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13
Mar25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

104

“ Em 20 de Dezembro de 1841, a Grã-Bretanha assinou um tratado com a Áustria, Prússia, Rússia e França, sobre a proibição do tráfico de escravos que estabeleceu certos princípios tais como o direito de visita recíproco e a qualificação do tráfico como crime de pirataria que Portugal sempre se recusou aceitar sem que houvesse uma convenção internacional sobre a matéria. Estas circunstâncias, juntamente com a elaboração do acordo comercial com os EUA (1840), permitiram a reabertura de negociações com o Reino Unido sobre as questões do comércio e do tráfico de escravos que levaram à assinatura do acordo de Julho de 1842.

O novo convénio incluía a cláusula da nação mais favorecida e baseava-se nos princípios da liberdade do comércio e da reciprocidade, não incluindo quaisquer privilégios especiais, a não ser a possibilidade de, no caso do regime constitucional poder ser suspenso por qualquer comoção pública, o foro especial para os cidadãos britânicos poder ser temporariamente restabelecido. No tocante à questão da escravatura, este acordo qualifica o tráfico como crime de pirataria, sendo admitido reciprocamente o direito de visita aos navios suspeitos e criando-se comissões mistas para julgar das presas feitas, razão pela qual alguns funcionários britânicos estabeleceram residência em Luanda. Por um memorando trocado entre as duas partes, ficou assente que o bill de Palmerston seria declarado nulo na data da troca de ratificação do tratado.

Em 1846 a Grã-Bretanha começa a contestar a soberania portuguesa em diversas regiões da Costa Ocidental de África, com destaque para Cabinda e Ambriz. Um dos objectivos prioritários da política britânica era garantir que a costa africana se mantivesse, tanto quanto possível, aberta ao comércio britânico.

As fontes documentais reportam acerca das diversas diligências junto das autoridades britânicas, que o Enviado português em Londres, o Conde de Lavradio, efectuou defendendo os direitos de Portugal, encontrando porém enorme resistência.

O Protocolo assinado em 1847, foi novamente prorrogado em 1850. Durante a sua vigência os navios britânicos frequentes vezes praticaram abusos que deram origem a repetidas reclamações portuguesas, mas que não foram satisfeitas.”

 

Entretanto, o Manuel foi substituído, saiu do palácio, ainda com quatro filhas por casar, a sua ambição era deixá-las casada, para que quando partisse, fosse mais descansado

O substituto era um homem de meia-idade, muito enérgico e ambicioso, pediu ao Manuel, para que fosse seu conselheiro, tinha sido incumbido, pelo Rei, de dar um novo rumo à Colónia, justificado pelo acordo assinado com o Reino Unido, no qual a escravatura era classificada como crime de pirataria

Assim, Angola tinha de se dedicar a outros negócios, aumentar a produção agrícola, as pescas, extração de minérios, tudo o que fosse possível, para substituir o grande negócio da escravatura, que estava prestes a ser abolida.

Continua

 

 

26
Jan23

A sedutora

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Lisboa! A sedutora

14

O irmão da patroa, com saudades da irmã, também foi seduzido pela bonita Lisboa

Trabalhava nas Finanças de Tondela, concorreu para o Ministério das Finanças, em Lisboa, onde foi colocado

Os ordenados eram muito baixos, uns escudos extras davam muito jeito, o facto de haver muito trabalho fez com que o irmão da patroa, depois cumprir o horário de trabalho, no Ministério das Finanças, fosse fazer tapetes, quem também já fazia tapetes era a esposa do caixeiro-viajante, que vendia as peças para os tapetes, mas em casa dela

Deixou o lugar de frutas e hortaliças para poder estudar, mas não se decidia a procurar uma escola para saber se ainda se lembrava do que tinha aprendido nos quatro anos da escola primária

Estava como que a saborear o novo horário, o novo trabalho, a oportunidade de fazer horas extraordinárias e ganhar mais uns escudos, quase que se tinha esquecido dos estudos

 

Estava:  “ Naquele ingano d` alma ledo e cego/ Que a fortuna não deixa durar muito”

(Lusíadas, canto III, est. 120)

Mas, a prova de que o assunto o atormentava, foi o cunhado do patrão, numa tarde, mal entrou, dirigiu-se a ele, e como quem dispara uma arma, disse-lhe:  “andas a dizer que queres estudar. Já sabes que vais para a tropa e para o Ultramar. Queres ir como soldado ou como sargento? Basta fazeres o primeiro Ciclo Liceal, para ires como sargento.”

Aquelas palavras tiveram o efeito pretendido, foram as palavras certas no momento certo

Pegou na lista telefónica das páginas amarelas, ( o Google da altura) procurou uma escola, havia uma perto da Praça da Figueira, que preparava adultos para fazerem o exame da quarta classe

Assim que terminou o dia de trabalho, foi ver como funcionava a escola e inscreveu-se, não para fazer a quarta classe, que já tinha, mas para rever a matéria

Faltavam dois meses para terminar o ano letivo, pouco mais poderia fazer

Ia fazer 18 anos, queria fazer uma surpresa aos pais, desde que tinha vindo para Lisboa, só os tinha visitado uma vez, não conhecia o irmão e a irmã, mais novos que ele 15 e 16 anos respetivamente, apareceu de surpresa, a mãe chorava de alegria, ficaram muito felizes por se ter lembrado de os ir ver e festejar com eles os seus 18 anos, os mesmo que a mãe tinha quando ele nasceu

Estava a falar com a mãe e uma vizinha, quando esta lhe perguntou se tinha namorada, tirou do bolso as fotografias da namorada e mostrou-lhas, a vizinha disse para a mãe dele: “ esta vai ser a sua nora” e não se enganou

Da loja onde se vendia de tuto, telefonava para a namorada

As vizinhas casamenteiras, que não sabiam que ele tinha namorada, queriam casá-lo com a única rapariga casadoira do monte, que ainda estava à espera do príncipe encantado, tinha mais 3 ou 4 anos que ele

No terraço da loja, organizaram uma desfolhada, foi uma grande festa, houve milho rei e beijinhos, mas não foi ele a desencantá-la

Mais tarde apareceu o príncipe encantado e emigraram para França

    

Antes do novo ano letivo começar inscreveu-se na Escola Académica, que funcionava no Largo Conde de Barão, perto de onde trabalhava e vivia.

 

Continua

 

 

28
Abr22

A incerteza|

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Democracias versus ditaduras

 

 

Com a queda da URSS, a Europa convenceu-se de que tinha acabado o perigo de uma nova guerra, no nosso Continente

Putin está no poder há mais de duas décadas, emendou a Constituição, para se eternizar no poder

Os dirigentes europeus nunca acharam estranho! Tanto que continuaram, felizes e contentes, a assinar contratos de compra de carvão, petróleo e gás, e venda de armas à Rússia

Nunca questionaram a dependência da Europa, face à Rússia, em produtos energéticos, que são estratégicos

E, como justificam a vende de armas, mesmo depois da anexação da Crimeia?

Putin aproveitou os milhões dos produtos energéticos, que todos os dias lhe pagamos para: destabilizar a Nato, financiar a saída do Reino Unido, da UE, financia os Partidos de extrema-direita e extrema-esquerda, tudo para dividir e melhor poder reinar

Durante todos estes anos, aproveitou o muito dinheiro, das nossas generosas compras, para investir em novo e mais armamento

Agora, gaba-se que ninguém tem armas tão poderosas como ele, não sei se tem mesmo, se é para meter medo 

A 24, de Abril de 2022, quase alcançava a proeza de colocar, na presidência francesa, a extrema-direita, para tentar acabar com a UE

Foram dias de aflição, no final, a maioria dos europeus, congratulou-se com a reeleição de Macron

Mas, o assunto não ficou resolvido, Macron perdeu votos em comparação com o primeiro mandato, e ninguém sabe o que acontecerá nas futuras eleições presidências francesas

E, se continuarem por este caminho, com palavreado que não ata nem desata, que não enche barriga, em vez de ações e restruturações, que tenham consequências e melhorem as condições de vida, poderá não ser só a França a fazer tremer a Europa.

 

Continua.

 

José Silva Costa 

 

 

 

02
Fev21

Vidas (7)

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Continuação  (7)

O segundo ano letivo começou noutro Monte, noutro edifício, com outra professora, que lhes lecionou a segunda e quarta classes. O José ficou com mais tempo para ajudar os pais, nos trabalhos do campo. Tinha um balde de cinco litros, para ir regar as batatas, que o pai semeava junto ao ribeiro que ladeava a courela

João, ao contrário de outros pais, sempre disse que a Escola era o mais importante para os seus filhos, nunca tiraria os filhos da Escola para os ajustar aos latifundiários, para guardarem as bestas ou fazer quaisquer outros trabalhos, queria era que os seus filhos continuassem a estudar para além da quarta classe

Quando o filho ficou aprovado no exame da terceira classe, perguntou-lhe se gostava de ir para padre. José, que nunca o contrariava: ”disse-lhe que gostava”

De tempo a tempo repetia a mesma pergunta e a resposta era sempre a mesma. Decidiu contatar o Seminário para saber as condições de ingresso. Responderam-lhe que teria de pagar quatro mil escudos para o enxoval, o que fez com que essa hipótese não fosse viável. Mas, João nunca desistiu de procurar outras oportunidades para que os seus filhos pudessem continuar a estudar

A nova professora também estava determinada a fazer tudo o que pudesse, para que os seus alunos não ficassem atrás dos da professora oficial

Ao contrário da primeira professora, que nunca pediu aos alunos para lhe irem fazer as compras, pedia a dois alunos, de vez em quando, para irem, a São Pedro de Solis, comprar bacalhau e outros produtos. Pedia aos que moravam perto da Escola, uma vez que estes recados eram feitos depois das aulas, e os dos outros Montes ainda tinham de andar alguns quilómetros para chegarem a casa

Como nunca tinham comido bacalhau, de uma das vezes, o papel pardo, que o embrulhava, estava rasgado, aproveitaram para tirar uns bocadinhos, com muito cuidado, para que não se percebesse que tinha sido mexido, para provarem

Quando regressou das férias da Páscoa, a professora trouxe uma telefonia sem fios (TSF). Mostrou-a e ligou-a pouco antes das 13 horas, no intervalo para almoço, e disse que podiam ficar um pouco a ouvir. Estava sintonizado na Rádio Clube Português, que às 13 horas transmitia o programa dos Parodiantes de Lisboa, José fixou a piada de abertura e repetiu-a em casa, a mãe disse-lhe que se calasse, porque aquelas coisas não se diziam. Mas, o que o intrigava era de onde é que vinham aquelas vozes, se as pessoas não cabiam dentro da telefonia!

Mais tarde a professora explicou que as vozes eram transmitidas por ondas, que a antena do rádio captava. A explicação não os conseguiu convencer totalmente. Já era difícil acreditar, que por aqueles arames, presos às canecas de porcelana, que os homens andavam a esticar naqueles postos altos à beira das estradas, se pudesse falar, com outras pessoa, a que chamavam falar ao telefone, quanto mais uma caixa sem fios

Num dia de muita chuva, uma rapariga, que morava mesmo defronte da Escola, esteve toda atarde a namorar, quando entraram depois do intervalo do almoço, já eles estavam do lado de dentro da porta, mas com esta, toda aberta, para que quem passasse visse o que estavam a fazer. Quando não estava a chover, o rapaz ficava da banda de fora da porta

Quando estava quase a anoitecer, o rapaz saiu para avaliar o tempo, tinha deixado de chover, o Francisco acabava de chegar dos lados da ribeira do Vascão, que o rapaz tinha de atravessar para ir para casa, aproveitou para lhe perguntar se sabia como ia a ribeira. O Francisco disse-lhe para não se meter ao caminho, porque a ribeira leva um metro de água por cima das passadeiras

O rapaz mostrou-se preocupado, não podia dormir na casa da namorada. O Francisco ao aperceber-se da situação do rapar, disse-lhe para não se preocupar, jantava em casa dele, e tinha um palheiro onde ficar. Assim foi, no outro dia o rapaz meteu-se ao caminho

Já naquele tempo os jovens não queriam ficar nas suas terras, por não terem futuro. As raparigas estavam ali “presas” à espera que aparecesse um príncipe que as desencantasse e levasse para Lisboa, para França, Luxemburgo, Suíça, o que acontecia, quando saíam da tropa.

 

Continua

 

 

 

 

 

 

    

 

 

 

 

  

  

 

 

   

 

 

   

  

 

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

24
Out20

A cidadania

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A cidadania

A França reagiu à altura ao condecorar o professor, que foi degolado por lecionar a disciplina de cidadania

É preciso que os que defendem os valore da República: igualdade, fraternidade, liberdade

não se deixem intimidar por os que não defendem estes valores, querendo impor, a todos, os seus valores

As religiões, as ceitas, as igrejas não podem querer que a Escola Pública, ensine, apenas, os seus valores e a sua visão de cidadania

A Escola Pública tem a obrigação de ensinar, a todos, que ninguém nos pode tirar o direito de nos exprimirmos em liberdade, mesmo que alguns não gostem do modo como o fazemos

Por que razão alguns pais não querem que os filhos assistam à disciplina de cidadania?

Será que não querem que, aos seus filhos, seja ensinado que todos somos iguais perante a lei, sejamos brancos, verdes, azuis, vermelhos, pretos, ciganos, alentejanos ………….!

Antes da implantação da República é que os estudantes, que quisessem ir para a Universidade, tinham de assinar uma declaração em como eram católicos

Foi para que todos tivessem direito à educação, à liberdade………, que os republicanos se bateram, morreram, e não foi só aquando da implantação, nos anos seguintes, alguns morreram, porque não tinham emprego, e recusavam-se a viver à mesa do Orçamento, contra o que tinham lutado, acabando por morrerem de fome, na miséria

Aqui, bem perto de mim, há uma Escola, quase centenária que, foi Primária, atualmente Jardim de Infância, tem na fachada, em letras grandes: Escola Pública

Só com a criação da Escola Pública, todos passaram a ter direito à educação, mas levou quase meio século até que chegasse a todos

Antes, só tinha acesso à educação os que, a administravam, quisessem

Também não existia o Registo Civil, eram os padres que, nos Batismos, elaboravam o registo de nascimento.  

 

José Silva Costa

 

 

 

  

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