O Império
O Império - As teias que o Império teceu
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Chegara o dia do nascimento. A Anastácia já tinha sossegado a Marina, dizendo-lhe que já tinha assistido a alguns partos e que tinha corrido tudo bem
O bebé preparava-se para deixar o aconchego do ventre materno, para enfrentar um mundo maravilhoso, mas onde, também, há muita violência, muito ódio, ganância, desigualdades, guerras sem fim, racismo, tanta coisa ruim, que só o homem é capaz de praticar
Mas, este bebé tinha a sorte de ter quatro pessoas à sua espera, para lhe darem o melhor que conseguissem, na esperança que fosse muito feliz
Foram longas e dolorosas as horas de parto, primeiro que o Afonso decidisse enfrentar o seu novo mundo, mas acabou por correr tudo bem
Os jovens pais e a Anastácia estavam felicíssimos, um menino para encher de alegria a grande casa, a Mariana e o Roberto só pensavam nos familiares, queriam tanto que eles os acompanhassem naquele momento de imensa felicidade, mas, infelizmente, estavam tão longe, certamente a sofrer por nada saberem da chegada do Afonso
E, continuavam a interrogar-se sobre o muito tempo que as notícias levavam a chegar a Luanda. A Marina pediu ao Roberto que escrevesse, imediatamente, uma carta para a mãe dele, para que a notícia do nascimento do Afonso chegasse com a maior brevidade possível, a Lunada, ela escreveria ao pai, logo que pudesse
Quando ele se preparava para iniciar a carta, para a mãe, a Anastácia pediu-lhe para ir dar a notícia ao padrinho, que tinha de saber quão bonito era o seu afilhado
O jovem pai correu a casa do Elisiário, que quando o viu adivinhou o motivo da visita, abraçaram-se e o Elisiário deu-lhe os parabéns, pediu-lhe que esperasse um pouco, enquanto mudava de roupa, para o acompanhar a casa da Anastácia, queria dar os parabéns à Marina, ver o afilhado e abraçar a Anastácia
Quando os viu entrar, o corpo da Anastácia vibrou, o Elisiário deu os parabéns à Marina, e demorou-se a contemplar o Afonso, a Anastácia aproximou-se dele, para ambos elogiarem o seu bonito afilhado
O Elisiário já tinha notado que a Anastácia gostava da sua companhia. Assim, aproveitou para dizer que o Afonso, também, tinha uns bonitos padrinhos
A Anastácia estava muito feliz, cada vez admirava mais o Elisiário, aproveitou para o convidar para jantar, era preciso festejar a chegada do Afonso, o Elisiário não se fez rogado, aceitou o convite de bom grado, via na Anastácia uma boa companhia, sentia que ela, também, gostava da sua companhia
Contudo, havia uma sombra a toldar toda aquela felicidade: o facto de ela estar viúva há tanto tempo e não ter arranjado companheiro. Seria que se queria manter viúva, para não quebrar uma possível promessa de não ter mais nenhum homem?
Muitas mulheres, mesmo as que enviúvam ainda jovens, acabam por não voltar a casar, porque os filhos não as apoiam nessa decisão, custa-lhes verem outro homem no lugar do pai. Mas hoje em dia, muitos divorciam-se e voltam a arranjar novo companheiro/a
Queria acabar com todas as dúvidas, quando estivessem sozinhos, falar-lhe-ia no assunto, nunca tinha pensado em arranjar uma companheira até ter conhecido a Anastácia. Mas, com a continuação dos encontros, dos almoços e jantares, a intimidade de serem compadres, despertou nele a beleza da Anastácia: muito elegante, muito educada, inteligente, uns olhos muito bonitos e um sorriso provocador, o aconchego de um lar, tinham-lhe provocado uma atração, que só pensava nela e se sentia bem a vê-la.
Continua.