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12
Dez24

O Império

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O Império  -   as teias que o Império teceu

91

Ficaram tristes por ainda faltarem tantos meses para a saída das naus, tinham tempo para percorrerem toda a Lisboa, ver as suas ruas e becos, sentir o pulsar de uma cidade muito diferente de Coimbra

Todos os dias calcorreavam uma parte da cidade, descansavam nos miradouros a observar o frenesi da cidade, não podiam fazer grandes caminhadas, como quando não tinham o Afonso, depois do almoço passavam umas horas, na pensão onde estavam hospedados, para ele dormir, descansar

O Afonso não se esquecia da Anastácia e do Elisiário, queria ir vê-los, os pais iam-lhe dizendo que em breve os iriam ver, sabendo que tão cedo não os iria esquecer

À tardinha, iam para a beira do rio, ver a chegada e partida dos barcos: canoas, varinos, fragatas, que transportavam muitos dos víveres que alimentavam os habitantes de Lisboa

Foram meses a percorrer os becos, ruas e ruelas de Lisboa, tudo foi passado a pente fino, a Marina aproveitou para observar o que havia à venda de utensílios de medicina, comprou alguns para levar para Luanda

Tencionava abrir um posto médico, aberto a toda a população, formar enfermeiros e enfermeiras para a poderem ajudar e atenderem os utentes com casos menos complicados, enquanto ela estivesse a tratar de doentes com exigências de mais conhecimentos

Em Luanda desesperava-se por notícias, já sabiam que raramente tinham notícias, da Metrópole, mais de uma vez por ano, quando as naus, com destino à Índia, aportavam em Luanda, para deixarem e apanharem passageiros, entregarem o correio, mercadorias, fazerem pequenas reparações, reabastecer as naus, para continuarem a viagem

A Rosinha esteve muito doente, receou não conseguir resistir até o neto chegar, queria tanto conhecê-lo, voltar a ver a Marina e o Roberto, não queria morrer sem os ver em Luanda, felizmente melhorara, encheu-se de coragem e foi visitar o compadre, queria saber se tinha notícias, para quando é que ele previa a chegada dos barcos vindos da Metrópole

Ele, para a animar disse-lhe que o tempo passava depressa, que em breve teriam os filhos e o neto com eles, seria um dia muito feliz, para toda a família, todos ficariam encantados com o Afonso

Até ela ficou como que rejuvenescida, o compadre tinha conseguido convencê-la de que ainda ia viver muito tempo, que iria ver crescer os netos, o que fez com que ela voltasse para casa muito feliz e confiante na sua longevidade

No dia seguinte, quando chegou à cooperativa, todos notaram que estava diferente, tentaram saber a razão, disse-lhes que tinha feito uma visita ao compadre e que tinha gostado do que ele lhe tinha dito.

Continua

 

28
Nov24

O Império

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O Império  -   As teias que o Império teceu

89

A Marina e o Roberto terminaram os estudos na Universidade de Coimbra, o facto de ser o primeiro casal a licenciar-se, na única Universidade do país, foi muito comemorado por todas as faculdades, com o desejo de um bom regresso a casa e de muitas felicidades

Em casa, a Anastácia fez um almoço especial, para comemorarem o acontecimento, que tinha tanto de alegria como de tristeza, devido à separação dos dois casais

Mas, primeiro era preciso festejar a alegria e a felicidade da Marina e do Roberto, por terem conseguido concretizar o seu sonho, e não menos alegria e felicidade de quem os ajudou a concretizá-lo: a Anastácia e o Elisiário

Assim que terminaram as licenciaturas, a Marina e o Roberto começaram a preparar o regresso a Luanda, se quando vieram para Coimbra, a viagem, entre Lisboa e Coimbra, tinha sido o cabo dos trabalhos, como seria com uma criança de quatro anos?

Valeu-lhes, o facto do Elisiário conhecer um Conde, que todos os anos se  deslocava a Lisboa, para tratar de vários assuntos, junto da Corte, a quem o  Elisiário pediu se podia dar boleia a um casal de Luanda, que se tinha acabado de formar na Universidade, e que queria voltar à sua terra natal, com o filho de quatro anos

O Conde disse que não só lhes dava boleia, como lhes ficava muito agradecido, por contribuírem para o engrandecimento do Império, esperando que mais jovens seguissem o exemplo deles, para que as colónias fossem mais desenvolvidas e prósperas

Assegurado o transporte para Lisboa, de onde esperavam embarcar para Luanda, era preciso pensar nas despedidas, que para o Afonso poderiam ser  muito traumatizantes

Havia quem defendesse que a despedida devia ser quando ele estivesse a dormir, mas a Anastácia não estava de acordo, porque era importante que se despedisse dos “avós”

Assim, explicar-lhe-iam que iria conhecer os avós de Luanda, e que os “avós” de Coimbra os iriam, quando pudessem, visitar, para conhecerem toda a família.

Continua.

 

21
Nov24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

88

Chegou o grande dia da festa do nascimento da Milay, o palácio foi pequeno, para tanta gente, valeu-lhes o jardim, que acomodou os que não conseguiram entrar no palácio

Gente de todas as idades compareceram, para participarem no grande acontecimento, a cidade desaguou no palácio do Governador

Estava tudo muito bem organizado, as tias da Milay e os criados esmeram-se para que tudo corresse muito bem, e foi o que aconteceu, todos lhes deram os parabéns, e até o avô ficou surpreendido com o bom trabalho, para homenagear a primeira neta.

Toda a família se mostrou muito agradecida para com todos os convidados, por terem aceitado abrilhantar a festa com as suas presenças. Mas, as quatro tias foram as que se mantiveram, toda a festa, numa roda-viva cumprimentando todos e mostrando-se a todos

Não queriam perder a oportunidade de criarem amizades, que as pudessem levar ao conhecimento de toda a cidade, principalmente aos rapazes das suas idades, seduzi-los, mostrar que eram solteiras e procuravam companheiros

Uma vez que a mais velha e mais nova já estavam casadas e tinham cada uma o seu bebé, esperavam que tivesse chegado a vez delas, também queriam contribuir para que o pai tivesse muitas alegrias, com a chegada de mais netas e netos

Se não fosse nesta festa, outra se seguiria, aquando do regresso da Marina e do Roberto, acompanhados do Afonso, o que lhes dava a esperança de encontrarem companheiros, para também virem a ser mamãs

A Rosinha, como convidada de honra, passou quase toda a festa à conversa com o seu compadre, falando da próxima festa, uma vez que os filhos estavam a terminar os seus cursos, em Coimbra

Esperavam que o próximo barco, vindo de Lisboa, lhes trouxesse notícias, não sabiam quando. Mas, só de pensarem que as próximas notícias poderiam ser a  chegada  deles,  enchia-lhes os corações de alegria

Não conseguiam imaginar como estariam os filhos, e muito menos o neto, que nunca tinham visto, seria um emocionante encontro, há muito tempo aguardado, pela primeira vez dois licenciados entravam em Angola, regressavam à sua terra, depois de terem estudado em Coimbra, uma das mais antigas e melhores Universidades da Europa

Os dois Continentes, depois da chegada dos portugueses, ficariam para sempre ligados por laços de amizade, como era o caso das famílias dos jovens, que tiveram o privilégio de estudarem na Europa.

“Primeira mulher a frequentar a Universidade de Coimbra, a única instituição com esse nome no país até então: Domitila de Carvalho, licenciada em Matemática (1894), em Filosofia (1895) e em Medicina (1904) pela Universidade de Coimbra, na qual ingressou no ano letivo de 1890/1891” (Wikipédia)

Continua.

 

14
Nov24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

87

Esperava-se a toda a hora, o nascimento do bebé da Mité e do Leopoldo

O Governador estava mais nervoso que os futuros pais, não conseguia esquecer-se dos últimos momentos de vida da mulher, em que fez de tudo o que sabia, para a salvar, mas que, infelizmente, não foi suficiente

Só pedia que o parto da Mité corresse tão bem como o da irmã, a Marina, que lhe escreveu, dizendo que tudo tinha corrido bem, muito bem assistida, pela Anastácia  

Nasceu a Milay, a filha da Mité e do Leopoldo, tudo correu bem, todos estavam muito felizes, mas ninguém estava tão eufórico como o avô que, quando lhe colocaram a neta nos braços, não conseguia estar parado, não parava de chorar, até que tiveram de o ajudar a sentar-se, acalmá-lo, com receio que ele deixasse cair a bebé

As tias não podiam estar mais embevecidas com a chegada da Milay, a residência do Governador nunca mais seria a mesma, dali em diante estaria aberta a toda a cidade

Como lhes tinha sido pedido, pelo pai, iriam anunciar que tinha nascido a neta do Governador, a Milay, e convidar centenas de pessoas, para participarem na festa do nascimento da menina

Entre elas discutiam quem convidar, missão que lhes tinha sido incumbida, pelo pai, podendo convidar quem quisessem

A Mité e o Leopoldo também lhe disseram que podiam convidar quem quisessem, o que queriam é que fosse uma bonita festa, para celebrar a chegada da sua filha

As tias convidaram meio mundo, toda a cidade ficou a saber que tinha nascido a Milay, o que fez com que tenham ficado muito contentes e com a esperança de que seria uma grande festa

O Afonso tinha ficado muito triste com a conversa da Anastácia, não se queria separar dela, nem do Elisiário, pediu-lhes que fossem também para Luanda, para conhecerem os outros avós, as tias, os primos

Quando os pais chegaram a casa, correu para eles, dizendo-lhes que tinham de levar os avós para Luanda, para não ficarem sozinhos m Coimbra

Os pais, para o acalmarem, disseram-lhe que iam falar com eles e que ainda faltava muito tempo para irem para a terra deles

Adivinhava-se uma separação muito triste e dolorosa, tinham de escolher a melhor maneira de a fazerem.  

  Continua.

 

07
Nov24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

86

No regresso a casa, pensou no que a comadre lhe tinha acabado de dizer, se ela estivesse certa, se todas casassem, realizariam o seu sonho: ter uma enorme família

Apesar de estar contente por ver as filhas a constituírem família, a mágoa da perda da sua amada continuava a atormentá-lo, nunca a esqueceria, era o grande amor da sua vida

As seis bonitas filhas que deixou, na hora da partida, sem tempo para a despedida, foi como se o tivesse encarregado de fazer também o lugar dela, tomando conta delas, para sempre, e assim estar, também, presente. Cada uma representava uma faceta da mãe, ajudando a que nunca a esquecesse

Em Coimbra, a Anastácia, como era ela que mais tempo passava com o Afonso, mesmo custando-lhe muito, porque ia ficar sem ele, preparava-o para a sua grande aventura, a viagem para outro continente, muito diferente

Assim, ia-lhe dizendo que quando os pais voltassem para a terra deles, ele iria conhecer os verdadeiros avós: o pai da mãe e a mãe do pai, os primos, as primas, as tias, os tios, uma vez que a mãe da mãe e o pai do pai já tinham morrido

Por sua parte, o Afonso, como é compreensível não queria ficar sem a Anastácia e o Elisiário, que eram com quem ele tinha crescido

Infelizmente, adivinhava-se uma separação muito dolorosa, para todos, como acontece em todas as partidas, e esta era uma partida sem expectativas de retorno

Deixou de lhe falar no assunto, talvez fosse melhor, se calhar ainda era muito pequeno para compreender as teias que a vida tece, os motivos por que nasceu num continente, que se não fosse o facto de andarmos, sempre, de um lado para o outro, à procura de melhores condições de vida, não teria acontecido.

“ Política colonial entre 1900 e 1930

 

Com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província pode finalmente organizar a administração do território, com a instituição do Regulado. O governo recrutava membros da aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta do imposto-de-palhota, do recrutamento de trabalhadores para a administração e da proibição da venda de quaisquer bebidas alcoólicas que não fossem provenientes da Metrópole.

Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de trabalhadores para as minas sul-africanas, firmou um acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade, regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico através do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da Província recebia uma taxa por cada trabalhador recrutado; mais tarde, o acordo incluía a retenção de metade do salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o montante respectivo entregue aos mineiros no seu regresso, em moeda local.” (Vikipédia)

Continua.

31
Out24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

85

Quando a Mité e o Leopoldo lhe disseram que ia ter mais outro neto ou uma neta, os olhos do Governador incendiaram-se de um brilho, que a filha nunca tinha visto, a tristeza que o perseguia tinha desaparecido, para ela tinha acabado de nascer uma nova era, e a confirmação veio pouco depois, quando o pai lhes disse que queria uma grande festa, para comemorar o nascimento do bebé deles

Quando as irmãs souberam das novidades ficaram muito contentes, saltaram, dizendo que já era tempo de acabar com o luto naquele palácio, sempre fechado, sem vida, e elas, quase como freiras, privadas de contatar com pessoas da idade delas, a não ser com as empregadas e os empregados

Começaram logo a engendrar planos: era preciso convidar gente de todas as idades, mas mais rapazes da idade delas, para ver se conseguiam arranjar pretendentes e continuar a dar muitas alegrias ao pai 

As quatro solteironas estavam muito agradecidas à Mité por ter conseguido abrir o palácio, quando se juntou ao Leopoldo, ao contrário do que aconteceu com Marina e Roberto, que foram para a Metrópole estudar, não causando nenhuma alteração no comportamento do pai, que continuava a cumprir um luto carregado, depois de tantos anos da morte da mãe delas

Com o nascimento do bebé da Mité e do Leopoldo tudo iria mudar, como se vira, aquando do anúncio da gravidez, que fez o pai dizer que queria uma grande festa, para comemorar o nascimento do novo membro da família

Ainda faltavam uns meses, e isso é que seria mais difícil de suportar, quando não estamos à espera do acontecimento não medimos o tempo, mas se queremos muito que o acontecimento, esperado, chegue, as horas, os dias, os meses passam mais devagar, e essa espera, por vezes, desespera

O Governador foi dar a boa nova à comadre, a Rosinha, encontrou-a na cooperativa, onde passava a maior parte do seu tempo, transmitindo os seus conhecimentos aos mais novos

Quando o viu entrar, ficou muito contente, eram bons amigos, sempre que a visitava, era para lhe trazer notícias do filho, da nora e do neto

Mas, desta vez não havia notícias de Coimbra, mas não deixaram de se interrogar como estariam a Marina, o Roberto e o Afonso, sem resposta, confortava-os o facto de, pelas contas deles, já não faltar muito para os verem

Sem conseguir guardar por mais tempo o motivo da visita, disse-lhe que a filha mais velha estava grávida, a comadre ficou muito contente e deu-lhe os parabéns, acrescentando que quando as outras quatro casassem, ficaria com a casa cheia de netas e netos.

Continua

 

 

26
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

80

A chegada do Afonso veio mostrar aos jovens pais, que criar uma criança exige muito de quem a cria, porque tem de estar disponíveis vinte e quatro horas por dia, durante muitos anos, até que aquele pequeno ser seja capaz de ser independente

Valeu-lhes terem conhecido a Anastácia, que muito os tem ajudado, permitindo que tenham podido voltar às aulas, deixando o filho em boas mãos que, muito carinho tinham para, a todos, dar

Na Universidade de Coimbra, a mais famosa do país, nunca se tinha visto nada parecido:  um casal, com um filho, a estudar. Exemplar, tanto nos estudos,

 como pais, vindo de África, da colónia de Angola

Angariou a amizade de uma residente, na cidade dos estudantes, que muito o ajudava, beneficiava, também, da ajuda de um professor, da jovem mãe, que se apaixonou pela senhora, que o levou para a sua casa e o mimava, como se fossem seus filhos      

Na academia e na cidade não se falava de outra coisa, todos queriam conhecer o casal, que tinha vindo de tão longe

Com o começo das aulas, a Anastácia ficou muito sobrecarregada de trabalho: fazer o comer, tomar conta do Afonso e tratar da casa, faziam-na passar o dia em grandes correrias

Tanto o jovem casal, como o marido da Anastácia estavam preocupados com o esforço dela que, por vezes, ia além do que era razoável, porque queria mostrar que era muito forte e que conseguia fazer tudo

Por isso, pediram-lhe para que descansasse quando eles estivessem em casa, que era muito pouco tempo, tirando o que estavam a dormir, para poder tomar conta do Afonso, durante o muito tempo, que eles passavam na Universidade

Mesmo custando-lhe, compreendeu que era melhor para todos, por que se ficasse doente, alguém teria de ficar em casa, para tomar conta do Afonso e dela

 

Um dez anos depois de mudar a capital para Lourenço Marques, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para extração de recursos naturais, num território que devia produzir bens para o seu consumo e para exportação para a “metrópole”

Essa foi a motivação principal para o estabelecimento de uma administração efetiva, embora também pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses.  (Wikipédia)

 

Quando o Governador regressou ao palácio e disse às filhas que a Marina tinha tido um menino, estas ficaram, também, muito felizes e queriam saber mais pormenores

O pai disse-lhes que se chamava Afonso, que tinha corrido tudo bem, o Roberto é que tinha dado a notícia, numa carta, que enviara para a mãe

Confessou às filhas que estava alegre e triste: muito alegre por ter um neto, mas triste por ele estar muito longe e temer que morresse antes de ele ir para Luanda

As filhas tentaram animá-lo, dizendo que os anos passam depressa e que em breve todos estariam juntos

A filha mais velha: a Mité,  aproveitou para informá-lo que namorava com o Leopoldo, que Leopoldo? Perguntou o pai, o que trabalha aqui no palácio, respondeu a filha, o pai não se mostrou muito entusiasmado com a notícia, mas acabou por lhe dizer que desejava que fossem muito felizes.

 

Continua

 

 

 

 

 

18
Jul24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

70

Macau foi uma colónia e, posteriormente, uma província ultramarina sob administração portuguesa desde1557 a 1999

Só em 1887 é que a China reconheceu oficialmente a soberania e ocupação perpétua portuguesa sobre Macau, através do Tratado de Amizade e Comércio Sino- Português

Em 1967, como consequência do Motim 12-3, que marcou a revolta de residentes chineses de Macau a favor dos comunistas, em 3 de 1966, Portugal renunciou à sua ocupação perpétua de Macau. Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países acordaram que Macau voltaria para a soberania chinesa no dia 20 de dezembro de 1999. A Região Administrativa Especial de Macau é constituída pela península de Macau e por duas ilhas: Taipa e Coloane. Após a ligação feita por meio de um aterro, o istmo de Cotai, Macau ficou com a superfície de 28,6 km2.  (Wikipedia)   

A Marina e o Roberto devido ao aproximar do fim do ano letivo e a chegada do bebé decidiram que estava na altura de aceitarem o convite da Anastácia, para irem viver com ela

Quando lhe comunicaram que tinham decidido ir viver com a Anastácia, esta ficou felicíssima, havia muito que esperava vê-los a partilharem o seu teto, queria ajudá-los, o mais que pudesse, porque temia que a Marina não aguentasse tanto esforço, não queria que acontecesse nada que pudesse prejudicar a futura mamã ou o bebé

A vontade dela era falar da decoração do quarto do bebé, do seu enxoval, mas sabia que toda a atenção da Marina estava focada nos estudos, nos exames, na passagem de ano

Assim, tudo fazia para que ela se dedicasse aos estudos, depois teriam muito tempo para tratarem de tudo o que fosse preciso para receberem o bebé

A Marina queria brilhar nos estudos, mas não queria prejudicar o seu bebé, tentou sempre conciliar as duas, fazendo uma vida muito regrada, sabia, como sabem todas as mães, quão importante era os bebés nascerem saudáveis

O quente verão, a queima das fitas, as serenatas tornam Coimbra, numa cidade única, mas a Marina e o Roberto não tinham tempo para apreciarem esses grandes festejos, estavam muito ocupados com os estudos e a chegada do seu bebé, queriam ter o melhor resultado nos estudos, para terminarem as suas licenciaturas o mais depressa possível, porque queriam voltar à sua terra e abraçar os seus familiares, que não estavam menos ansiosos que eles

Para a Marina, aquele seria um verão inesquecível: a azáfama dos estudos, a barriga que não parava de crescer, o enxoval para o bebé não lhe davam descanso

A Anastácia respirava alegria por todos os poros, estava muito feliz por poder ajudá-los, queria era vê-los felizes, contava as horas e os dias, que faltavam para que eles estivessem livres dos exames, para depois, os três se dedicarem de corpo e alma aos preparativos para receberem o bebé

Os professores e os colegas da Marina admiravam-na pela sua simplicidade, pela sua boa disposição, apesar de muito lhe pesar a barriga, estava sempre inundada de alegria, mostrando bem a felicidade, que o bebé lhes traria.

 

Continua

 

 

27
Jun24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

66

A feitoria de São João Batista de Ajudá, no Benim

Os primeiros viajantes europeus a alcançarem Benim foram os exploradores portugueses em cerca de 1485. A forte relação mercantil foi desenvolvida, com o comércio entre os produtos tropicais de Edo como o marfim, pimenta e óleo de dendê e os bens europeus de Portugal, como o cânhamo-de-manila e armas. No início do século XVI , o Oba enviou um embaixador a Lisboa, e o rei de Portugal enviou cristãos missionários à cidade do Benim. Alguns moradores da cidade do Benim ainda falariam um português pidgin no final do século XIX.

Aos primeiros minutos do dia 1 de agosto de 1961 a bandeira das quinas foi arriada

Em 1965, o mítico guerrilheiro Che Guevara visitou a histórica fortaleza de Ajudá e o Templo das Serpentes (pitons)

Depois da independência do Brasil, em 1822, 1961 foi o ano do início do fim do Império

 

Em Coimbra, tanto a Marina como o Roberto iam de vento-em-popa, nos estudos, mas à Marina as exigências eram muito maiores, devido às dificuldades do curso e ao seu estado de gravidez

Roberto tinha receio que a Marina perdesse o bebé, chegando a sugeri-lhe que voltassem para Luanda, ou continuassem em Coimbra, mas desistisse do curso. Mas, ela recusou ambas as soluções

Estava determinada a continuar os estudos, pronta par todos os sacrifícios, sem colocar em perigo a vida do bebé

Os professores, vendo a sua grande determinação e a sua inteligência, já lhe tinham prometido ajudá-la no que pudessem, uma vez que queria ser mãe e licenciar-se, para voltar para a sua terra e ajudar os povos de Angola, com o seu saber

Foi já em janeiro do ano seguinte ao da sua chegada à Metrópole, que a Marina recebeu a primeira carta do pai, em resposta à que lhe tinha enviado, dando notícias suas e do Roberto, acerca da viagem, da estada deles em Lisboa, da chegada a Coimbra, do início dos seus cursos e da sua gravidez

O pai informava-os da felicidade dele e da Rosinha, por virem a ser avós e pedia-lhes para voltarem para Angola, para que o bebé nascesse em Luanda

A Marina respondeu-lhe que compreendia a pressa deles em terem os filhos e o futuro bebé junto deles. Mas, eles estavam determinados a realizarem os seus cursos, o que faria com que só voltassem a Angola passados cinco ou seis anos

Pedia-lhes para compreenderem a sua escolha, não podiam perder a oportunidade, que tinham tido, de estudarem numa das mais prestigiadas Universidades do mundo, tentando aproveitar ao máximo todos os conhecimentos que lhes transmitiam, para os colocarem ao serviço dos povos de Angola

Quanto ao bem-estar do bebé, podiam estar descansados, porque já tinha uma senhora para tomar conta dele

Uma senhora, que conheceram por acaso, num café, num domingo à tarde, quando queriam uma mesa, para poderem beber um café e descansar um pouco

Como estava tudo ocupado, pediram a uma senhora, que estava sozinha, se a podiam acompanhar, tendo-lhes respondido que ficava muito contente com a sua companhia

Despois das apresentações, de lhes terem dito que eram naturais de Angola, que estavam a estudar na Universidade, ela perguntou-lhes como fariam, quando o bebé nascesse

Responderam-lhe que tinham de arranjar quem tomasse conta dele. Ela, com um sorriso de felicidade disse-lhes que gostaria muito de os ajudar e tomar conta do bebé. Tinha ficado viúva muito cedo, não tinha filhos, gostava muito de crianças, tinha uma casa muito grande, onde vivia sozinha

Há muito que queria encontrar alguém que quisesse viver com ela, sentia-se muito só:  uma rapariga, um casal

Assim, eram os candidatos ideais: uma avó, os filhos e o futuro neto ou neta, seria uma bonita família.

 

Continua

 

20
Jun24

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

65

 

A Rosinha não conseguia suportar a falta de notícias do filho. Todos sofriam com a sua grande tristeza, que também contagiava todos os cooperantes

A filha e o genro, vendo tamanho sofrimento, pediram-lhe que fosse, novamente, falar com o Governador

A Rosinha não se sentia à vontade, no palácio do Governador, mas teve, mais uma vez, de enfrentar esse desconforto, porque já nem conseguia dormir, passava as vinte e quatro horas, sempre, a pensar no filho, dizia que tinha um pressentimento ruim

 Encheu-se de coragem e dirigiu-se para o Palácio do Governador. Foi muito bem recebida como da primeira vez, teve de esperar um pouco, porque ele estava ocupado

Quando a viu, os seus olhos brilharam de alegria, correu para ela e contou-lhe a boa novidade, iam ser avós

A Rosinha ficou sem palavras, vendo-a encavacada, abraçou-a, ambos gritaram: “ vamos ser avós”

Começou por lhe dizer que tinha recebido uma carta da filha, trazida por um conhecido, que fazia parte da tripulação da armada, atracada no porto de Lunada, que se dirigia para a Índia

Tinham feito boa viagem, passaram uns bons dias em Lisboa, para o Roberto tentar encontrar familiares do pai, do tio ou da tia. Mas, infelizmente, não tinha conseguido obter  nenhuma informação

Quando já estavam em Coimbra, é que a Marina começou a andar enjoada, passados uns dias estava confirmado: estava grávida

Na carta, também dizia que já estavam a estudar na Universidade, ela a estudar para médica e ele para advogado

A Rosinha disse-lhe que estava tão feliz por eles estarem bem e também por vir a ser avó, mas custava-lhe tanto que estivessem tão longe

Ele disse-lhe que, assim que tivesse quem lhe levasse uma carta, iria pedir-lhes para voltarem para Luanda, queria ver o neto ou a neta a crescer junto dele, no Palácio, ao que ela respondeu: “ faça isso, não quero morrer sem voltar a vê-los”

Não a deixou abandonar o palácio, sem lhe oferecer um chá, chamou uma das criadas,  pediu-lhe para fazer chá, para ele e para a sua comadre, enquanto lanchavam, cada um revelou a sua preferência, sobre o sexo do futuro bebé, como era de esperar, ele preferia que fosse um menino, ela uma menina    

Despediram-se, e ele prometeu mandar informá-la, sempre que tivesse notícias, ela agradeceu-lhe pelas boas notícias e pelo lanche, desejando que em breve se voltassem a ver

Quando a Rosinha chegou a casa, todos perceberam que estava diferente, a tristeza, que enrugava o seu rosto, tinha dado ludar à alegria, estava radiante, florida de felicidade

Todos a rodearam, estavam ansiosos para saberem as novidades, começou por dizer que o Roberto e a Marina estavam bem, o seu compadre tinha acabado de receber uma carta da filha, já estavam em Coimbra, a estudar na Universidade, ela estava a estudar para médica e ele para advogado

Guardou para o fim a notícia mais importante, para que todos continuassem, por muito tempo a saboreá-la

Fez uma pausa, olhou para todos e disse que a Marina estava grávida, que estava muito feliz por vir a ser avó

Quiseram saber mais, mas ela acalmou-os, dizendo que não sabia mais pormenores, a não ser que a Marina tinha tido enjoos

A Milene ficou radiante, porque ia ter um primo ou mais uma prima e também por ver toda a família contente, incluindo a avó, que desde a morte do avô andava, sempre, tão triste.

Continua

 

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