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16
Nov23

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

35

 

Entretanto, a Miquelina já tinha dado à luz o Zacarias. O parto tinha corrido bem, dando muita alegria a toda a família, depois de terem esperado, tanto tempo, para que a Miquelina engravidasse

Todos ficaram muito felizes, com a chegada de mais um membro, para a família

O Ezequiel e a Miquelina estavam felicíssimos, bem como os primos do Zacarias, a Leopoldina e o Roberto

 

Os irmãos e as esposas estava desejosos de regressarem à capital, mas estavam muito preocupados com a segurança e a tenra idade do Zacarias, que teria de ser levado às cavalitas, devido à sua tenra idade

Longos dias e noites, muitos quilómetros percorridos, foram muitos os meses, para conseguirem voltar a Luanda

Dias que não pareciam ter fim, pernas que se recusavam a andar, fazendo com que todos tivessem de acampar, para que descansassem e recuperassem, de modo a conseguirem continuar a sua grande aventura

Quando parecia que já não aguentavam mais, que nunca conseguiriam alcançar o seu objetivo, avistaram a grande cidade, o que lhes deu força, para um último esforço, fazendo com que os pés chegassem, onde já tinham os olhos

Recebidos com muita alegria, todos eram bem-vindos, porque eram precisos braços para defenderem a cidade

Estavam exaustos, descansaram durante algumas horas, só depois foram dar uma volta pela cidade

Luanda estava diferente, os holandeses tinham transformado a cidade, em tão pouco tempo, muito tinha sido mudado

A casa deles estava ocupada, como era de esperar, não sabiam onde ficar, dirigiram-se  para o palácio do Governador de Angola, onde os receberam muito bem e lhes deram todo o apoio, arranjando-lhes onde ficarem até organizarem as suas vidas

Quando o Governador soube da chegada dos dois casais, quis falar com eles, saber se queriam colaborar com ele, como tinham feito com o Governador do Forte de Massangano

Ficaram muito contentes e honrados, por terem visto reconhecido o seu trabalho, durante aqueles anos, e poderem continuar a fazê-lo, em Lunada, para reforçar a segurança da cidade

 É sempre útil estar nas boas graças de quem governa, porque quem se aquece é quem está ao pé do lume

Para o Januário foi ainda melhor, por ter intenção de lhe pedir ajuda, para a sua grande missão de libertação dos irmãos e do pai da Rosinha

O Governador concordou com a sua missão e disse-lhe que no próximo carregamento de escravos, para o Brasil, podia fazer parte da tripulação

Dizendo-lhe que era uma missão quase impossível, mas se não a iniciasse, nunca saberia se era ou não possível concretizá-la

Para ajudá-lo escreveu uma carta, dirigida ao Governador do Brasil, solicitando-lhe que desse todo apoio ao Januário, para que este conseguisse encontrar os familiares.

 

Continua.

 

 

09
Nov23

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

34

 

A vida, no Forte de Massangano, estava muito complicada, apesar de terem alimentos, água e munições, para muito tempo, não era aconselhável saírem das suas posições, para tentarem afastar os jagas, porque não sabiam o seu poderio, assim como os jagas,  também, não se aventuravam a atacar o Forte, porque podia-lhes acontecer  o mesmo que às irmãs da rainha Jinga, que foram feitas prisioneiras, e uma delas foi executada, no Forte

A esperança era que eles se cansassem e levantassem o cerco, enquanto isso não acontecesse, não podiam facilitar, nem sair das suas posições

Em Luanda, a vitória foi comemorada em grade estilo

Salvador de Sá assumiu o governo de Angola, rebatizou o Forte do Morro de Forte de São Miguel, em homenagem ao patrono da expedição brasileira

A cidade de São Paulo de Luanda, passou a chamar-se: Cidade São Paulo de Assunção de Luanda

Nos tumbeiros (porque neles morriam muitos escravos) embarcaram sete mil escravos apinhados nos porões, em direção ao Brasil

Consolidada a vitória, em Luanda, a tropa partiu para a conquistas dos rincões angolanos.

Os líderes eram três jesuítas: António do Couto, Gonçalo João e Felipe Franco

Os religiosos convenceram alguns sobas, a ajudarem-nos na travessia do país, em direção a Massangano, onde espantaram os jagas e os nativos do rei do Congo, que sitiavam os portugueses

Daí para a frente, os brasileiros venceram todas as resistências

No forte de Massangano, também, o levantamento do cerco foi muito comemorado, bem como a expulsão dos holandeses, da cidade de Luanda

Todos ficaram muito contentes por, finalmente, poderem voltar para Luanda, mesmo que  nem todos quisessem regressar à capital da colónia

Passados sete anos, (1641 a 1648) muitos já tinham refeito as suas vidas, não querendo andar sempre a mudar

Para os que queriam voltar para Luanda, tinham mais dificuldades, porque durante os sete anos que estiveram no Forte, os jagas tinham tido o apoio dos holandeses, que os armaram até aos dentes, quando abandonaram a colónia

Assim, para regressarem à capital, tinham de assegurar escoltas, que os protegessem  dos canibais da rainha Ginga

Depois de quase dois anos da libertação de Luanda, os que se tinham refugiado, no Forte, conseguiram criar uma escolta, devidamente equipada, para proteger os que quisessem voltar para Luanda.

 

Continua

 

 

 

02
Nov23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

33

Falhada a tentativa, da pequena comitiva dos brasileiros, de avisarem o comandante do Forte de Massangano, da chegada de reforços com o propósito de expulsarem os  holandeses, da cidade de Luanda, e retomarem o negócio da escravatura. O Forte continuava a resistir ao cerco, ordenado pela rainha Jinga, soberana do reino de Matamba, no leste de Angola, que comandava uma horda de guerrilheiros canibais, os jagas, habilidosos na luta com machadinhas

Jinga teve uma vida longa ( 1581 a 1663 ) era conhecida pela luxúria e perversidade

Possuía um harém de homens, dispostos a morrerem por ela, que viviam do roubo, vitimando diversas tribos

A vida no Forte estava a tornar-se muito difícil. O cerco já durava há muito tempo, e não viam maneira dos jagas se irem embora.

Não sabiam nada do que se passava na colónia, nem sequer o que se passava em Luanda, que era o que interessava mais, por ser onde os holandeses se tinham instalado

Salvador de Sá enviou três emissários para negociarem a rendição dos holandeses

Mas, estes não hastearam a bandeira branca

Colocou os seus oitocentos soldados e mais 200 marinheiros a fazerem fila na praia, para impressionar os holandeses

Na madrugada de 17 de agosto de 1648, cinco dias depois de chegar a Luanda, mandou os seus homens avançarem contra os holandeses, depois de ter destruído, os seus canhões, com a artilharia brasileira

Quando o sol raiou, 150 dos 400 brasileiros estavam mortos, do lado dos holandeses, apenas 3 mortos e 8 feridos

Mas, com os canhões destruídos, os holandeses pediram a paz

Deixaram Luanda, e os postos avançados de Cuanza e Benguela, levando na bagagem os escravos propriedade da Companhia Holandesa

Deixaram os jagas armados até aos dentes, para oferecerem resistência aos colonizadores.

 

(fonte: civilizacoesafricanas.blogs.pt)

 

Continua.

 

 

 

 

05
Out23

O Império

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O império – As teias que o Império teceu

 

29

 

Aquela boa vida, de Luanda, tinha acabado. Os bons negócios da escravatura, para as mãos dos holandeses, tinham passado

Lamentavam a falta de uma boa armada, para defender a cidade, sem saberem se, e quando a conseguiriam recuperar

Não escondendo o medo dos holandeses avançaram para o interior e conquistarem o Forte, que os abrigava

O governador não se cansava de lhes pedir para estarem atentos, não descurarem o trabalho das sentinelas, nem de noite, nem de dia, para não serem apanhados de surpresa, como tinha acontecido em Luanda

O Januário e o Ezequiel faziam parte do grupo dos conselheiros do Governador, a quem foi atribuída a organização da defesa do forte, bem como a verificação do seu cumprimento

Todos os homens, incluindo o governador, tinham de contribuir, para a segurança do Forte.

Às mulheres tinha-lhes sido pedido que se encarregassem do resto: alimentação, limpeza, tratar das crianças, produção de alimentos ……..

Lideradas pela Rosinha e a Miquelina, tinham tudo muito bem organizado

Começaram por escolher os terrenos, para as lavras, angariar todas as sementes, que conseguissem encontrar, e semeá-las o mais depressa possível

Enquanto não conseguiram o aumento da produção, que não se consegue de um dia para o outro, contaram com a produção das lavras já existentes, ao redor do Forte, mas que não chegavam, para alimentar tanta gente

Recorreram aos frutos silvestres, apanhando tudo o que estivesse maduro e se pudesse comer, à caça de animais selvagens, com armadilhas, montadas pelos mais velhos, que já não podiam participar na defesa do Forte

As mulheres participavam na caça de ratos, procurar formigas, insetos e tudo o que fosse comestível

Foram anos muito difíceis para todos os que tiveram de fugir de Luanda, e se refugiaram no Forte, com a intenção de um dia conseguirem repelir os holandeses, o que não conseguiram, porque para expulsar, os holandeses de Luanda, foi precisa uma forte armada

Os anos iam passando, os irmãos e as suas esposas desesperavam, não se resignavam com o que lhes tinha acontecido, apesar de serem reconhecidos, tanto pela população, como pelo Governador, como pessoas muito solidárias e competentes

Várias vezes o Governador os elogiou, a elas pela forma como organizaram as tarefas das mulheres, contribuindo para que nunca faltasse comida, e a eles por terem contribuído para que ao longo daqueles anos, o Forte nunca tivesse sido atacado

Mas, isso não os sossegava, queriam cumprir os seus sonhos, aquilo a que se tinham comprometido, principalmente o Januário, que queria ir ao Brasil, procurar os irmãos e o pai da Rosinha.

 

Continua

 

 

 

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