capatazes que os fazendeiros, em todas as fazendas, mandaram que o acompanhasse, nunca permitiram que o fizesse.
Continua