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20
Jan22

Pais (4)

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Pais (4)

 

 

Tanto a Maria como o Francisco, com o passar dos anos, progrediram nas suas carreiras, assumindo cargos, que lhes exigiam mais disponibilidade e mais tempo, o que fazia com que não pudessem dar aos filhos a atenção que eles mereciam e que eles lhes queriam dar

Ainda pensaram contratar uma empregada para tomar conta deles, enquanto não chegavam do trabalho, mas resolveram não o fazer, porque no seu entender as instituições têm de dar possibilidades aos pais de serem pais

Enquanto for necessário leva-los à cresce ou à escola, um ou os dois devem poder fazê-lo, bem como jantar e tomar o pequeno-almoço com eles, deitá-los e acordá-los, porque ser pai e mãe é estar presente no dia-a-dia dos filhos, educando-os e vendo-os crescer

Educar os filhos é muito difícil, o que faz com que os filhos só compreendam, algumas exigências dos pais, quando são pais

A Maria e o Francisco já tinham definido o que fariam para educarem os filhos: não mentir, dar o exemplo, tentar ser parcial para evitar os ciúmes, confirmar o que cada um decidisse, nunca dar a ideia de que os pais se podem portar como os amigos, porque os pais nunca podem deixar de ser pais para rivalizarem com os amigos dos filhos

Um grande problema dos pais adotivos é dizerem a verdade sobre a origem dos filhos, mostrando-se inseguros, mentindo-lhes, com receio que descubram quem são os pais biológicos, fazendo com que se vierem a saber a verdade se revoltem, por lhes terem mentido

A Maria e o Francisco, assim que acharam que era altura dos filhos saberem quem eram os pais biológicos, contaram-lhes o que tinha acontecido

Num desastre de automóvel, onde seguiam os quatro, os pais falecerem e eles saíram ilesos, como já não tinham avós e as tias e os tios não tinham possibilidades de ficarem com eles, foram para uma instituição, que tomou conta deles até os terem adotado como filhos

Mas caso os pais fossem vivos, dir-lhe-iam, e caso quisessem conviver com eles, podiam

 Faze-lo

Os filhos não são propriedades dos pais, a estes cabe o papel de os criar e educar, o futuro é deles

Depois do encantamento de ser mãe e de fazer tudo o que podia, a Maria começou a dar sinais de cansaço

Muito trabalho, e nos dias em que estava de serviço nas urgências, chegava a casa sem paciência para tomar conta dos filhos

Custava-lhe não puder dar-lhes banho, acompanhar as refeições, deitá-los e acordá-los

Mas o seu corpo não o consentia, e devido à exigência da sua profissão, tinha de descansar, para continuar a desempenhar o seu trabalho com a exigência que lhe era reconhecida.

Continua

 

13
Jan22

Pais! (2)

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Continuação   (2)

 

Ele continuou a beijá-la e a acaricia-la, dizendo-lhe que poderiam adotar uma criança, que havia muitas crianças institucionalizadas, à espera de um colo de pais

 por muito boas e bem organizadas que fossem as instituições, nunca lhes poderiam dar

A solução do Francisco aliviou-lhe um pouco o sofrimento, e o facto de não a ter culpabilizado,

foi a confirmação de que tinha escolhido o companheiro certo

Os meses passavam, mas a Maria não conseguia vencer a tristeza de não poder ser mãe

O Francisco achou que estava na altura de irem visitar uma instituição, para tentarem adotar uma criança

Foram visitar uma instituição onde mais de uma centena de crianças e jovens aguardavam por uma família

Encantou-os um casal de gémeos, de três anos, gostaram tanto dos bebés, que estavam prontos para adotarem os dois

Mas queriam ter a certeza de que aqueles bebés eram os que queriam para serem os seus filhos

Assim, pediram aos responsáveis pela instituição, se poderiam levar os bebés ao fim-de-semana, nas férias, para se irem afeiçoando aos novos membros da família

Sempre que tinha um dia livre, um fim-de-semana, férias iam buscar A Inês e o Pedro, passavam o tempo a mimá-los: beijinhos, colo, jogos, iam ao jardim para experimentarem todos os obstáculos, deliciavam-se a fazerem comida e a vê-los comerem

Nem davam pelo tempo passar. Cada vez custava-lhes mais terem dos irem levar à instituição

Queriam quanto antes pintar e mobilar o quarto deles. Nas paredes e no teto queriam pintar a lua, o sol, as estrelas, flores, pássaros

Andavam tão entusiasmados e felizes a construírem o ninho, para os filhos, que pareciam os pássaros, só que estes constroem o ninho antes de terem os filhos, e eles já tinham os filhos e ainda não tinham acabado o ninho

Já não podiam passar sem eles: a casa ficava vazia, as preocupações, se estariam bem, se teriam comido, dormido, não os deixava sossegados, mesmo contatando todos os dias a pessoa que tomava conta deles

Desde o início da adoção, tinham decidido que quem escolhessem, depois de lhes ser entreguem, seria o seu filho ou filha, como escolheram um casal, seriam os seus filhos, como se fossem biológicos

Não compreendiam que alguns casais devolvessem as crianças adotadas, porque chegavam à conclusão que não era o que queriam, um procedimento inadmissível, que muito traumatizava, os que já compreendiam que tinham sido recusados, não lhes bastando terem tido o azar de se encontrarem naquelas instituições, sem o carinho dos pais

As crianças adotadas não são coisas que adquirimos e possamos devolver, como também não o fazemos com os filhos biológicos, que temos de nos contentar com o que nos calhar.

 

Continua 

 

 

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