O Império
O império – As teias que o Império teceu
29
Aquela boa vida, de Luanda, tinha acabado. Os bons negócios da escravatura, para as mãos dos holandeses, tinham passado
Lamentavam a falta de uma boa armada, para defender a cidade, sem saberem se, e quando a conseguiriam recuperar
Não escondendo o medo dos holandeses avançaram para o interior e conquistarem o Forte, que os abrigava
O governador não se cansava de lhes pedir para estarem atentos, não descurarem o trabalho das sentinelas, nem de noite, nem de dia, para não serem apanhados de surpresa, como tinha acontecido em Luanda
O Januário e o Ezequiel faziam parte do grupo dos conselheiros do Governador, a quem foi atribuída a organização da defesa do forte, bem como a verificação do seu cumprimento
Todos os homens, incluindo o governador, tinham de contribuir, para a segurança do Forte.
Às mulheres tinha-lhes sido pedido que se encarregassem do resto: alimentação, limpeza, tratar das crianças, produção de alimentos ……..
Lideradas pela Rosinha e a Miquelina, tinham tudo muito bem organizado
Começaram por escolher os terrenos, para as lavras, angariar todas as sementes, que conseguissem encontrar, e semeá-las o mais depressa possível
Enquanto não conseguiram o aumento da produção, que não se consegue de um dia para o outro, contaram com a produção das lavras já existentes, ao redor do Forte, mas que não chegavam, para alimentar tanta gente
Recorreram aos frutos silvestres, apanhando tudo o que estivesse maduro e se pudesse comer, à caça de animais selvagens, com armadilhas, montadas pelos mais velhos, que já não podiam participar na defesa do Forte
As mulheres participavam na caça de ratos, procurar formigas, insetos e tudo o que fosse comestível
Foram anos muito difíceis para todos os que tiveram de fugir de Luanda, e se refugiaram no Forte, com a intenção de um dia conseguirem repelir os holandeses, o que não conseguiram, porque para expulsar, os holandeses de Luanda, foi precisa uma forte armada
Os anos iam passando, os irmãos e as suas esposas desesperavam, não se resignavam com o que lhes tinha acontecido, apesar de serem reconhecidos, tanto pela população, como pelo Governador, como pessoas muito solidárias e competentes
Várias vezes o Governador os elogiou, a elas pela forma como organizaram as tarefas das mulheres, contribuindo para que nunca faltasse comida, e a eles por terem contribuído para que ao longo daqueles anos, o Forte nunca tivesse sido atacado
Mas, isso não os sossegava, queriam cumprir os seus sonhos, aquilo a que se tinham comprometido, principalmente o Januário, que queria ir ao Brasil, procurar os irmãos e o pai da Rosinha.
Continua