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04
Abr24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu 

54

A Rosinha e o Januário não podiam estar mais felizes, a chegada da primeira neta, a Milene, veio trazer muita alegria e felicidade, a toda a família

Os pais, a Leopoldina e o Jeremias, também, não cabiam em si de tanta felicidade e contentamento, com o aparecimento do seu primeiro rebento

Não fossem as dores que quase sempre acompanham os velhos, os últimos anos de vida poderiam ser menos penosos e muito mais valiosos

Mas, para isso, temos de aprender a viver: levar uma vida regrada, fazer uma alimentação saudável, menos alimentos processados, menos carne, mais fruta e vegetais, nada de refrigerantes, pouco álcool, fazer exercício físico

Para os avós tinha começado uma nova vida, todas as suas energias seriam para o novo membro da família, a Milene

Ser pais é maravilhoso, mas, normalmente é numa idade, ainda, jovem, com uma vida pela frente, com a responsabilidade de criar e educar aquele pequeno ser, que acabara de nascer, e que vai ser quem determina, daquele dia em diante, o que os pais terão de fazer, sendo que as suas necessidades estarão, sempre, acima das dos progenitores

Ser avós é, ainda, mais emocionante, já têm a experiência de ser pais, podem evitar alguns erros cometidos, como pais,  ninguém nasce pai, e aprende-se a sê-lo com os filhos, e como não há dois filhos iguais, a não ser que sejam gémeos, o que faz com estarão sempre a aprender, e nunca conseguirão ser pais exemplares

Como avós têm uma intimidade mais forte com os netos, do que com os filhos, parece que estão mais perto da idade deles, são coniventes com as suas aventuras, e eles olham para eles como cúmplices, e não como os seus principais educadores, que são os pais, mesmo que, também tenham obrigação de os educar, fazem-no de uma maneira mais suave e doce

É por isso que todos temos muito carinho, para com os nossos avós,

 Porque, para eles, somos as mais bonitas e perfumadas flores.

 

Continua

 

 

08
Fev24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

47

A Rosinha e o Januário estavam a viver um período de lua-de-mel. Com os filhos criados, o negócio a correr bem, os filhos e o genro pediram-lhes para irem descansar uns dias, que eles substituíam-nos no trabalho

Os pais estavam hesitantes, por um lado desejavam e agradava-lhes a ideia dos filhos, mas não queriam que se sacrificassem por eles

Os três (Leopoldina, Roberto e Jeremias) decidiram debater o assunto, para tentarem que os pais aceitassem o pedido deles

O Jeremias foi o escolhido, para os convencer, por acharem que seria mais difícil dizerem não, ao genro

Disse-lhes que os três lhes pediam que aceitassem a sua sugestão, para descansarem uns dias, porque tinham estado muito tempo separados e precisavam de uns dias só para eles

Não tiveram, como dizer não, agradeceram-lhe, dizendo-lhe que era um bom filho, que os três eram os melhores filhos do mundo

O Jeremias não cabia em si de contentamento, por os ter convencido a descansarem uns dias.

O cunhado e a mulher agradeceram-lhe o empenho. Mas a Leopoldina não deixou de lhe dizer que ele era um bom genro e um marido muito querido

A Rosinha e o Januário não sabiam o que fazer com o tempo livre, que tinham, por não irem, para o campo, trabalhar

Decidiram voltar aos sítios onde se conheceram e viveram os primeiros tempos, juntos

À noite, quando a família se reunia, aproveitavam para contarem aos filhos a sua história

Pelo meio, o Januário falava da sua grande aventura de ter ido de Lisboa ao Japão, de todas as peripécias de tão grande viagem, as razões por que não quis voltar a Lisboa, o facto deter feito a viagem com a Miquelina, sem saber que era uma mulher

Os filhos e o sobrinho ouviam-nos com muita atenção, ávidos por saberem toda as suas histórias e também as da Miquelina e do Ezequiel

O que mais os intrigava era o fato da Miquelina ter feito a primeira viagem, de Lisboa ao Japão, disfarçada de homem, sem que ninguém tivesse desconfiado

O Zacarias queria que a mãe explicasse por que razão tinha feito uma viagem como homem

A mãe explicou-lhe que na primeira viagem, o Comandante da frota não admitia mulheres a bordo

Como queria muito fazer a viagem, decidiu arriscar, tentando fazer de tudo para que não descobrissem que não era homem, acrescentando que desempenhou tão bem o papel de homem, que nem o tio Januário, com quem teve de reparar um mastro, desconfiou que não fosse um homem.

 

Continua

 

 

04
Mai23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 7

Não há palavras para descrever o que aqueles homens sentiam quando chegavam aos portos

Mas, chegar a Luanda, vindo do oriente, era, ainda, mais emocionante, era entrar no seu oceano, um mar que os viu nascer, que os ajudou a crescer e os fez marinheiros

Januário estava nervoso e ansioso, não sabia quando iria a terra, era um salto para o desconhecido, sem saber o que seria a sua vida dali em diante, ainda não tinha decidido quando abandonaria o barco, tinha pensado em o abandonar quando estivesse para sair para Lisboa

Agora que estava ali tão perto, receava não conseguir voltar ao navio, assim que pusesse pé em terra, o melhor seria preparar-se para na primeira ida a terra procurar uma nova vida

Luanda, com pouco mais de meio século, já era uma cidade muito importante, tinha pertencido ao reino do Ndongo, cujo rei tinha o título de Ngola, que deu o nome de Angola  ( A ngola, deu   Angola  )

Só depois de dez dias de atracarem, o Januário teve ordem de ir a terra, não hesitou, agarrou no que pôde esconder sob as roupas e saiu, não voltando a entrar no barco

Deu uma volta pela cidade, mas não encontrou nada que o pudesse acolher, continuou em direção à Ilha, onde andavam várias mulheres a apanhar uma espécie de búzios, muito apreciados, que já tinham servido de moeda de troca, naquela região

Todas abandonaram a atividade, exceto a mais nova, que continuou na sua azáfama

Januário aproximou-se dela e beijou-a, a rapariga ficou cheia de medo, nunca esquecera o que fizeram ao pai e aos irmãos, tinham-nos levado como escravos, nunca mais os viram

Januário estava preocupado com ela, sentia que o seu coração parecia querer saltar do corpo

Queria acalma-la, dizer-lhe que não lhe queria fazer mal, que a escolhera para mãe dos seus filhos, mas não se conseguiam fazer entender, nem pelos gestos

Com o pano, que tinha trazido do Oriente, embrulhou-a, para que não tivesse frio

Apertou-a contra o seu corpo, beijou-a, não sabia o que fazer para que acreditasse que gostava dela

O sol desapareceu instantaneamente, (em Angola o sol nasce às 6 horas e põe-se às 18 horas, instantaneamente) não podiam ver as reações do corpo um do outro, mas eles manifestavam as suas preocupações: ela chorava, o seu corpo tremia, o coração continuava a querer sair do corpo, enquanto, que ele estava muito nervoso, não a queria magoar, para ele, ela era como que uma boneca de porcelana, que não queria quebrar

Ficaram ali, sentados, toda a noite, tentou agasalha-la para que não tivesse frio, mas receava que ela tentasse fugir, por isso nenhum dormiu nada, ambos acharam que aquela noite nunca mais tinha fim, o que queriam é que o sol voltasse a aparecer, para se olharem olhos nos olhos e tentarem saber o que se passaria dali em diante.

Continua

 

20
Abr23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

5

Foi uma viagem muito longa, muito desgastante, alguns tripulantes morreram, quando chegaram a Nagasaki, a armada e os homens precisavam de descanso

A armada era composta por 4 barcos, que chegaram todos ao destino, o que foi muito bom

Mas precisavam de uma grande reparação e de mais tripulantes, que não eram fáceis de encontrar

Os portugueses não eram bem visto na cidade, porque faziam muitos filhos e propagavam o catolicismo

Por isso, os japoneses construíram a pequena ilha de Dejima, de 200 metros de comprimento por 80 de largura, que ficou pronta em 1636, para tentar afastar os portuguese da cidade, mas os portugueses não aqueceram o lugar, foram expulsos em 1639

Carregadas as mercadorias e recuperados os barcos e os homens, iniciaram o regresso

Voltaram a aportar em Macau, Malaca e Goa, para carregarem mais mercadorias

Deixaram Goa com os barcos completamente carregados, todos estavam ansiosos por voltarem a Lisboa, menos o Januário, que já tinha decidido não voltar à Pátria

Foram fustigados por ciclones e tempestades, que partiram mastros e rasgaram velas, temeram que as pequenas caravelas fossem engolidas pelo mar, foram muitos dias com medo de perderem a vida

Como diz o ditado: “depois da tempestade vem a bonança”, tiveram de aportar na Ilha de Moçambique, uma paragem que não estava programada, mas foi necessária para tentar consertar o que as tempestades tinha danificado

Foi mais de um mês de paragem, o que fez com que todos ficassem mais nervosos, com mais ansiedade, com receio de que não conseguissem voltar a ver Lisboa

Quando se fizeram, de novo, ao mar o ânimo voltou, até parecia que Lisboa estava ao voltar da esquina

O januário já fazia planos para a sua fuga, que não confidenciou com ninguém, tinha trazido alguns anzóis, fogo, a pistola, uma faca, um pano de seda, que tinha comprado em Nagasaki

Esperava conseguir camuflar tudo com os trapos de que se cobria, não podia fazer nada que pusesse em perigo a sua opção de ficar em Luanda

No último dia em que pudesse ir a terra, antes de deixarem Luanda, tinha de sair sem levantar suspeitas, procurar embrenhar-se no mato, para não voltar a ser visto, procurar um abrigo para pernoitar, tencionava arranjar uma companheira, queria ter uma grande família

Tudo planeado, mas não estava muito tranquilo quanto à sua concretização, acreditava que, se tivesse sorte, tudo correria bem.

Continua    

 

 

01
Ago22

Bem-vindo, Agosto!

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Bem-vindo, Agosto!

 

Trazes o calor e o sabor a mar

O que lhes vale são as praias para os refrescar

De regresso ao torrão Natal, depois de mais um ano, lá fora, a labutar

Onde não veem sol, nem lua: trabalho duro em casa ou na rua!

Têm estes poucos dias para beber todo o sol e ver o mar

Construíram uma casa, mas não têm tempo para estar dentro dela

Pensavam voltar quando se reformassem, mas não é fácil

Os filhos e os netos só querem vir, a Portugal, de visita

Não é tão forte a sua ligação ao país, são cidadãos de outros países

Só têm em Portugal as suas raízes

Assim,  os pais têm de se dividir entre dois ou mais países

Uns dias cá, outros lá, os restantes nas estradas da Europa, metidos em autocarros

Sem condições, agravadas pelo peso dos anos, fazem muitos quilómetros e dormem

O berço e as saudades, dos familiares, fazem-nos andar de um lado para o outro

Recordam, com alegria, os tempos em que vinham, todos, de carro

Uma aventura nem sempre com um final feliz, alguns pagam-na com a vida

É o preço a pagar por terem de sair do sítio, que os viu nascer, para procurarem uma vida melhor

Nunca nos contentámos com o nosso retângulo

Depois de conquistarmos os Algarves, lançamo-nos ao mar

Percorremos todos os mares, passámos além da tapróbana

Em meados do século passado, presos no labirinto da ditadura

Fomos, para toda a Europa, a salto

Hoje, temos um nobre passaporte

Podemos ir para quase todo o mundo

Já não somos um país só de emigrantes, também precisamos de imigrantes

Pagamos uma boa formação aos que vão desenvolver outros países

Recebemos quem quiser fazer os duros trabalhos, que não queremos

Temos falta de mão-de-obra, e quem esteja no desemprego

Temos o estatuto de povo desenvolvido!

José Siva Costa

 

  

 

 

 

 

 

 

 

18
Abr22

Papoilas!

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Primavera das papoilas

Minha Primavera florida, cheia de papoilas a incendiar o ar

Um mar vermelho onde me perco a comtemplar o seu sorriso

Para esquecer o fumo, as sirenes, os gritos, as dores, os horrores

Nos campos onde mataram as papoilas, as flores: tudo o que era encantador

Refujo-me no mar, onde não há trigais, nem papoilas, nem pessoas a sangrar 

Respiro o perfume que exala das suas profundezas, com sabor a sal

Por muito que me esforce não consigo esquecer os que semeiam o mal

Impedindo os rijos e frios campos de darem o doce, o saboroso, o desejado pão

Com que os famintos tanto sonham e, em desespero, procuram nos caixotes do lixo 

Como é que não compreendem que semear o pão é uma mui nobre missão?

O contrário de semear bombas, minas, ódio, luto, tristeza, morte, destruição

Como é diferente o coração e as mãos de quem com arte espalha os grãos de trigo

Dos que, com mãos ensanguentadas, destroem estradas, casas, homens, mulheres, crianças, corações!

Cegos de ódio, não conseguem ver, por todo o Mundo, praças inteiras a gritarem para pararem

Parem de matar, deixem as flores sonhar, os campos perfumar, e os corações gritar

O mundo precisa de respirar, não pode mais violência suportar, nem canhões escutar

Não separem as mulheres dos maridos, os pais dos filhos, tirem os dedos dos gatilhos

Vão para os jardins, mostrar a beleza e o perfume da natureza aos vossos filhos

Não percam tempo com coisas menores, abracem os vossos sonhos e voem

A vida é bela demais, devemos aproveitá-la, e nem um segundo desperdiçar

Não percam a magia de ver uma criança começar a andar, dizer a primeira palavra, e o mundo beijar

No amor há muita beleza, nós e que nem sempre a conseguimos ver

Gostava de ver, em cada coração, uma flor a florescer, como se fossem jardins a amanhecer

E fossem crescendo, brilhando, perfumando o sol até ele, no horizonte, desaparecer

Amadurecer os sonhos, prender os ventos nos dedos, abraçar todas as pessoas, sem medos.

José Silva Costa

 

 

20
Jan22

Pais (4)

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Pais (4)

 

 

Tanto a Maria como o Francisco, com o passar dos anos, progrediram nas suas carreiras, assumindo cargos, que lhes exigiam mais disponibilidade e mais tempo, o que fazia com que não pudessem dar aos filhos a atenção que eles mereciam e que eles lhes queriam dar

Ainda pensaram contratar uma empregada para tomar conta deles, enquanto não chegavam do trabalho, mas resolveram não o fazer, porque no seu entender as instituições têm de dar possibilidades aos pais de serem pais

Enquanto for necessário leva-los à cresce ou à escola, um ou os dois devem poder fazê-lo, bem como jantar e tomar o pequeno-almoço com eles, deitá-los e acordá-los, porque ser pai e mãe é estar presente no dia-a-dia dos filhos, educando-os e vendo-os crescer

Educar os filhos é muito difícil, o que faz com que os filhos só compreendam, algumas exigências dos pais, quando são pais

A Maria e o Francisco já tinham definido o que fariam para educarem os filhos: não mentir, dar o exemplo, tentar ser parcial para evitar os ciúmes, confirmar o que cada um decidisse, nunca dar a ideia de que os pais se podem portar como os amigos, porque os pais nunca podem deixar de ser pais para rivalizarem com os amigos dos filhos

Um grande problema dos pais adotivos é dizerem a verdade sobre a origem dos filhos, mostrando-se inseguros, mentindo-lhes, com receio que descubram quem são os pais biológicos, fazendo com que se vierem a saber a verdade se revoltem, por lhes terem mentido

A Maria e o Francisco, assim que acharam que era altura dos filhos saberem quem eram os pais biológicos, contaram-lhes o que tinha acontecido

Num desastre de automóvel, onde seguiam os quatro, os pais falecerem e eles saíram ilesos, como já não tinham avós e as tias e os tios não tinham possibilidades de ficarem com eles, foram para uma instituição, que tomou conta deles até os terem adotado como filhos

Mas caso os pais fossem vivos, dir-lhe-iam, e caso quisessem conviver com eles, podiam

 Faze-lo

Os filhos não são propriedades dos pais, a estes cabe o papel de os criar e educar, o futuro é deles

Depois do encantamento de ser mãe e de fazer tudo o que podia, a Maria começou a dar sinais de cansaço

Muito trabalho, e nos dias em que estava de serviço nas urgências, chegava a casa sem paciência para tomar conta dos filhos

Custava-lhe não puder dar-lhes banho, acompanhar as refeições, deitá-los e acordá-los

Mas o seu corpo não o consentia, e devido à exigência da sua profissão, tinha de descansar, para continuar a desempenhar o seu trabalho com a exigência que lhe era reconhecida.

Continua

 

03
Set20

O regresso

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Regresso às aulas

 

Algumas crianças, que andam em colégios particulares, já regressaram às aulas

Mesmo com todas as restrições, pareciam muito felizes, por voltarem a ver os amigos

Faltam os beijos e abraços, as liberdades para brincarem, como nos outros tempos

Mas a vontade de voltarem a ver as amigas e os amigos é mais forte que o nervosismo dos pais

Que querem garantias, uma palavra tão em voga, quando ninguém pode garantir seja o que for

Há pais que não conseguem vencer o medo de mandarem os filhos para a escola

Como se a vida não fosse uma grande aventura, em que o perigo está em todo o lado

Devemos ter o máximo de cuidado

Mas não podemos meter os nossos filhos em redomas de vidro

Porque mais tarde ou mais cedo eles têm de enfrentar o perigo

Portanto, o melhor é treiná-los para o que têm de saber evitar

O que não depender de nós, o melhor é, o coração ao alto, colocar

Martirizarmo-nos com antecedência não é o indicado

O melhor é aguardar pelo resultado

Que todos esperamos seja animador

Que a pouco-e-pouco consigamos vencer o medo, que nos tolda o olhar

É tão gratificante ver as crianças, à escola, voltarem.

 

José Silva Costa

 

 

 

03
Jul20

Distanciamento!

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Vidas!

 

 

Translúcido pôr-do-sol no interior de um mar ofegante

Num rasgo, num sopro, num último esforço tudo toma forma espacial

Com flamínia a soprar o fogo verde da origem

De asas no centro do vento

A sina inscrita nas linhas da minha mão

Na curvatura fértil do colo materno da terra onde

No frenesim das horas que engolem os dias

Desvendamos e rasgamos salgadas estradas invisíveis

No vazio imperfeito das suas rotações

Sondamos os astros

Não ouvimos o rio na margem da corrente

Onde gizamos as linhas do destino do sono

Quando o luar trespassa a nudez dos ossos

Sem vermos de onde sopra o vento azul

 As palavras são as veias dos sentidos

Onde arderás na combustão dos tempos

Enquanto nós nos túneis sem saída nos atropelamos

Por todo o lado

Com os corpos sustemos os desmoronamentos das cidades

Nas palavras incendidas

No deserto mar

No fundo dos remorsos

Para afugentarem o travo do tráfico droga armas vidas

Jovens mães carregam os filhos com a ajuda do brilho das estrelas

E bebem a aurora nos transportes suburbanos.

 

 

José Silva Costa

 

 

06
Mar20

Lágrimas

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Dia Internacional da Mulher

 

Tantos séculos a sofrer

Este século veio-vos ver

A voz levantar

Contra quem fez de vós terra mole

Contra tanto uso e abuso

Como se fosse tudo normal

A mulher não ser companheira

Ser humilhada para subir na carreira

Calar a vida inteira

Abrir a boca era asneira

Porque ninguém lhe daria razão

Quando o que está em cima da mesa é o pão

Uma mãe faz das tripas coração 

Esfrega, com as lágrimas, o chão

Para que o amor não seja em vão

As mulheres engolem o afrontoso

Foi durante muito tempo muito doloroso

Felizmente, neste século, alguma coisa tem mudado

O seu testemunho já não é desacreditado

Instituições e individualidades têm sentido o resultado

Em todo o Mundo, os direitos das mulheres, têm avançado

Não está tudo conquistado

Longe disso, não podem esquecer o passado

Têm de continuar, todos os dias, a lutar

As mulheres! Para conseguirem o seu lugar

Sem violência! Antes ou depois do altar

Só o amor nos devia, a todos, acompanhar.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

                

 

 

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