O Império
O Império – As teias que o Império teceu
Este retângulo nunca foi suficiente para grandes sonhos
Com tanto mar, sempre, a desafiar-nos para irmos ver o que está para além dele
Não foi difícil, tentarmos lançar ao mar os nossos sonhos e ambições de ver novos horizontes
Marinheiros, vagabundos, negociantes, poetas, visionários, cientistas e turistas foram à procura do desconhecido
Alguns levados à força, eram precisos braços para manejar os navios, carrega-los, repara-los, soltar e fechar as velas, saber aproveitar o vento, e havia que contar com o escorbuto, que estava muito presente
Este pequeno país é feito de uma amálgama de povos, e é por isso que somos fortes, sonhadores, capazes do melhor e do pior, incapazes de nos deixarmos aprisionar por este pequeno retângulo
Somos aventureiros, curiosos, nunca ninguém nos conseguiu prender, nem mesmo a ditadura
Com as fronteiras fechadas, fomos a salto para a Europa, não somos pessoas de baixar os braços, e sempre que as condições de vida se agravam, agora, com as fronteiras abertas, agarramos no nosso passaporte de cidadãos do mundo, e vamos embora
Foi o que fizemos em 1415, e continuámos por cinco séculos, com cruzes, espadas, audácia, crueldade, conseguimos expandir a fé, espalhar portugueses e índios por todo o lado
O convívio nas caravelas nem sempre foi pacífico e, algumas vezes, os comandantes mandaram atirar homens ao mar ou atá-los, por horas ou dias, aos mastros
Também não fomos recebidos com beijinhos e abraços, nos locais onde aportámos ou impusemos as nossas leis, houve confrontos, espadeiradas, e venceu quem tinha mais força, como é natural!
Em Macau, no século passado, quando um militar ia por um passeio, os chineses passavam para o outro
Na Índia, consta que Afonso de Albuquerque mandou cortar narizes e orelhas, para saberem como era administrada a justiça do rei de Portugal
Mas nem tudo foi mau, com as teias que o Império teceu, muitos foram muito felizes nas antigas colónias portuguesas: uma vida desafogada, com muitos criados, para todas as tarefas, não havia stresse, muitos convívios, churrascos bem picantes, que boa que era a vida daquelas gentes.
Sociedades desengravatadas, muito animadas, sem as etiquetas e o frio da Europa, que se julga uma rainha.
Continua