O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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A assembleia geral da cooperativa foi muito participada, pela primeira vez os novos sócios, quase todos jovens, estavam em maioria. Os que estavam a par do fenómeno, em que se tinham tornado as aulas do Roberto, sabiam do contentamento dos jovens sobre as aulas e a vontade de serem sócios da cooperativa
A escola do Roberto não tinha portas nem janelas, tanto podiam decorrer a uma sombra, como numa praia, ou numa lavra, o que todos procuravam era soluções, para as questões, que o Roberto lhes colocava
Responder às necessidades diárias, a começar pela alimentação, um abrigo para pernoitar, o resto só viria, quando estivesse assegurado o essencial
Alguns idosos não compreendiam toda aquela excitação dos jovens, já diziam que o Roberto tinha poderes de feiticeiro
Fosse como fosse, com ou sem poderes de feiticeiro, o que estava à vista de todos, é que ele estava a fazer com que os jovens, principalmente os rapazes, cortassem com os hábitos antigos, o que não agradava aos Sobas
Os que seguiam o Roberto sentiam-se valorizados, aprendiam a fazer coisas úteis, essenciais à vida, o que fazia com que a sociedade os apoiasse e admirasse
Naquela escola não se obtinham provas de conhecimento, cada um tinha de demonstrar o que sabia, pondo-o em prática
O Roberto não lhes ensinava soluções, apenas lhes apresentava questões que, muitas vezes, eram resolvidas com muita colaboração, muito tempo, muitas experiências, até conseguirem encontrar um resultado positivo, isto é produtivo
Como o principal objetivo era a produção de alimentos, conseguir que todos tivessem qualquer coisa, para comerem, todos os dias, quase todos queriam participar e tentar inovar, deixar uma marca, daí o grande empenho em todas as experiências
Tanto o Roberto, como os mais idosos tentavam travar o entusiasmo dos jovens de que todas as sementeiras corriam bem, lembrando-lhes de que a agricultura é influenciada por muitos fatores: a qualidade do terreno: se é apropriado para aquela cultura, as condições atmosféricas, as pragas de insetos, que devoram as culturas em pouco tempo, os animais, que também podem estragar tudo em menos de um fósforo
Os jovens diziam-se cientes das dificuldades na agricultura, mas muito contentes por conseguirem produzir alimentos, vendo as sementes germinarem, crescerem, sendo as colheitas a maior magia, principalmente nos produtos, que crescem debaixo da terra, cujo resultado só se vê, quando se destapam e colhem.
Continua
