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19
Set24

O Império

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O Império – as teias que o Império teceu

 

79

 

A Anastácia e o Elisiário queriam aproveitar os últimos dias das férias escolares para irem ao cinema, teatro, museus, e isso faria com que dessem menos assistência nos cuidados com o Afonso, mas assim que elas acabassem, a Anastácia dedicar-se-ia de corpo e alma ao Afonso, para que o professor e os alunos voltassem aos seus trabalhos, com toda a tranquilidade, sabendo que o Afonso estava muito bem entregue à mais dedicada madrinha e ama

No regresso às aulas, tanto os colegas da Marina, como os do Roberto queriam saber como era ser mãe e pai, se tinha corrido tudo bem, como estava o bebé e quem tomava conta dele, enquanto eles estavam nas aulas

Eram os primeiros alunos africanos a frequentarem a Universidade: um casal com um filho, coisa nunca vista, e ainda por ciam eram os melhores das suas turmas

Tomar conta do Afonso, fazer a comida e a lida da casa fazia com que a Anastácia andasse muito cansada, mas muito contente e alegre por vê-los todos felizes, porque quanto mais os visse felizes, maior seria a sua

Quando regressavam da Universidade, todos tinham que fazer: Um lavava as fradas, caso a Anastácia não tivesse tido tempo de o fazer, dar-lhe banho, por a mesa, lavar a loiça, tudo feito em equipa, para que tivessem tempo, para comtemplar o Afonso, que tanto pais como padrinhos não se cansavam de mimar

Por muito trabalho que uma criança dê, as suas recompensas são, sempre, muito maiores, cada criança é o maior tesouro, que pudemos desejar

Moçambique

Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em Moçambique, limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da costa

Portugal, bem estabelecido em Goa, de onde vinham diretamente as ordens relativas a Moçambique, contava que os comerciantes, que se iam estabelecendo no interior do território formassem o substrato para uma administração efetiva. O fundamental era o controlo do comércio do ouro, nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e dos escravos. A administração colonial não conseguia sequer cobrar os impostos a esse comércio

Em 1686, o Vice-Rei português batizava, em Diu, a “ Companhia dos Mazanes”, formada por ricos comerciantes indianos, à qual eram dados privilégios no comércio entre aquele território e Moçambique. Ao abrigo desta companhia começaram a fixar-se, em Moçambique, dezenas de comerciantes indianos, as suas famílias e empregados. Apesar das boas condições entre os indinos e os governantes coloniais, a situação financeira da colónia não melhorou

Em 1752, em face da decadência da Ilha de Moçambique, o governo do Marquês de Pombal decidiu retirar a colónia africana da dependência do Vice-Rei do Estado da Índia e nomear um governador-Geral, que passou a habitar o Palácio dos Capitães-Gerais, confiscado aos Jesuítas

Só depois da visita do “Emissário Régio”, António Enes, em 1895 e dos acordos com o Transvaal para a edificação da linha férrea, o governo colonial decidiu mudar a capital da ”província” para Lourenço Marques e, com a debandada das companhias majestáticas, organizar uma administração efetiva de Moçambique, tinha a forma de “circunscrições indígenas”, cujos administradores tinham igualmente as funções de juízes. Eram coadjuvados pelos régulos, nas “regedorias” em que as circunscrições se dividiam, que eram membros da aristocracia africana ( portanto, aceites pelas populações) que aceitavam colaborar com o governo colonial; as suas principais funções eram cobrar o “imposto de palhota” e organizar a mão-de-obra para as minas do Rand e para as necessidades da administração.

 

Continua

 

 

 

29
Ago22

Os meses!

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Os meses!

Agosto está a dizer-nos adeus

O mês das férias vai de férias

Quem é que não gostava de só trabalhar um mês, por ano?

É por isso que os meses aparecem, sempre, alegres e contentes

Têm tanto tempo, para descansar, que se cansam de tanto descanso

Agosto vai levar com ele as máscaras

Uma excelente notícia!

É pena que não leve, também, o covid-19

Agosto bem o convidou, dizendo-lhe que não fazia sentido levar só as máscaras

Mas, o covid-19 disse que a companhia não lhe agradava

Além disso quer ver como lhe correrá o inverno, a sua estação preferida

Está solidário com o Putin: querem acabar com o mundo

Provar qual é o mais mortífero

O Putin tem de acionar o nuclear

Depois, é só fazer as contas e tirar a prova dos nove

Quem ganhar tem o direito de continuar a matar

Como está é que não pode ficar!

Tem de se saber, de uma vez por todas, quem manda

É muito importante provar quem é o maior bandido

Para que todos reconheçam o seu poderio

Não se pode continuar a viver neste vazio

Em que um maluco acha que pode fazer tudo o que quer

E, o resto do mundo fica a tremer

E, as Nações Unidas o que é que têm a dizer!

É preciso alterar as suas competências e o se poder

Grandes e pequenos, à maioria, terão de obedecer.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

15
Ago22

Feriado!

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Feriado!

Feriado 15 de Agosto, para muitos a última etapa das férias

Para muitas grávidas a esperança de que o fim do mês das férias traga alguma normalidade aos hospitais

Tem sido um mês de muitos constrangimentos nos hospitais, com a falta de médicos

De incêndios violentos, que têm dado muito trabalho aos bombeiros

Tantos prejuízos, não só financeiros, também na biodiversidade

Tanta flora queimada, depois de tantos anos de vida, destruída da noite para o dia

A ciência está muito desenvolvida, mas contra as calamidades naturais, pouco pode fazer

A não ser assistir, todos os anos, a muita destruição provocada por incêndios, vulcões, tornados, inundações, terramotos ………..

Resta continuar a inovar para tentar reduzir as consequências das calamidades

A humanidade está constantemente a ser confrontada com novos desafios

Atualmente, as alterações climáticas são o maior desafio, para além das pandemias, que podem virar tudo do avesso

Segundo os técnicos, o custo da transição energética à escala mundial representa cerca de um quarto do PIB mundial a investir todos os anos nos próximos dez anos

As alterações climáticas começam em cada um de nós, se não aderirmos, se não tivermos consciência do que está em causa, por mais milhões que sejam gastos, nuca terão o efeito desejado

Infelizmente, esta guerra veio-nos chamar a atenção para os erros que estamos a cometer na utilização dos recursos naturais, esbanjando-os como se caíssem do céu, sem parar

Fomos na cantilena do consumismo: “ compre, utilize e deite fora” 

Agora, temos de reaprender a reverter esta situação, ainda que nem todos estejam de acordo

com o custo que implica a mudança de consumo e  de hábitos

Temos de pensar, desde já, como vamos, neste inverno, poupar gás, eletricidade, água …..

Os contratos de água com consumos mínimos deverão acabar e deverão ser premiados os consumidores que menos água gastarem

Vamos ter de reciclar a água que, sai das estações de tratamento e resíduos sólidos, em vez de a atirarmos ao mar.

 

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

    

 

 

 

 

01
Ago22

Bem-vindo, Agosto!

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Bem-vindo, Agosto!

 

Trazes o calor e o sabor a mar

O que lhes vale são as praias para os refrescar

De regresso ao torrão Natal, depois de mais um ano, lá fora, a labutar

Onde não veem sol, nem lua: trabalho duro em casa ou na rua!

Têm estes poucos dias para beber todo o sol e ver o mar

Construíram uma casa, mas não têm tempo para estar dentro dela

Pensavam voltar quando se reformassem, mas não é fácil

Os filhos e os netos só querem vir, a Portugal, de visita

Não é tão forte a sua ligação ao país, são cidadãos de outros países

Só têm em Portugal as suas raízes

Assim,  os pais têm de se dividir entre dois ou mais países

Uns dias cá, outros lá, os restantes nas estradas da Europa, metidos em autocarros

Sem condições, agravadas pelo peso dos anos, fazem muitos quilómetros e dormem

O berço e as saudades, dos familiares, fazem-nos andar de um lado para o outro

Recordam, com alegria, os tempos em que vinham, todos, de carro

Uma aventura nem sempre com um final feliz, alguns pagam-na com a vida

É o preço a pagar por terem de sair do sítio, que os viu nascer, para procurarem uma vida melhor

Nunca nos contentámos com o nosso retângulo

Depois de conquistarmos os Algarves, lançamo-nos ao mar

Percorremos todos os mares, passámos além da tapróbana

Em meados do século passado, presos no labirinto da ditadura

Fomos, para toda a Europa, a salto

Hoje, temos um nobre passaporte

Podemos ir para quase todo o mundo

Já não somos um país só de emigrantes, também precisamos de imigrantes

Pagamos uma boa formação aos que vão desenvolver outros países

Recebemos quem quiser fazer os duros trabalhos, que não queremos

Temos falta de mão-de-obra, e quem esteja no desemprego

Temos o estatuto de povo desenvolvido!

José Siva Costa

 

  

 

 

 

 

 

 

 

07
Abr22

Roubar!

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Roubar

 

Roubam azeitonas, pinhas, cortiça, automóveis, cobre e tudo o que conseguem vender

Se ninguém comprasse produtos roubados, haveria menos roubos

Olhos que veem, mãos que pilham

A opinião pública, infelizmente, tolera o roubo

Não condenamos veemente quem rouba

Não condenamos veemente quem compra coisas roubadas

Muitos colaboram com os gatunos, comprando-lhes o que roubam

Durante muitos anos, o roubo do cobre foi um grande problema, não só pelo valor do roubo, como pelos incómodos causados

Desde que os compradores de ferro velho foram obrigados a pagarem todas as compras em cheque e com a apresentação do cartão de contribuinte do vendedor, parece que os roubos diminuíram, ou foi o cobre que diminuiu!

Ultimamente têm sido os catalisadores dos tubos de escape dos automóveis e os contadores do gás, por serem fabricados com materiais valiosos

Há dias, na Amadora, o roubo de um contador de gás, provocou uma explosão, que fez com que um bombeiro ficasse ferido, e a destruição do prédio e de carros

Recentemente, na Galiza, concelho de Cascais, o roubo de contadores de gás fez com que ficassem duas pessoas feridas e os prédios tivessem de ser evacuados

O gás natural, antes da crise energética e da invasão da Ucrânia, pela Rússia, parecia ser a galinha dos ovos de oiro, fazendo com que as novas urbanizações tenham de ter instalação, para gás natural

Em vez da utilização do gás natural, acho que devem obrigar a colocar painéis fotovoltaicos, em todos os telhados, nem que tenham de ser subsidiados, para nos vermos livres das explosões e contribuirmos para um planeta sustentável

Em 2008 troquei o gás pelo solar, para o aquecimento de água, com uma resistência elétrica, para quando o sol está de férias

Comprámos uma placa de indução, para cozinharmos e acabámos com o gás

Em 2011, pedimos um empréstimo de 22 mil euros, a dez anos, que com os juros ficou em 24 mil, para a colocação de 18 painéis fotovoltaicos

Nós pagámos o empréstimo em 10 anos. Mas, o sol precisou de 11 anos, para o pagar

Se podemos produzir eletricidade, não importemos gás, nem petróleo!

José Silva Costa

 

 

 

 

 

07
Fev22

Pais (9)

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País (9)

Depois de ouvirem, com toda a atenção, os pais, tanto a Inês, como o Pedro perguntaram-lhes o que se podia fazer, para inverter a situação

Os pais disseram-lhes que pouco se podia fazer, porque os portugueses, para além de serem aventureiros, procuravam fazer fortuna fácil, viver de expedientes, não se importando de entregarem as suas poupanças a quem lhes prometesse melhor taxa de juro, sem quererem saber como o dinheiro era aplicado, para render o dobro do que era normal, convivem bem com as desigualdades, a corrupção, a cunha, não tendo brio no cumprimento das suas obrigações, vangloriando-se de não pagarem os impostos

Mas, se queriam fazer alguma coisa para inverter a situação, primeiro tinham de dar o exemplo, não fazendo nada que, moralmente, fosse condenável

Depois, tinham de se aplicar nos estudos, para poderem colocar os seus conhecimentos ao serviço do desenvolvimento do país, com a condição de que beneficiasse os mais desfavorecidos

Chamaram-lhes, mais uma vez, a atenção para as grandes desigualdades entre as cidades e o campo

Nas cidades, a maior parte dos habitantes têm emprego certo, férias, viajam pelo país e estrangeiro, ainda que alguns aproveitem as férias para fazerem outros trabalhos, porque os ordenados não chegam para as despesas, e outros, sem emprego, vivem da caridade

Nos campos, muitos não têm férias, não viajam, num país com muitas praias, nunca foram à praia, nem nunca puseram um pé num avião ou num barco

A luta por melhores condições de vida, de quem trabalha por conta de outrem, tem sido longa e dura

Primeiro foi a conquista das oito horas diárias de trabalho (48 horas por semana)

Depois a obtenção da semana à inglesa, de segunda a sexta, 40 horas, ao sábado, das 9 às 13 (44 horas)

A seguir a semana à americana (descanso ao sábado e domingo)

Alguns, já conseguiram 7 horas diárias (35 horas semanais)

Fala-se na semana de 4 dias, o que é muito bom, porque precisamos de tempo, para viver, e é possível, porque com as novas tecnologias, somos muito mais produtivos

A Ana e o Francisco disseram-lhes que o país, só depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, se tornou num país democrático e, só com a Constituição de 1976, as mulheres obtiveram o direito a votarem, nem mesmo com a implantação da República, em 1910, o tinham conseguido

Um país com muitos analfabetos, em que só uma minoria tinha direito à instrução

Com o fim da segunda guerra mundial, os Governantes, viram-se obrigados a criarem escolas, em todo o país

Como não tinham nem professores nem escolas, decidiram criar postos escolares, até em casas particulares, e formaram professoras regentes, que tinham menos estudos que as professoras oficiais

Muitos pais não queriam mandar os filhos à escola, porque contavam com o trabalho dos filhos mais velhos, para ajudarem a criar os mais novos

Os casais tinham muitos filhos, as raparigas eram as mais sacrificadas, começavam com poucos anos a ajudarem as mães

Às que mostravam interesse em ir para a escola, era- lhes dito que as mulheres não precisavam de saber ler, nem escrever, tinham era de aprender a fazer a lida da casa

A Inês e o Pedro estavam horrorizados com o que os pais lhes tinham revelado, e disseram: “ ainda bem que nascemos quando já não havia essas desigualdades entre homens e mulheres!”

Continua

 

 

03
Fev22

Pais (8)

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Pais (8)

A todos prometeram que voltariam em breve, com mais tempo, talvez nas férias do Natal, ou nas férias grandes, no verão

A Ana, o Francisco e os filhos ficaram muito felizes, por terem encontrado a família que ainda não conheciam

Os tios e os primos também ficaram contentes por verem os sobrinhos e os primos muito felizes com os pais adotivos

A Inês e o Pedro não compreendiam a razão por que os primos não andavam na escola, como eles

Os pais explicaram-lhes que muitas crianças, cujos pais não tinham possibilidades para que continuassem a estudar, só faziam os estudos obrigatórios, que eram a quarta classe

Na terra dos avós adotivos, já tinham reparado que a vida no campo era muito diferente da da cidade

Mas como eles já não tinham animais para tratarem, apenas tinham umas hortaliças nas hortas, e eles passavam a maior parte do tempo a brincar com os amigos, que viviam no estrangeiro, nunca se tinham apercebido da real dureza da vida no campo

Na terra dos pais biológicos, em contato com os tios e os primos, é que viram como eles chegavam exausto e sujos, depois de um longo dia de trabalho, no campo, tendo, ainda de  tratar dos animais, que estavam presos!

Começaram a dar mais atenção ao que se passava no campo e na cidade, não compreendendo a razão por que é que os trabalhadores do campo não eram valorizados, mesmo trabalhando mais horas e fazendo trabalhos mais duros

A Ana e o Francisco disseram-lhes que as desigualdades eram as grandes responsáveis pela desertificação do interior, todos queriam ir para as grandes cidades, onde os trabalhos eram mais leves, trabalhavam menos horas e tinham um ordenado certo no fim do mês, sabiam com o que poderiam contar

No campo tinham muito trabalho na preparação da terra, nas sementeiras, não sabendo o que colheriam, porque uma intempere podia estragar tudo

Com o início da guerra colonial, os rapazes que voltavam da guerra, já não queriam voltar para as suas terras

Os que não conseguiam emprego nas grandes cidades, começaram a emigrar

Dizendo-lhes que eram os filhos desses emigrantes, que brincavam com eles, na terra dos avós, quando iam para lá passar as férias de verão.

 

Continua.

 

 

31
Jan22

Pais (7)

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Pais (7)

Acabado o mês de agosto, voltam à rotina: os pais regressam aos seus trabalhos e os filhos aos seus estudos

Os bailaricos e os namoricos ficavam para o próximo ano. Mas os amigos, da Inês e do Pedro, sabendo que eles tinham sido adotados, questionaram-nos se sabiam alguma coisa da sua família biológica

Responderam que os seus pais tinham morrido num acidente de viação, quanto ao resto da família não sabiam de nada

Poucos dias depois de regressarem de férias, disseram aos pais que gostavam de saber que família é que tinham dos pais biológicos

A Ana e o Francisco disseram-lhes que faziam muito bem em se interessarem pela família biológica, e assim que pudessem, iriam à terra da mãe e do pai, para saberem que familiares é que tinham

Quando tiveram o primeiro fim-de-semana livre, rumaram ao Norte, para a aldeia dos pais biológicos

Tinham dois tios por parte da mãe e uma tia e um tio por parte do pai   

Trabalhavam nas terras herdadas dos pais, em conjunto com os irmãos, ainda não tinham feito as partilhas, tanto uns como os outros viviam das terras herdadas

No sábado, quando chegaram à aldeia, ainda os tios e primos andavam a trabalhar no campo

Esperaram que regressassem a casa, os vizinhos já os tinham informado, onde viviam os tios e a tia

Os primeiros a chegarem foram os irmãos da mãe, um tinha dois rapazes e o outro uma rapariga e um rapaz

Ficaram muito contentes por voltarem a ver os sobrinhos e conhecerem os pais adotivos, não os tinham voltado a ver desde o acidente, justificando que não tinham tido oportunidade de ir a Lisboa, para onde os tinham levado, por todos os dias terem de tomar conta dos animais e trabalharem as terras

Apresentaram-lhes, as esposas, os primos, a prima, que eram pouco mais velhos, que a Inês e o Pedro

de um minuto para o outro ganharam mais oito familiares: dois tios, duas tias, três primos e uma prima, por parte da mãe

como já era tarde, a visita à tia e ao tio, por parte do pai,  ficou para o dia seguinte: domingo, o único dia de descanso, e era aproveitado para irem à missa

No domingo, depois da missa, dirigiram-se, primeiro à casa da tia, que também ficou muito contente por voltar a ver os sobrinhos e conhecer os pais, apresentou-lhes os dois filhos e o marido, convidou-os para almoçarem, mas eles disseram que não podiam aceitar, porque ainda tinham de ir visitar o irmão dela, tendo de seguida voltar para Lisboa, que era uma viagem muito longa. De seguida foram visitar o irmão do pai, que lhes apresentou a esposa e as duas filhas.

Ficou, também, muito feliz por voltar a ver os sobrinhos e conhecer os seus pais.

Também os convidou para almoçar, mas eles voltaram a recusar, porque tinham de voltar para casa.

Continua

 

 

27
Jan22

Pais (6)

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Pais (6)

Ao longo dos anos foram experimentando o que pensavam ser do seu agrado, mas como em tudo, só depois de se experimentar é que se sabe do que se gosta

A Inês acabou por escolher a natação e o Pedro o futebol. Mas o que os pais queriam era tirá-los dos ecrãs, sem ser à força, porque os computadores e os telemóveis vão ser os responsáveis por muitas miopias, uma doença irreversível, que vai atacar muitos dos jovens, que passam os dias sem verem o sol

O melhor estratagema, para os tirar dos computadores, é proporcionar-lhes uma atividade, que os entusiasme tanto ou mais que estar on-line

Faziam uma grande ginástica para acompanharem os filhos nos tempos livres, quando não dava para irem os quatro juntos, ia um par para cada lado, a Ana gostava de acompanhar o filho ao futebol

Desde o primeiro dia que tinha ficado horrorizada com o comportamento dos pais de miúdos de 10 ou 11anos, incentivando-os, sonhando com grandes craques, que fossem famosos e ganhassem milhões

Pais e mães gritavam de fora do campo: “ vai para cima dele, dá-lhe uma canelada, uma cotovelada, corre, remata, rasteira-o”

A Ana não queria acreditar no que via e ouvia, tinha de fazer alguma coisa, mas sentia-se um soldado contra um exército

Disse ao filho para nunca magoar, intencionalmente, os colegas ou os adversários, porque seria o suficiente para o tirarem do futebol

Quando contou, ao Francisco, o que se passava, este ficou curioso e disse que também queria ver o horrível espetáculo, porque nos poucos dias em que acompanhou o filho ao futebol, ou não houve, ou estava tão embevecido a ver o filho, que não deu por nada

Não sabiam o que fazer, mas não queriam enfrentar meia centena de pais enfurecidos a incentivarem os seus rebentos para serem grandes craques da bola

O melhor seria falarem com o presidente do clube e o treinador

Entretanto chegaram as férias grandes, e a Inês e o Pedro foram para casa dos avós, que cada vez estavam mais orgulhosos dos netos

Os netos são as flores dos avós, e este gostavam de apresentarem as suas lindas flores a todos os que regressavam de férias, vindos dos diversos países, onde estão emigrados, e enchiam a aldeia, de nova vida

Já não passavam sem o mês de férias dos netos. Quando as férias acabavam, sentiam que a casa ficava sem vida, e sonhavam com as férias do próximo ano

Também os netos não se importavam que as férias continuassem, o convívio com os filhos dos emigrantes tinha-se intensificado nos bailaricos e nos namoricos, fazendo com que as despedidas fossem dramáticas, porque os namoros na adolescência são, sempre, platónicos

O mês de Agosto é um mês de férias, um mês de sonhos, o mês, por todos, mais desejado.

Continua

 

17
Jan22

Pais (3)

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Continuação (3)

 

Para a Maria e para o Francisco tinha chegado o dia mais aguardado

Iam buscar a Inês e o Pedro, que já os reconheciam e ficavam muito sorridentes, correndo para os seus braços, fazendo com que os futuros pais ficassem tão felizes, esquecendo-se do muito trabalho que iriam ter com eles

Estavam de férias, tinham um mês para se adaptarem à rotina de tratarem de duas crianças  

Mal entraram na sala onde eles estavam com a educadora e os outros meninos e meninas, a Inês e o Pedro correram para a Maria e para o Francisco, a educadora sorriu, estava muito feliz, por saber que ia entregar, os seus meninos, a um casal de quem eles gostavam

As funcionárias e os funcionários das Instituições, que substituem os pais, tomando conta das crianças, vinte e quatro horas por dia, quando as entregam aos adotantes, desejam que tudo corra bem, que sejam amados por os que os escolheram para seus filhos

Para a Maria e para o Francisco foram umas férias muito diferentes, nas primeiras noites quase não dormiram, tinham receio que lhes acontecesse alguma coisa

Mas com a passagem dos dias, começaram a acalmar, puderam desfrutar das brincadeiras com os filhos, saborear os seus beijos e os abraços

Foram trinta dias de férias de muito trabalho, mas foram, até aí, as mais belas férias das suas vidas, cheias de felicidade e alegria

Os últimos dias foram de nervosismo, porque tinham de os deixar no infantário, de se separar deles, não sabiam como iriam reagir, pois poderiam pensar que tinham sido, novamente, entregues a estranhos

Para minimizar a separação, deixaram-nos três dias seguidos, umas horas, no infantário, para se irem habituando à nova rotina

Mesmo sabendo que eles se tinham portado bem, durante as poucas horas, nos três dias de ambientação ao infantário, a Maria e o Francisco estavam tristes e nervosos por terem de se separar deles, depois de terem estado juntos durante um mês

Entregaram-nos no infantário, mas nos primeiros dias as despedidas são, sempre, difíceis, disseram-lhes que assim que saíssem do trabalho os iriam buscar

Aos seus locais de trabalho, Maria e Francisco regressaram felizes, de cada vez que falavam dos filhos, os seus olhos irradiavam alegria, mostravam as fotografias tiradas durante as férias, falavam das aventuras e peripécias, cada palavra era um hino de amor, aquelas crianças tinham dado sentido às suas vidas. Agora, viviam para eles, só pensavam no seu bem-estar, queriam proporcionar-lhes o melhor da vida.

Continua

 

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