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26
Dez24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

93

 As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pêro Escobar as descobriram.

Os portugueses colonizaram-na com cristãos-novos que tinham sido expulsos pela Inquisição.[1]

cana-de-açúcar foi introduzida nas ilhas no século XV, mas a concorrência brasileira e as constantes rebeliões locais levaram a cultura agrícola ao declínio no século XVII. Assim sendo, a decadência açucareira tornou as ilhas entrepostos de escravos para o Caribe e para o Brasil.

Entre as principais dificuldades por que passaram as ilhas no final do século XVI destacam-se as revoltas de africanos entre 1590 e 1595, das quais a mais importante foi a Revolta dos Angolares.

A escravatura e o ciclo do Cacau

A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo de cacau e de café. Nesse período, as ilhas figuraram entre os maiores produtores mundiais de cacau. A escravatura foi abolida em 1876, mas ao longo do século XX os portugueses mantiveram os trabalhadores rurais em degradantes condições de trabalho. Baseava-se em mão de obra trazida principalmente de diferentes regiões da costa ocidental do continente africano, e posteriormente apenas populações oriundas das outras colónias portuguesas: Angola, Moçambique e Cabo Verde.

As grandes propriedades rurais, as roças, tornaram-se uma das matrizes na construção da história do país[2]. (Wikipédia)

Chegou o dia da partida das naus da carreira da Índia, o dia há muito  aguardado pela Marina e o Roberto, finalmente iriam regressar à sua terra, Angola

Viajavam na nau do comandante, que os recebeu à entrada da mesma, já se conheciam, o casal, dias antes, tinha tido um encontro com o comandante, para saberem se seria preciso tomarem algumas precauções, por causa do filho, que deveria ser o passageiro mais novo daquela viagem

Na altura disseram-lhe que tinham vindo de Luanda, para estudarem em Coimbra, como já tinham acabado os cursos, queriam voltar para a sua terra

Ele deu-lhes os parabéns, desejou-lhes muitas felicidades, dizendo, que soubesse eram os primeiros licenciados, que transportava. Por isso, era uma honra tê-los como companheiros de viagem

Quanto ao menino poderia acontecer que enjoasse a comida, se soubessem de alguma coisa, que ele gostasse, que não se deteriorasse e a pudessem  arranjar, era bom que a levassem, para ser mais fácil alimentá-lo.

Continua

 

12
Out23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

30

Os fazendeiros brasileiros precisavam de expulsar os holandeses de Angola e restabelecer o tráfego de escravos

Os soldados brasileiros foram os primeiros a cruzar o Atlântico, para guerrear no velho mundo

Havia vários anos que os fazendeiros se debruçavam nos parapeitos das janelas dos seus casarões, olhando os terreiros, à espera de melhores dias

Faltava movimento naqueles terreiros, magotes de escravos e escravas, jovens novas e bonitas, que faziam arregalar os olhos dos fazendeiros

Os engenhos de cana-de-açúcar, para funcionarem, precisavam de mão-de-obra negra

Tinham de encontrar uma estratégia, um meio de expulsarem os holandeses de Angola, e retomarem o negócio dos escravos

  1. Dom João IV autorizou as expedições, mas a Coroa Portuguesa não pôde contribuir nem com homens, nem dinheiro, porque estava empenhada nas batalhas da independência

A 8 de Maio de 1645, saiu do Rio de Janeiro, uma expedição comandada por Francisco Souto Maior, formada por alguns índios e 300 soldados, transportada em cinco navios

Da Baia, saíram mais três navios com uma tripulação de duzentos homens

Desembarcaram na enseada do Quicombo, caíram nas mãos dos jagas, uma tribo canibal, aliada dos holandeses

Os jagas fizeram um banquete, devorando quase duas centenas de brasileiros

Em Massangano, a nova capital de Angola, nem tudo corria bem, era difícil acomodar e alimentar tanta gente, apesar de todos os esforços

A Miquelina andava muito triste por não conseguir engravidar, e até que a ciência tenha conseguido dizer que a culpa da mulher não engravidar, não é só dela, as mulheres foram apontadas, como sendo, sempre, elas as causadoras de não engravidarem

O Ezequiel nunca a culpou por não engravidar, pelo contrário, sempre lhe disse, que mais tarde ou mais cedo engravidaria, pedindo-lhe para não pensar nisso, porque não gostava de a ver triste

A primeira expedição para expulsar os holandeses teve um trágico desfecho, mas os brasileiros conseguiram levar, para o Brasil, dois mil escravos, dando alento, aos donos dos engenhos, para a organização de uma nova expedição.

Continua 

 

  

 

01
Jun23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

11

O Januário perdera o medo, já se sentia plenamente integrado naquela comunidade, queria aprender a língua, os costumes, para saber como proceder e ser admirado e respeitado, por todos

Em breve a sua Rosinha dar-lhe-ia um filho ou uma filha, queria ser um pai exemplar, tencionava conseguir um trabalho, um negócio, fosse o que fosse, tinha era de dar para terem uma vida digna e na cidade de Luanda

O que não sabia era que tinha infringido uma lei do Reino, que não permitia que brancos tivessem relações sexuais com pretas, nem pretos com brancas, para que não aparecessem mulatos

Uma lei de Filipe II de Portugal, publicada em 1620, por estarem a aparecer muitos mulatos e mulatas nas Ilhas de Cabo Verde

Ilhas que devem o seu nome ao facto dos portugueses terem dado esse nome a um cabo, na costa do Senegal, que servia de referência, quando queriam ir para essas ilhas, sabendo que estavam no mesmo paralelo a 500 km da costa.

Descobertas em 1462, as Ilhas de Cabo Verde tiveram um papel muito importante no desenvolvimento da escravatura, tornando-se numa grande plataforma para o comércio de escravos

Tendo sido o primeiro sítio onde foram utilizados escravos nas plantações de cana-de-açúcar, cultura do algodão e nas quintas de pecuária, chegavam a ter mais de 30 escravos, que asseguravam a ordenha das vacas, fazer os queijos, a manteiga e muitas outras tarefas

As Ilhas, e em primeiro lugar a de Santiago, foram povoadas por algarvios, madeirenses e nortenhos, por parte da Europa e também por escravos por parte de África

Esta mistura provocou o aparecimento de muitos mulatos e mulatas, que Filipe II quis conter com a sua lei de 1620 e, ainda, com o pedido de que enviassem mulheres brancas para Cabo Verde

Mas nem uma nem outra deram resultado, porque não conseguiram que brancos não tivessem relações sexuais com pretas, nem pretos com brancas

Como dizem na minha terra, a estopa ao pé do lume incendeia

Muitos comerciantes estabeleceram-se em Santiago, para se dedicarem ao comércio de escravos, faziam incursões à costa de África, mas precisavam de intérpretes, que tinha de saber mais que a língua, tinham de se saber movimentar nos meandros da escravatura, por isso nasceu a profissão de o língua, que não podia faltar, para ajudar a fazer os negócios

À ilha de Santiago chegavam muitos escravos, vindos do continente africano, para, depois serem enviados para as Antilhas, as Américas e a Europa, o que fazia com que a Ilha tivesse tido um grande desenvolvimento, que se manteve até os portugueses se estabelecerem na Guiné, que fez com que os comerciantes deixassem de utilizar a ilha de Santiago, e enviassem os escravos diretamente da costa Africana, para os destinos finais

 

A cativa de Camões

aquela cativa
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
nem no céu estrelas
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
mas não de matar.

Uma graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão,
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.

Presença serena
que a tormenta amansa;
nela, enfim, descansa
toda a minha pena.
Esta é a cativa
que me tem cativo;
e, pois nela vivo

É força que viva.

 

Poema que terá sido inspirado num relacionamento amoroso, que o poeta terá tido com uma escrava, em Cabo Verde. Este poema está traduzido para Crioulo.

 

 

Continua

 

 

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