O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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O novo governador, o Miguel, passou a ir, quase todos os dias, à cooperativa, cumprimentava todos, e por fim, demorava-se a falar com a Zulmira
Ao fim de alguns dias, já todos tinham percebido que a andava a catrapiscar
Passadas uma semanas pediu-lhe namoro, como fazem, quase sempre, as mulheres, mesmo que estejam desejando dizer sim, disse-lhe que ia pensar no assunto, porque não ficava bem aceitar imediatamente
Sabia que o assunto já andava na boca de todos, porque os olhares comprometedores entre ambos não deixavam dúvidas. Assim, para que acabassem as conversas à boca fechada, informou o pai e as irmãs de que o Miguel lhe tinha pedido namoro
Todos queriam saber a sua decisão, informou-os de que ainda não tinha aceitado, tendo pedido algum tempo, para decidir
A nova organização da cooperativa estava a agradar aos cooperantes, todos esperavam que, em breve, se começassem a ver os resultados da dedicação de todos
O Manuel, que muito admirava o Miguel, não cabia em si de felicidade, ao saber que o poderia ter como genro. A Zulmira bem leu, nos olhos dele, a alegria, que lhe causou a notícia do seu futuro namorado
Metade das filhas tinham encontrado companheiro, para outra metade, não faltariam pretendentes, tinham deixado o palácio, que era quase como que um convento, para irem para a montra da cooperativa, dando-lhes mais notoriedade
A Zulmira, depois da emoção do pedido de namoro, que lhe encheu o coração de esperança de um dia ter uma bonita família, começou a interrogar o futuro, caso viessem a casar
Começou, mentalmente, a formular as perguntas, que teria de lhe fazer, antes de aceitar o seu pedido, uma das coisas que queria saber era se ele respeitaria a sua liberdade, as suas escolhas, ou se, pelo contrário, lhe imporia que fizesse o que ele queria
Não queria deixar de fazer o que tanto a realizava, continuar a fazer a contabilidade da cooperativa, colaborar com todos os cooperantes, para que todos tivessem uma vida melhor
Nesse sentido, poderia ser um grande aliado, se estivesse verdadeiramente interessado em melhorar a vida dos povos de Angola
O que não admitia era ser um adorno, ficar encafuada, de novo, no palácio do Governador, esse castigo já ela tinha cumprido
O Miguel tinha de dizer se aceitava ou não as suas condições, para iniciarem um namoro, que fosse esclarecedor das posições de ambos, para que a união pudesse dar certo.
Continua