Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cheia

cheia

19
Jun25

O Império

cheia

O Império   -   As teias que o Império teceu

118

As artes e ofícios, também, estavam na mira do Governador, que ambicionava um grande desenvolvimento, para Angola

Ele e a Zulmira não se cansavam de procurar como impulsionar a economia da colónia, decidiram ir falar com o Roberto, para lhe pedirem que transmitisse aos seus alunos, que teriam todo o apoio do Governador, pelo seu trabalho, para melhorarem os métodos e a produção, na agricultura

As raparigas e rapazes ficaram muito contentes por todos estarem com os olhos postos neles, alimentando a esperança de que eles é que seriam capazes de fazer evoluir a colónia,  até o Governador reconhecia o seu valor

Alvos de tantas atenções, fazia com que todos se dedicassem, ainda, mais às suas experiências com as sementes, que o Governador tinha levado da Metrópole

Nem sempre as plantações corriam como eles tinham imaginado, ou porque as sementes não germinavam, ou as plantas não cresciam com a rapidez, que desejavam

A agricultura é um laboratório ao ar livre, sujeito a muitas condicionantes, entre elas, a humidade, a temperatura, as características do terreno, os ventos.

 A ideia de Portugal foi chumbada: o que se passou na Conferência de Berlim

Nuno Teixeira da Silva

 29 Maio, 202528 Maio, 2025

 

Realizou-se há quase 150 anos, numa altura em que as potências europeias disputavam o controlo por África. Portugal teve um papel ativo nesse encontro histórico.

Contexto: a disputa por África. No auge do imperialismo, diversas potências europeias queriam controlar o continente africano, ou partes do continente.

Portugal era um desses países. Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália e Espanha eram outras. Todas participaram na Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885. Ao todo, participaram 14 países, até alguns que não tinham colónias em África (escandinavos e EUA).

A organização do encontro pertenceu ao chanceler Otto von Bismarck, mas a proposta veio de Portugal, lembra a Encyclopædia Britannica.

As prioridades eram regular a colonização, a exploração da África pelas potências europeias. Tentar evitar confrontos entre os europeus.

Também conhecida como Conferência da África Ocidental, era um encontro para abordar uma ocupação (pelo menos parcial) desordenada de territórios africanos.

A reunião servia para estabelecer o princípio da “ocupação efetiva” — ou seja, um Estado europeu só teria direito sobre uma colónia se ocupasse de facto o território e estabelecesse uma administração local.

 

Além de tratar do fim do tráfico de escravos, também serviria para garantir liberdade de comércio e navegação nos rios Congo e Níger.

Aliás, essa zona era central nesta conferência. Discutiam-se todas as questões territoriais relacionadas com a bacia do Zaire (actual RD Congo), na África Central.

Portugal propôs esta conferência porque reivindicava o controlo do estuário do Zaire.

Mas a ata geral da Conferência de Berlim declarou neutra a bacia do rio Zaire – o que viria a influenciar a I Guerra Mundial, que não foi alvo de ataques dos Aliados.

 

Ficou de facto garantida a liberdade de comércio e de transporte para todos os Estados da bacia – aplicando os princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios internacionais; proibiu o tráfico de escravos.

as reivindicações de Portugal foram rejeitadas. Assim, nascia o Estado Livre do Congo, que ocupava precisamente a maioria da bacia do rio Congo e o território da actual República Democrática do Congo.

Os representantes portugueses nesta Conferência foram António Serpa Pimentel, António José da Serra Gomes (Marquês de Penafiel), Luciano Cordeiro, Carlos Roma du Bocage (adido militar), José P.Ferreira Felívio (adido) e Manuel de Sousa Coutinho (segundo secretário), lembra o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

No ano seguinte à Conferência de Berlim, e ainda do lado português, surge o famoso ‘Mapa cor-de-rosa’, que mostrava a ideia de Portugal de dominar todos os territórios entre Angola e Moçambique. Mais tarde, o Ultimato britânico de 1890 travou as ideias lusas e originou uma forte tensão entre Portugal e Reino Unido.

A África, tal como outras regiões colonizadas, foi repartida sem qualquer consulta às populações locais.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //      (29 MAIO, 2025)

Continua

 

 

10
Abr25

O Império

cheia

O Império  -   As teias que o Império teceu

108

O Manuel não se cansava de elogiar o seu sucessor, não só por ter a humildade de o consultar, pondo-o a par de tudo o que estava a implementar, para que a Colónia se conseguisse libertar das nações que a queriam abocanhar, mas também pela visão do futuro e organização

As suas quatro filhas, ainda solteiras, foram convidadas, pela Leopoldina, para ficarem à frente de igual quantidade de secções da cooperativa, para que com uma nova governança conseguissem corresponder ao pedido do novo governador, no sentido de a longo prazo tornarem a Colónia, numa exportadora de produtos alimentares e outros produtos agrícolas

À Filó, foi entregue a secção da produção, por já ter alguma experiência, tendo sido responsável pela lavra, que fornece o Governador, nos dois últimos anos que lá esteve

À Jesuína coube a tarefa de reorganizar a loja e as vendas

À Francisca pediram que coordenasse a quantidade de produtos, existências e perspetivas quanto a colheitas e quantidades

Para a contabilidade escolheram a menina Zulmira, a penúltima das seis irmãs

Com a entrada em funções destas novas cooperantes, vindas do Palácio do Governador, esperavam dar uma nova vida aquela que era a maior agremiação dos luandenses

A ida da turma do Renato, às lavrasm,  já tinha dado frutos: uma das suas alunas, filha de um artesão de estatuetas, em madeira, pediu ao pai para fazer um género de sacho, em madeira, mais prático e mais útil do que os paus até aí utilizados

A escola do Roberto continuava a dar que falar, os seus alunos estavam cada vez mais galvanizados, prontos para testarem os seus limites, sem medo nem receios, confiantes, que era o ele lhes incutia, fazendo com que acreditassem que todos tinham talento, para colocarem ao serviço dos seus semelhantes

Ao posto médico da Marina, continuavam a chegar muitas mulheres grávidas, pedindo-lhe ajuda. Ela e a Alicia já tinham feito muitos partos, ajudar as meninas e os meninos a nascer, fazia com que se sentissem realizadas, agraciadas pelos sorrisos e agradecimentos das mamãs, quanto aos bebés o melhor presente que lhes podiam dar, era o seu primeiro choro

À tarde, quando o Roberto e o filho iam ter com ela, ao posto médico, ou o encontro era em casa, os três falavam sobre o dia de trabalho, o Afonso prestava muita atenção, quando a mãe falava dos bebés, o Roberto todos os dia falava das habilidades e aventuras dos seus alunos.

 

Continua     

 

27
Mar25

O Império

cheia

O Império   -   As teias que o Império teceu

 106

Portugal foi o primeiro país europeu a expulsar os jesuítas.[1]

Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios.

— Decreto de expulsão dos Jesuítas, 1759. (D. José I  )  (Wikipedia)

O novo Governador de Angola, acompanhado do ex-Governador foi visitar a cooperativa, e gostou muito do que viu

Deu os parabéns a todos, por estarem a construir uma grande obra, que muito contribuía para melhorar a vida dos cooperantes e engrandecimento da cidade

Disse que iria transmitir tudo o que vira ao Rei, para que soubesse como as populações trabalhavam, para tornar a Colónia mais próspera

Depois de passar algum tempo a ver como funcionava a escola do Roberto, pediu-lhe para interromper a aula, para lhe agradecer o excelente trabalho, que estava a fazer

Quis saber como é que tinha conseguido tirar os miúdos da rua, fazendo com que fossem à escola, e participassem em tantas atividades, parecendo muito felizes

Roberto respondeu-lhe que os tinha convidado para mostrarem as suas habilidades e em troca ensinar-lhes-ia a ler, escrever e contar

Acrescentou que nem ele acreditava que tivesse êxito, mas apercebeu-se de que todos queriam mostrar o que sabiam fazer e também aprender a ler

O Governador prometeu mandar fazer uma escola, para que não estivessem tão expostos ao pó, à chuva e ao sol  

O Roberto agradeceu-lhe o interesse pelo bem-estar daquelas crianças, que estavam tão interessadas em aprender, estava a pensar levá-los para as lavras, com o objetivo de saberem quanto as suas mães trabalhavam, para arrancarem da terra o seu sustento

O Governador, depois daquela confissão, ficou, ainda, mais impressionado com os métodos e entusiasmo daquele professor

Vendo que aquele era um professor diferente, continuou a ouvi-lo sobre os seus projetos, sempre com muito interesse, o que fez com que a conversa se tivesse prolongado por mais de uma hora

A Marina ficou, no posto médico, a falar com o pai, já estavam intrigados com tanta conversa entre o Roberto e o Governador, tendo ela questionado: “ que raio têm eles tanto que falar?”

Por fim despediram-se, o Roberto continuou com a aula. O Governador, quando chegou perto do ex-governador e da filha, disse-lhes: “ nunca vi uma pessoa que gostasse tando do que faz como o seu marido”

“Sim! O Roberto adora o convívio com os miúdos”

 

Continua

 

 

08
Jun23

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

12

O Januário e a sua Rosinha continuavam muito felizes, por em breve terem nos seus braços o seu primeiro rebento, toda família partilhava dessa imensa felicidade

O Soba, depois de o conhecer melhor o Januário, pediu-lhe para o ajudar nas contas com o negócio dos escravos, nos quais também estava envolvido

Luanda teve um papel importante nos negócios da escravatura, por ser uma das mais importantes feitorias portuguesas na costa africana, fazendo com que fosse um centro de formulação e execução de operações militares contra reinos africanos

Foi, também, uma base de intensa diplomacia entre africanos e europeus

Os escravos podiam vir de prisioneiros de guerra, comprados por traficantes, ou por meio de emboscadas

Os escravos eram levados a pé até aos portos, onde eram revendidos aos europeus, a troco de mercadorias importantes como: tabaco, cachaça, pólvora

 Eram marcados a ferro quente para se saber a que comerciante pertenciam

Os barcos que os transportavam eram conhecidos por tumbeiros, por muitos morrerem na viagem

Três anos depois de o Januário ter deixado Lisboa, nasceu a primeira filha da Rosinha e do Januário, chamaram-lhe Leopoldina, toda a família ficou muito feliz com a chegada de mais um membro para a família, que vinha ganhando notoriedade desde que o Januário se tinha associado ao Soba, no negócio da escravatura

A armada, que tinha permitido ao Januário a grande aventura de ter ido ao Oriente, já tinha atracado em Lisboa, depois de terem descansado três meses em Angra do Heroísmo, Nos Açores

Foram recebidos em festa, toda a cidade acorreu ao cais, para aplaudirem os valentes homens, que tinham ido tão longe e passado tanto tempo no mar

Mal sabia a multidão que uma mulher, também tinha participado, sem que ninguém tivesse descoberto que era mulher

O irmão do Januário, o Ezequiel, mais novo dois anos, que tinha ficado em Lisboa, porque tinha de tomar conta da mãe deles, que entretanto morrera, também estava entre a multidão, junto à saída do barco, onde o irmão tinha embarcado

Já tinham saído quase todos, e o irmão não aparecia, resolveu perguntar, a um grupo que acabara de abandonar o barco, se conheciam o Januário, e se sabiam alguma coisa dele

Disseram-lhe que tinha ficado em Luanda, nada que o irmão não temesse, uma vez que, na despedida, lhe tinha dito que queria tentar a sua sorte numa Colónia

Como não tinha mais nenhum familiar, pensou em ir ter com o irmão, mas para isso tinha de tentar fazer como ele tinha feito.

Continua

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub