A calma
A calma
Ruas perfumadas, flores caiadas
No calor da cal branca das casas
O sol fica nas entradas
Enquanto os habitantes
Dormem a sexta acalorada
Na hora da sexta o sol queima o ar
Ninguém o consegue respirar
Os 45 graus centígrados queimam as cordas vocais
Os postigos, de castigo, ficam fechados
Até a calma passar
Só mais tarde voltam aos poiais
Para porem as notícias em dia
Não há jornais nem telefonia
São os vendedores ambulantes, que as trazem
Frescas ou atrasadas, são com atenção escutadas
Todas as populações gostam de estar informadas
Na lonjura das estradas as notícias ficavam desgastadas
Mas, para quem não as conhecia, estavam, sempre, em dia
Nos tempos em que o mundo dormia
Não se vivia na agonia de ver desgraças todo o dia
As de mais longe nem se sabia
Tudo, a outra velocidade, corria
Não, por todos, se sofria
Como, hoje, acontece.
José Silva Costa