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10
Abr25

O Império

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O Império  -   As teias que o Império teceu

108

O Manuel não se cansava de elogiar o seu sucessor, não só por ter a humildade de o consultar, pondo-o a par de tudo o que estava a implementar, para que a Colónia se conseguisse libertar das nações que a queriam abocanhar, mas também pela visão do futuro e organização

As suas quatro filhas, ainda solteiras, foram convidadas, pela Leopoldina, para ficarem à frente de igual quantidade de secções da cooperativa, para que com uma nova governança conseguissem corresponder ao pedido do novo governador, no sentido de a longo prazo tornarem a Colónia, numa exportadora de produtos alimentares e outros produtos agrícolas

À Filó, foi entregue a secção da produção, por já ter alguma experiência, tendo sido responsável pela lavra, que fornece o Governador, nos dois últimos anos que lá esteve

À Jesuína coube a tarefa de reorganizar a loja e as vendas

À Francisca pediram que coordenasse a quantidade de produtos, existências e perspetivas quanto a colheitas e quantidades

Para a contabilidade escolheram a menina Zulmira, a penúltima das seis irmãs

Com a entrada em funções destas novas cooperantes, vindas do Palácio do Governador, esperavam dar uma nova vida aquela que era a maior agremiação dos luandenses

A ida da turma do Renato, às lavrasm,  já tinha dado frutos: uma das suas alunas, filha de um artesão de estatuetas, em madeira, pediu ao pai para fazer um género de sacho, em madeira, mais prático e mais útil do que os paus até aí utilizados

A escola do Roberto continuava a dar que falar, os seus alunos estavam cada vez mais galvanizados, prontos para testarem os seus limites, sem medo nem receios, confiantes, que era o ele lhes incutia, fazendo com que acreditassem que todos tinham talento, para colocarem ao serviço dos seus semelhantes

Ao posto médico da Marina, continuavam a chegar muitas mulheres grávidas, pedindo-lhe ajuda. Ela e a Alicia já tinham feito muitos partos, ajudar as meninas e os meninos a nascer, fazia com que se sentissem realizadas, agraciadas pelos sorrisos e agradecimentos das mamãs, quanto aos bebés o melhor presente que lhes podiam dar, era o seu primeiro choro

À tarde, quando o Roberto e o filho iam ter com ela, ao posto médico, ou o encontro era em casa, os três falavam sobre o dia de trabalho, o Afonso prestava muita atenção, quando a mãe falava dos bebés, o Roberto todos os dia falava das habilidades e aventuras dos seus alunos.

 

Continua     

 

27
Mar25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

 106

Portugal foi o primeiro país europeu a expulsar os jesuítas.[1]

Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios.

— Decreto de expulsão dos Jesuítas, 1759. (D. José I  )  (Wikipedia)

O novo Governador de Angola, acompanhado do ex-Governador foi visitar a cooperativa, e gostou muito do que viu

Deu os parabéns a todos, por estarem a construir uma grande obra, que muito contribuía para melhorar a vida dos cooperantes e engrandecimento da cidade

Disse que iria transmitir tudo o que vira ao Rei, para que soubesse como as populações trabalhavam, para tornar a Colónia mais próspera

Depois de passar algum tempo a ver como funcionava a escola do Roberto, pediu-lhe para interromper a aula, para lhe agradecer o excelente trabalho, que estava a fazer

Quis saber como é que tinha conseguido tirar os miúdos da rua, fazendo com que fossem à escola, e participassem em tantas atividades, parecendo muito felizes

Roberto respondeu-lhe que os tinha convidado para mostrarem as suas habilidades e em troca ensinar-lhes-ia a ler, escrever e contar

Acrescentou que nem ele acreditava que tivesse êxito, mas apercebeu-se de que todos queriam mostrar o que sabiam fazer e também aprender a ler

O Governador prometeu mandar fazer uma escola, para que não estivessem tão expostos ao pó, à chuva e ao sol  

O Roberto agradeceu-lhe o interesse pelo bem-estar daquelas crianças, que estavam tão interessadas em aprender, estava a pensar levá-los para as lavras, com o objetivo de saberem quanto as suas mães trabalhavam, para arrancarem da terra o seu sustento

O Governador, depois daquela confissão, ficou, ainda, mais impressionado com os métodos e entusiasmo daquele professor

Vendo que aquele era um professor diferente, continuou a ouvi-lo sobre os seus projetos, sempre com muito interesse, o que fez com que a conversa se tivesse prolongado por mais de uma hora

A Marina ficou, no posto médico, a falar com o pai, já estavam intrigados com tanta conversa entre o Roberto e o Governador, tendo ela questionado: “ que raio têm eles tanto que falar?”

Por fim despediram-se, o Roberto continuou com a aula. O Governador, quando chegou perto do ex-governador e da filha, disse-lhes: “ nunca vi uma pessoa que gostasse tando do que faz como o seu marido”

“Sim! O Roberto adora o convívio com os miúdos”

 

Continua

 

 

20
Fev25

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

101

O Roberto, que já tinha um ótimo sítio para instalar a sua escola: o terreiro à volta da frondosa árvore

Tinha espaço para todos, onde podiam desenhar as letras, as frases, os algarismos, fazer as contas, pronto a apagar e voltar a usar

Queria cativar todos os miúdos, para aprenderem a ler, escrever e contar, nem que tivesse de inventar jogos, dar-lhes liberdade para utilizarem o terreiro, para as suas brincadeiras, em troca de umas horas, para o estudo

Encarregou o filho de angariar miúdos e miúdas, todos podiam brincar, para comparecerem e mostrarem as suas habilidades

Todos os dias apareciam mais e mais crianças, no terreiro, para brincarem

 Mas o Roberto foi-lhes dizendo que assim que estivessem todos, para além das brincadeiras, teriam, também, de começara a aprender a ler, escrever e contar

Passada uma semana, começou a ensinar-lhes as vogais e os algarismos, dizendo-lhes que em breve saberiam escrever os seus nomes, o nome do pai e da mãe, por aí adiante, até saberem escrever os nomes de todas as coisas, bem como fazer contas

Todos estavam tão entusiasmados que se esqueceram das brincadeiras, queriam era aprender, ficavam muito contes, quando conseguiam fazer as letras iguais às do Roberto

Aproveitou o interesse deles, em mostrarem que já sabiam escrever os seus nomes, para lhes dizer que dali em diante, a quem não comparecesse às aulas, seria marcada falta, o que originava a perda de algumas regalias, entre outras, poderiam não ser autorizados a participar nos jogos

Queria incutir-lhes regras, disciplina, valores, para que crescessem, sabendo que nem tudo é permitido, que para viverem em harmonia, uns com os outros é preciso que se respeitem, que pratiquem normas de boa convivência, de amizade e boa vizinhança

Continuaram com a mesma assiduidade, principalmente os rapazes, já as raparigas, por vezes, eram mobilizadas, pelas mães, para ajudarem nas lavras, em casa, tomar conta dos irmãos

Eram elas, no futuro, que iriam ter filhos, que seriam responsáveis pela sua criação, alimentação, fazendo que tivessem de tirar da terra o seu sustento, semeando, plantando, guardando as sementeiras de amendoim, para que os macacos não lhos roubassem

Uma vida muito dura, para todos, mas muito mais, para as mulheres, porque são elas as mais preocupadas com os filhos.

Continua.

 

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