Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

cheia

cheia

22
Mai25

O Império

cheia

O Império  -  As teias que o Império teceu

114

Finalmente chegara o dia do tão esperado casamento, todos estavam contentes por não serem obrigados a irem trabalhar, a não ser os que estavam envolvidos na preparação da cerimónia, por terem oportunidade de entrar no palácio, ou pelo menos no jardim, onde seriam servidas refeições a quem não conseguisse lugar, no palácio

Os noivos estavam mito felizes, por verem que muitos tinham querido participar, na festa do seu casamento

Ambos gostavam do contacto com o povo, para eles era muito importante saberem como vivia, a fim de tentarem melhorar as suas condições de vida

Foi uma cerimónia muito simples, praticamente um almoço convívio, para além dos cumprimentos de felicidades aos noivos

O Roberto e a sua turma, uma turma, que incluía elementos de todas as idades, já não ambicionava só aprender a ler e escrever. Desde que tinha passado a dedicar um dia, por semana, a aulas no campo, que novos e velhos se empenhavam em discutir ideias, para uma melhor agricultura, com mais produção e melhores produtos

Muitos apresentavam ideias, que provocavam grandes discussões entre mais novos e mais velhos, como quase, sempre, acontece, cada um a defender as suas ideias

A cooperativa bem como o Governador estavam muito contentes com a movimentação por uma agricultura diferente, com novos utensílios, mais e melhores sementes, porque isso era a garantia de melhor e mais alimento, o que o era muito bom para quem governava a Província

Uma vez casados, falou à esposa da sua ideia sobre um imposto, para criar uma força, que defendesse Angola dos ataques das outras potências. Mas, a Zulmira disse-lhe que não concordava com impostos, uma vez que as pessoas viviam miseravelmente, com o conseguiam arrancar da terra, dos rios e do mar

Aconselhou-o a falar com os Sobas, que eram eles os representantes do povo, a quem todos obedeciam

O Miguel agradeceu-lhe, dizendo que ia seguir os seus conselhos, tentaria governar de maneira a que todos conseguissem uma vida melhor

Ela ficou contente, por ele ter em consideração os seus conselhos, mostrou-se pronta, para o ajudar na sua difícil missão. Mas, no seu entender, o governo do Reino é que tinha de fornecer os meios necessários, para defender a soberania da Colónia.

Continua

 

15
Mai25

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

113

Quando saíram da mata e depararam com leoas e leões a banquetearem-se com uma zebra, todos ficaram arrepiados, mesmo os que já tinham visto refeições semelhantes, o facto de serem apanhados de surpresa, fez com que ficassem muito tristes, esquecendo-se de que a natureza está muito bem organizada e a cadeia alimentar não é exceção

Alguns temeram pela vida, ficaram parados, queriam voltar para dentro da mata, mas o senhor Rocha tranquilizou-os, dizendo que os leões não os atacariam, e se isso acontecesse, bastaria fazerem um pouco de lume, para que eles os deixassem em paz

Serenados os ânimos, procuraram uma picada, (caminho estreito através do mato, dicionário da  Porto Editora ) por onde pudessem regressar a casa, não havia tempo a perder, o sol não esperava, tal como eles, também se sentia cansado, mas enquanto eles tinham uma casa à sua espera, onde poderiam descansar, ele não tinha ordem de descansar, já tinha outros povos à sua espera, para os iluminar 

Foi uma jornada extenuante, mas todos diziam ter valido a pena, porque a natureza é encantadora, e temos muito a aprender com ela, de regresso a casa, tinham muito para contar

O almoço, onde tinham decidido escolher a data do casamento, correu muito bem, mas o pai da noiva disse que era melhor os noivos escolherem a data em que queriam casar

A Zulmira e o Miguel não perderam tempo, ele sugeriu-lhe que marcassem o casamento para o dia dos anos dela, que estava prestes a chegar, concordou e agradeceu-lhe ter-se lembrado do seu aniversário

Foram, juntos, à cooperativa anunciar o data do seu casamento e convidar, todos, para o mesmo, acrescentando que seria uma cerimónia simples, à qual todos teriam acesso, tivessem ou não sido convidados

O Miguel tinha pressa em ter a Zulmira a seu lado, para o ajudar a gizar o plano, que iria transformar a Colónia, como tinha prometido ao Rei

Pensava implementar um imposto, para criar uma autoridade, que ocupasse o território, que impedisse o seu desmembramento por algumas potências, que há muito o cobiçavam

Não sabia como, não havia moeda, era tudo à base te trocas de bens ou serviços. Afinal, no terreno, era tudo muito mais complicado do que imaginara, em Lisboa

Queria muito saber a opinião da Zulmira, mas não a queria ocupar com essas preocupações, antes do casamento

Já tinha sondado o seu antecessor, seu conselheiro, mas a proposta não tinha merecido a sua simpatia.

Continua

     

08
Mai25

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

112

Antes de se despedirem, ainda, tiveram tempo para marcar um almoço, no palácio do Governador, para toda a família, a fim de escolherem a data do casamento e como seria a cerimónia, que deveria ser simples, como informou o Miguel, um pedido da noiva

A turma do Roberto estava ansiosa, para que chegasse o dia da nova aula do senhor Rocha, que lhes tinha prometido de que iriam entrar numa mata onde, em certos sítios, não seria possível ver o sol, porque as altas árvores estariam cobertas de lianas, dificultando a penetração na mata, que teria de ser feita com catanas, para abrir trilhos por onde pudessem passar

No dia aprazado, ninguém faltou, todos estavam curiosos em saber o que se iria passar, as expetativas eram muitas, uns esperavam ver elefantes, outros leões, hienas, rinocerontes, zebras, como se os animais, na floresta, estivessem à espera deles

O guia aconselhou que não se assustassem, nem fizessem barulho, caso vissem algum animal, para que ele não se sentisse ameaçado, porque os animais, normalmente, só reagem quando se sentem em perigo

Antes de entrarem na mata, num charco, perto de um rio, viram um grande crocodilo a apanhar banhos de sol, estiveram alguns minutos a contemplá-lo, olhou-os, mexeu-se um pouco, parecendo ter a incumbência de lhes desejar boas-vindas

O guia fez uma pequena palestra, pediu-lhes para seguirem em fila indiana, tentando não fazer barulho, para ver se conseguiam ver algum animal, ainda a dormir ou a descansar, depois de uma noite de procura de alimento

Dois homens, munidos de catanas iam abrindo caminho, o senhor Rocha colocou-se a meio da fila, para que todos ouvissem as suas explicações, o Roberto fechava a fila, para que ninguém ficasse para trás e se perdesse

Passado mais de uma hora, sem que acontecesse algo de extraordinário, a não ser o cansaço e a dificuldade na visibilidade, uma brusca agitação fez as árvores e as lianas estremecerem, era uma enorme cobra a deslocar-se, por cima das cabeças dos intrusos, que entraram na sua casa, sem autorização, acordando-a dos seus belos sonhos

Alguns gritaram, outros agacharam-se, para que ela não lhes tocasse, mesmo que ela estivesse a mais de um metro de altura, acima das suas cabeças. O senhor Rocha pediu-lhes que parassem e não fizessem barulho até ela se distanciar

Recuperados do susto, seguiram à descoberta dos segredos da impenetrável mata

Mas, o tempo escasseava, não podiam ficar presos na mata, tinham de sair o mais depressa possível, o regresso à claridade foi arrepiante.

Continua

 

 

 

   

 

 

05
Set24

O Império

cheia

O Império – As teias que o Império teceu

77

O Governador não a deixou ir sozinha, acompanhou-a à cooperativa, onde ambos foram recebidos com muita alegria, mas mais alegria houve, quando a Rosinha anunciou que tinha recebido uma carta do Roberto, dizendo que a Marina tinha tido um menino, e que se chama Afonso, por isso estavam muito felizes

Todos foram contagiados pela alegria da avó e do avô, beijaram-se e abraçaram-se, desejando muitas felicidades para os jovens pais e herdeiro, pedindo que o tempo passasse depressa para conhecerem o Afonso e voltarem a ver a Marina e o Roberto

Os avós também fizeram o mesmo pedido, a Rosinha acrescentou que era pena, o   Januário,não estar cá, para participar numa festa tão alegre e bonita

No regresso, enquanto acompanhava a Rosinha a casa, o Governador, que não cabia em si de contentamento, desabafou, dizendo: “ tenho 6 filhas, e foi a mais nova que me deu o primeiro neto, as outras, não compreendo o que querem, continuam a rejeitar os pretendentes, dizem-me que ainda não encontraram os príncipes, que as encantem, deve-lhes ter subido à cabeça o facto de serem filhas do Governador, o que não as torna diferentes das outras

A Marina apaixonou-se pelo seu filho, e como vemos, são um casal muito feliz, e seremos todos muito mais felizes, quando eles regressarem com o nosso Afonso”

Despediu-se da Rosinha, beijando-a e abraçando-a, dizendo que estava muito atrasado, que tinha muitos assuntos para tratar, mas que estava muito feliz, tinha sido um dos dias mais felizes da sua vida, e que, em breve, esperava trazer-lhe mais e boas notícias

A Rosinha agradeceu-lhe por tudo: pelas excelentes notícias e pela companhia, e acrescentou que só queria viver até a Marina e o Roberto regressarem a Luanda, acompanhados do Afonso

O Elisiário, no dia seguinte, não perdeu a oportunidade de ir ver o afilhado e a Anastácia, já não conseguia passar sem os ver todos os dias

Quando a Anastácia lhe abriu a porta, recebeu-o com um sorriso diferente, como que a anunciar que lhe iria dizer que aceitava o seu pedido de casamento

Dirigiram-se para o quarto do Afonso, onde o jovem casal contemplava o fruto do seu amor

Depois de se cumprimentarem e o Elisiário ter observado o afilhado, fez-se um minuto de silêncio, que a Anastácia aproveitou para lhes dizer que, uma vez que a família estava reunida, queria dizer ao Elisiário que, depois de ponderar sobre seu pedido, o aceitava como prova de amor reciproco

Foi um grande momento de alegria e felicidade: beijaram-se, abraçaram-se, todos queriam  que aquela felicidade e alegria se prolongassem para sempre

E, para que tudo ficasse esclarecido, a Anastácia disse ao Elisiário que se podia mudar, lá para casa, assim que quisesse e, se estivesse de acordo, não seriam precisas formalidades

O Elisiário disse que estava completamente de acordo, que no dia seguinte se mudaria lá para casa, e iria trazendo os seus poucos pertences até entregar a chave do quarto ao senhorio

Tirou do bolso do casaco, uma caixinha com um bonito anel, que entregou à Anastácia, esta ficou encantada com o bonito anel, beijaram-se mais uma vez, agradeceu-lhe muito a bonita prenda, pediu-lhe que lho enfiasse no dedo, e que dali em diante seriam mulher e marido.

 

Continua

 

 

 

22
Ago24

O Império

cheia

O Império  -  As teias que o Império teceu

 

75

 Afonso de Albuquerque conquistou Malaca, em 1511, na Malásia, ao tomar conhecimento da localização secreta das chamadas “ ilhas das especiarias”, ordenou a partida dos primeiros navios para o sudeste asiático, comandados por António de Abreu e por Francisco Serrão, guiados por pilotos malaios. Foram os primeiros europeus a chegar às Ilhas Banda, nas ilhas Molucas. A nau de Serrão encalhou próximo a Ceram, e o sultão de Ternate, Abu Lais, entrevendo uma oportunidade de aliar-se com uma poderosa nação estrangeira, levou os tripulantes para Ternate em 1512.A partir de então os portugueses foram autorizados a erguer uma fortificação-feitoria na ilha, na passagem para o oceano Pacífico: o Forte de São João Baptista de Ternate.

Em maio de 1513, navegando de Malaca (atual Malásia), Jorge Álvares foi o primeiro europeu a atingir o Sul da China. Seguiu-se o estabelecimento de algumas feitorias portuguesas na província de Cantão, onde se viria a estabelecer o entreposto de Macau em 1557, terá sido o primeiro europeu a alcançar e visitar o território de Hong Kong

 

O Elisiário, como estava de férias, todos os dias ia ver o afilhado e aproveitava para ver, também, a Anastácia, de quem tanto lhe custava separar-se, não conseguindo passar sem o perfume da sua respiração

Esperava por uma oportunidade, em que estivessem sozinhos, para lhe dizer quanto a amava e pedi-la em casamento

A oportunidade aconteceu e o Elisiário não a deixou escapar. Assim que ficaram sozinhos, disse-lhe que a amava, que queria casar com ela

A Anastácia, contra o que o seu corpo mostrava, e o Elisiário muito bem sabia observar, lembrou-lhe que era viúva, estado civil, que a obrigava a ser recatada, porque a sociedade era implacável no julgamento das viúvas, que voltavam a casar

Mas, disse-lhe que ia pensar no assunto e, em breve, dar lhe ia uma resposta. O Elisiário, que sentia que o que ela teria gostado de dizer, caso o seu estado civil fosse outro, “ também estou apaixonada por si”, fazendo com que ele tivesse ficado todo contente por não ter recebido um não

A Anastácia poderia ter aceitado imediatamente o pedido do Elisiário, mas isso poderia surpreende-lo, não é hábito as mulheres aceitarem esses pedidos, na hora, porque aos olhos deles isso significa facilidade, tudo o que eles não querem, gostam de luta, por isso, fazem-se de rogadas, quanto mais luta derem, mais eles se sentem vencedores

Mas, as viúvas podem dificultar, ainda mais, a aceitação de um novo companheiro, colocar um outro homem no lugar do seu primeiro grande amor, para algumas, pode ser impossível, e se houver filhos, estes podem coagi-las a não aceitarem viver com outro homem, privando-as da possibilidade de acabarem os seus dias acompanhadas e felizes.

 

Continua

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub