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cheia

cheia

21
Abr22

Vento!

cheia

Vento

Invisível vento

Quantas vezes te defendo

Dizendo, que também tens o teu assento

Mas tudo o que é demais não presta

É o que, sempre, ouvi dizer

Mas não sei se vou continuar a fazê-lo

É que já estou pelos cabelos!

Mesmo sem te ver

Não sei se és gordo, magro, bonito ou feio

Já não aguento mais os teus empurrões e atropelos

Levas tudo à frente

Quem não tiver boas raízes não se sustem

Tu tanto praticas o mal, como o bem

E, não olhas a quem

Parcialidade insubmissa!

É essa a tua justiça?

E, quando matas tudo, até os sonhos

Como é que essa justiça fica?

Não respondes

É o que todos fazem

Quando praticam atrocidades

Quando tudo matam e destroem cidades.

 

José Silva Costa

 

 

03
Jul20

Distanciamento!

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Vidas!

 

 

Translúcido pôr-do-sol no interior de um mar ofegante

Num rasgo, num sopro, num último esforço tudo toma forma espacial

Com flamínia a soprar o fogo verde da origem

De asas no centro do vento

A sina inscrita nas linhas da minha mão

Na curvatura fértil do colo materno da terra onde

No frenesim das horas que engolem os dias

Desvendamos e rasgamos salgadas estradas invisíveis

No vazio imperfeito das suas rotações

Sondamos os astros

Não ouvimos o rio na margem da corrente

Onde gizamos as linhas do destino do sono

Quando o luar trespassa a nudez dos ossos

Sem vermos de onde sopra o vento azul

 As palavras são as veias dos sentidos

Onde arderás na combustão dos tempos

Enquanto nós nos túneis sem saída nos atropelamos

Por todo o lado

Com os corpos sustemos os desmoronamentos das cidades

Nas palavras incendidas

No deserto mar

No fundo dos remorsos

Para afugentarem o travo do tráfico droga armas vidas

Jovens mães carregam os filhos com a ajuda do brilho das estrelas

E bebem a aurora nos transportes suburbanos.

 

 

José Silva Costa

 

 

13
Abr20

Os tempos

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Os tempos

 

O silêncio sufoca-me o presente

Falta-me o barulho dos carros, em andamento

As cidades, as vilas, as aldeias estão em confinamento

Tudo tão calmo, tão parado, tão puro, o ar

Hoje, nem o vento apareceu!

Mas, não consigo sossegar

Penso no movimento intenso

Não fosse o inimigo invisível

Cortar-nos o ar, roubar-nos o dia

Afinal, tudo tem um dia: do começo e do fim

E, nós esquecemo-nos de quão bela é a alegria

Foi preciso o tempo dar-nos tempo, para voltarmos ao pensamento

Sem tempo, nunca nos aperceberíamos da importância do silêncio

Quando não temos tempo, para aproveitar o tempo

Como seria tão bom, beneficiarmos de tanto tempo, sem confinamento

Sem ele, não nos aperceberíamos da qualidade do tempo

Tanto ambicionámos ter tempo, agora não sabemos o que fazer com o tempo

Nunca tínhamos saboreado o silêncio, o perfume do vento, o cheiro do asfalto e do cimento

O que me assusta, foi termos parado, quase todos, ao mesmo tempo

Resta-nos a dolorosa fatura, deste descanso, que estamos a pagar e pagaremos durante muito tempo.

Para não falar dos que se foram antes do tempo.

 

José Silva Costa

25
Fev20

Terça-feira

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Terça-feira de Carnaval

25/02/2020

 

Um Carnaval com muitas máscaras

Mas, muito diferentes das dos outros anos

Máscaras contra o convid-19

O vírus que, o mundo, está a assustar

Um Carnaval, como o carnaval de Veneza, suspenso

Cidades fechadas, populações, a ficarem em casa, aconselhadas

Todas as atividades suspensas

Jogos de futebol à porta fechada

A correria aos supermercados

Todos estão tão assustados

Ninguém quer apertar a mão

Nem multidão

Todos têm medo da contaminação

Os contaminados não param de aumentar

Os mortos também não

Que Carnaval mais triste!

Em que as pessoas têm medo de sorrir

Nem dá para fingir

Até quem gosta de brincar ao Carnaval, desiste!

Uma época de alegria, folia, muita comunicação

Tornou-se numa prisão

Este Mundo está sempre em construção

Quando pensamos que o temos na mão

Aparece qualquer coisa a dizer-nos que não.

 

 

José Silva Costa

 

 

 

12
Nov19

A branca escuma

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Atlântico

Atlântico, onde, com os peixes, descanso

Nesse vai e vem, manso

Nos teus braços me deito, sonho e avanço

Uma estrada sem fim, onde em qualquer lugar danço

Sonho com todos os locais, que banhas, e não me canso

Viajar, correr o mundo, utilizando o baloiçar das ondas

Essa estrada secular, onde, portagens, não é preciso, pagar

Contigo e com os teus irmãos, a todo lado podia chegar

Mas o sonho morreu antes de começar

Fiquei em terra, não consegui abalar

Mas, não me canso de te escutar

Noite e dia oiço o teu sussurrar

E, quando posso, descanso, nos teus lençóis, o olhar

Nunca me canso de te contemplar

Mesmo em terra, contigo ando sempre a viajar

Não penses, que para isso, é preciso embarcar

Basta imaginar, e isso, ninguém me pode tirar

Assim, vou continuar, todos os dias, a namorar contigo.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

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