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26
Dez24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

93

 As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pêro Escobar as descobriram.

Os portugueses colonizaram-na com cristãos-novos que tinham sido expulsos pela Inquisição.[1]

cana-de-açúcar foi introduzida nas ilhas no século XV, mas a concorrência brasileira e as constantes rebeliões locais levaram a cultura agrícola ao declínio no século XVII. Assim sendo, a decadência açucareira tornou as ilhas entrepostos de escravos para o Caribe e para o Brasil.

Entre as principais dificuldades por que passaram as ilhas no final do século XVI destacam-se as revoltas de africanos entre 1590 e 1595, das quais a mais importante foi a Revolta dos Angolares.

A escravatura e o ciclo do Cacau

A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo de cacau e de café. Nesse período, as ilhas figuraram entre os maiores produtores mundiais de cacau. A escravatura foi abolida em 1876, mas ao longo do século XX os portugueses mantiveram os trabalhadores rurais em degradantes condições de trabalho. Baseava-se em mão de obra trazida principalmente de diferentes regiões da costa ocidental do continente africano, e posteriormente apenas populações oriundas das outras colónias portuguesas: Angola, Moçambique e Cabo Verde.

As grandes propriedades rurais, as roças, tornaram-se uma das matrizes na construção da história do país[2]. (Wikipédia)

Chegou o dia da partida das naus da carreira da Índia, o dia há muito  aguardado pela Marina e o Roberto, finalmente iriam regressar à sua terra, Angola

Viajavam na nau do comandante, que os recebeu à entrada da mesma, já se conheciam, o casal, dias antes, tinha tido um encontro com o comandante, para saberem se seria preciso tomarem algumas precauções, por causa do filho, que deveria ser o passageiro mais novo daquela viagem

Na altura disseram-lhe que tinham vindo de Luanda, para estudarem em Coimbra, como já tinham acabado os cursos, queriam voltar para a sua terra

Ele deu-lhes os parabéns, desejou-lhes muitas felicidades, dizendo, que soubesse eram os primeiros licenciados, que transportava. Por isso, era uma honra tê-los como companheiros de viagem

Quanto ao menino poderia acontecer que enjoasse a comida, se soubessem de alguma coisa, que ele gostasse, que não se deteriorasse e a pudessem  arranjar, era bom que a levassem, para ser mais fácil alimentá-lo.

Continua

 

13
Jun24

O Império

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 O Império  -  As teias que o Império teceu

 

64

Em Luanda, a Rosinha e a restante família estavam muito preocupados por não terem notícias do Roberto e da Marina, que já tinha conquistado aquela família, pela sua simplicidade, por se preocupar com os problemas daquela comunidade e pelo amor que todos sentiam que tinha pelo Roberto

Em Coimbra, a Marina inscreveu-se na Faculdade de Medicina e o Roberto na de Direito

Apesar da gravidez, queria a todo custo Licenciar-se em Medicina, e logo nos primeiros tempos, mostrou que era uma ótima aluna

 

( A troca das Infantas, para evitar guerras)

 

Conflitos entre Portugal e Espanha, por causa da fundação pelos portugueses de Montevidéu, no Rio da Prata, a 22 de novembro de 1723

Era uma zona que os portugueses consideravam ser o limite meridional natural do Brasil, enquanto os espanhóis de Buenos Aires queriam controlar todo o estuário do Rio da Prata

Os portugueses tinham desde 1680 a Colónia do Sacramento na região, que fora ocupada pelos espanhóis durante a Guerra da Sucessão Espanhola

Para evitar novas controvérsias e fortalecer ainda mais a aliança que se pretendia, a diplomacia espanhola propôs um duplo matrimónio: para além do casamento entre o príncipe herdeiro espanhol e Maria Bárbara, o príncipe herdeiro português poderia casar com a regressada Mariana Vitória

A infanta Mariana Vitória fora originalmente prometida a Luís XV de França ( a jovem infanta Espanhola fora rejeitada quatro anos depois, quando tinha sete anos, tendo voltado a Madrid )

  1. João V aceitou a proposta, e dois anos mais tarde, tendo os príncipes e as infantas chegado a idade um pouco mais crescida, firmaram-se então os acordos pré-nupciais: o duplo casamento da Infanta espanhola Mariana Vitória de Espanha ao herdeiro do trono português, José, Príncipe do Brasil e de seu meio-irmão mais velho Fernando, Príncipe das Astúrias à irmã de José, a infanta Maria Bárbara de Portugal, em Janeiro de 1729

Foi um complexo arranjo diplomático e protocolar, os dois conjuntos de príncipes e princesas foram escoltados até a fronteira Espanha-Portugal pelas duas cortes reais ibéricas

Por fim, após demorada preparação, a troca das Princesas realizou-se a 19 de janeiro de 1729. A troca foi feita no Rio Caia

A cerimónia fez-se literalmente a meio do rio, numa grande ponte-palácio de madeira

Houve uma grande preocupação em garantir que o cerimonial fosse perfeitamente simétrico para que ambos os reis, João V de Portugal e Filipe V de Espanha, tivessem  igual precedência

A coroa portuguesa pediu dinheiro aos quatro cantos do Império, incluindo Minas Gerais, para costear tão dispendiosa cerimónia.

Todas as localidades, entre Lisboa e o Rio Caia, por onde o cortejo passou, estavam  engalanadas.  ( da internet)

Continua

 

16
Mai24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

60

 

Quando teve alta, o genial Maciel, seguiu para a fortaleza de Massangano, onde antes estiveram a Rosinha, o Januário, a Miquelina e o Ezequiel, quando a fortaleza foi capital de Angola, na sequência da ocupação da cidade, pelos holandeses

Foi solto para lutar pela sobrevivência. Tornou-se representante comercial dos negociantes de Luanda

 

Os pais e a avó disseram-lhe que o avô talvez já não se levantasse, ficou muito triste, chorou muito, quis ir vê-lo, eles disseram-lhe que fosse, que a acompanhavam, já estava em coma,  queria falar com ele, não parava de chorar, os familiares disseram – lhe que era melhor deixá-lo descansar. Mas, ela chorava e dizia que não queria que ele morresse

A mãe agarrou-se a ela, beijou-a, apertou-a contra ela, dizendo-lhe que tudo o que nascia morria, já sabia que os animais morriam, compreendeu que isso, também, acontecia às pessoas.

Em 1797, o novo Governador de Angola, D. Miguel António de Melo atestou, em ofício enviado para o Ministro do Ultramar, em Lisboa, que o Maciel  ganhava a vida como vendedor de panos no sertão

Em 1799 recebeu,  do Governador, uma licença para levar um carregamento à feira de Cassange, e encarregou-o da missão de verificar a existência de riquezas minerais, pelos sertões de Angola

Em Cathari montou uma pequena siderurgia, que produzia alguns ferros, com improvisação e o auxílio de cento e trinta e quatro negros

Em 1800 enviou um relatório, ao Governador, sobre o seu trabalho e as dificuldades que enfrentava por não encontrar oficiais de mecânica, carpinteiros e ferreiros, solicitando que estes profissionais lhe fossem enviados do Brasil

O Governador, assim que recebeu a resposta da Corte, chamou o Maciel e leu-lhe os elogios, que o Rei fazia ao seu desempenho, pediu a lista do que necessitava, para desenvolver a siderurgia

Maciel terá falecido em março de 1804 ou 1805, aos 44 anos de idade, antes que chegassem os recursos, que pedira a Lisboa.

Em 21 de abril de 1955, nas comemorações, pelos cento e sessenta e três anos da morte de Tiradentes, o governo do estado de Minas Gerais inaugurou uma siderurgia em Saramenha, no lugar das minas, por ele descobertas em 1788, com um forno, com o seu nome, em sua homenagem.

Na cooperativa, foi marcada uma reunião, para ouvir as mulheres sobre os problemas com os partos

Todas falaram das suas experiências, e as que já tinha ajudado a resolver partos mais difíceis, prontificaram-se a ajudar, sempre que fosse necessário

O Januário já estava acamado há alguns dias, todos pressentiram que tinham chegado ao fim os seus dias

A Milene sentia a falta do avô, queria ir para o campo correr, subir às árvores, gastar a muita energia, que tinha, e era com ele que costumava ir.

 

 

Continua

 

 

11
Abr24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

55  

Em 1761, no reinado de D. José I, foi proibida a importação de escravos em Portugal Continental e na Índia, não por razões humanitárias, mas por ser mão-de-obra necessária no Brasil

Ao mesmo tempo foi estimulado o comércio de escravos negros para aquela colónia, foram fundadas, com o apoio e envolvimento direto do Marquês de Pombal, duas companhias: a Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba, cuja atividade principal era o tráfico de escravos, na maioria  africanos, para terras brasileiras

Na lista de acionistas contavam-se, além do Marquês, muitos nobres e clérigos

Entre 1757 e 1777, foram importados 25.360 escravos negros, para o Pará e Maranhão, vindos dos portos africanos

As medidas protecionistas, adotados por Portugal, afastaram os negociantes brasileiros para outros portos menos controlados

Os comandantes da marinha portuguesa receberam ordens para apreenderem os navios negreiros, tendo sido premiados, pelo Reino de Portugal, pelas apreensões

Em 1840, cessou o tráfego através do porto de Luanda

A escravização de populações africanas começou a perder folgo, no início do XIX, quando ingleses e franceses abandonaram o tráfico e começaram a pressão para a sua extinção  

Passaram a afundar os navios negreiros, que cruzavam o Atlântico, as fazendas, que produziam café, no sudeste do Brasil, ainda usavam mão-de-obra escrava proveniente de África, ou descendentes de escravos africanos

Implementada a creche, as cooperantes sentiram a necessidade de um refetório, uma cozinha: um sítio onde pudessem cozinhar e comer as refeições, dar de comer aos filhos, à medida que iam deixando de ser amamentados

Outras acrescentaram que deviam, também, ter uma loja para venderem os seus produtos

Umas queriam fazer tudo de seguida, para outras, estavam a andar muito depressa, era preciso ir mais de vagar, fazer uma coisa de cada vez

Numa próxima assembleia geral, tinham de decidir, saber o que queria a maioria, para que a cooperativa continuasse a funcionar com o apoio de todas.

 

Continua

 

 

23
Mar24

Um ano de Império!

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Um ano de Império!

 

(23/03/2023)

 

Faz hoje um ano que comecei a publicar  “ O Império – as teias que  o Império teceu”

Comecei a escrevê-lo a 12/02/2023, sem qualquer plano, sem saber o que iria escrever, como continua a acontecer. Mas, hoje, tenho um conhecimento diferente, sobre as relações entre Angola e o Brasil

Como os heróis desta aventura decidiram viver em Angola, tem sido a história desta ex- colónia a mais mencionada

Infelizmente, foi a escravatura, que uniu as duas colónias. Com a ocupação de Luanda, pelos holandeses, os brasileiros, que necessitavam de escravos para as plantações e minas, tiveram de ser eles a expulsá-los de Angola 

Até finais do século XVII, Angola funcionou como um reservatório de escravos

Entre 1822 e 1823, centrado em Bengala e aglutinando outras cidades do litoral, surgia a Confederação Brasílica, um Estado separatista, que tinha a finalidade de juntar Angola ao recém-independente Brasil. Esse movimento foi formado por colonos e soldados de Benguela, que em boa parte provinham do Brasil. O governo da colónia, exilado em São Tomé, chamou reforços e esmagou a revolta

Uma boa parte desses colonos são presos deportados de Portugal, como o célebre Zé do Telhado

Às leitoras e leitores, agradeço os comentários, as sugestões e o interesse, por esta história, sem os quais, ela já teria acabado. Assim, não sei por quanto mais tempo este império continuara.

 

José Silva Costa

   

 

 

29
Fev24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

50

A última expedição brasileira a Angola foi em 1671, 200 mulatos nordestinos participaram na batalha conhecida como Pungo Adungo. Quando saiu de vez do território angolano, o Brasil deixou muito bem estabelecido por lá um forte comércio de fumo e cachaça, que conquistou os traficantes de escravos até à sua proibição

A cooperativa estava a tornar-se numa grande família, o casamento do Zacarias, filho da Miquelina e do Ezequiel, com a Milay, filha de um casal cooperante, cujo namoro já durava há muito tempo, fez com que as duas famílias ficassem muito felizes

Os jovens começavam a ocupar o lugar dos pais, tanto na produção como na gestão da cooperativa, o que fez com que mais jovens aderissem ao projeto

A Rosinha e o Januário continuavam a saborear a reforma, que lhes foi imposta pelos filhos, que não queriam que eles voltassem para os trabalhos do campo, dizendo-lhes, que aproveitassem bem o tempo, porque mais tarde ou mais cedo apareceriam os netos, acabando com a lua-de-mel dos avós: “ filhos criados, trabalhos dobrados”

Assim, passavam os dias calcorreando os sítios onde tinha sido felizes, onde se tinham encontrado, onde tudo tinha começado

Recordavam os tempos em que eram jovens, quando não tinham dores nas pernas e nas costas, não precisavam de andar constantemente a descansar, porque os anos pesam muito, fazendo com que se percam as forças

O Januário, desde que tinha estado doente, no Brasil, com as sazões, de vez em quando, voltava a ficar doente com as terríveis febres

Aquele tempo de férias, imposto pelos filhos, fez com que o Januário e a Rosinha se apercebessem de que estava na altura de se reformarem

A Rosinha não queria deixar de trabalhar. Mas sabia que o Januário precisava da sua ajuda e companhia, para o ajudar a ultrapassar as sazões, mesmo que ele insistisse que aquilo era passageiro

Assim, pediu aos filhos que falassem com os cooperantes, no sentido de marcarem a assembleia, para que todos apresentassem as suas ideias, para melhorarem a cooperação, os rendimentos, as habitações: a vida

A Leopoldina e o Jeremias deram-lhes a boa notícia de que iriam ser avós, não poderiam ter recebido melhor notícia, remédio, esperança, alegria, incentivo para afogarem as dores  e as febres do Januário

Foi de tal maneira, que esqueceram tudo o que os atormentava, e começaram fazer planos de como iriam ajudar a criar a neta ou neto

Foi tanta a felicidade, que pareciam ter rejuvenescido muitos anos, fazendo com que os futuros pais, também ficassem babados de felicidade, e fossem a correr, dar a notícia à restante família.

 

Continua

 

 

 

01
Fev24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

46

O Jeremias e a Leopoldina tinham começado a namorar, pouco depois do Januário ter  embarcado para o Brasil, planeavam casar-se assim que ele regressasse, mas ainda  não tinha tido coragem de lhe pedir a filha, em casamento

Muitos rapazes não se sentiam muito à vontade, para pedirem as namoradas em casamento, como se sabe, os pais são exigentes com os pretendentes das suas filhas, para eles, não há rapazes que mereçam as suas princesas

São capazes de todos os sacrifícios pela família: emigram, deixam a mulher e os filhos, vivem o sonho de lhes dar uma vida melhor, se necessário for, trabalham dia e noite

Quando lhes aparece, pela frente, um magarefe, que não conhecem de lado nenhum, ficam em pânico, não querendo de maneira nenhuma, abrir mão das suas filhas, que lhe deram tanto trabalho a criar

Temem que sejam mal tratadas, sabem que a violência doméstica é uma chaga incurável

Esquecem-se que, também, já tiveram de arranjar coragem para enfrentar os pais das suas namoradas, e alguns, nem sempre, as trataram bem, exigindo, depois, e bem, que as suas filhas sejam respeitadas

Então, vamos todos, primeiro, dar o exemplo, respeitando as nossas namoradas e esposas, para que as nossas filhas sejam tratadas como merecem: respeitadas e amadas

O Jeremias não teve outro remédio, senão arranjar coragem para pedir a mão da Leopoldina

O Januário gostou da maneira como o Jeremias lhe disse que ia tratar a sua filha, mas não deixou de lhe pedir que a tratasse com todo o amor e carinho, porque a filha, o filho e a esposa eram os seus tesouros

Mais uma vez, o Jeremias lhe garantiu que estivesse descansado, que ele respeitaria e amaria a Leopoldina, como se fosse a mais delicada flor que, para ele, também era o seu maior tesouro

Pediu-lhe que lhes desse autorização, para que dentro de um mês, começassem a viver juntos, como marido e mulher

O Januário respondeu-lhe, que por ele estavam autorizados. Mas que a Rosinha, também, tinha de autorizar. Assim, o melhor seria reunirem-se os quatro, para que todos dessem a sua opinião, para se ver se todos estavam de acordo

Na reunião familiar, em que também esteve presente o irmão da Leopoldina, todos concordaram, que a Leopoldina fosse viver com o Jeremias, e desejaram-lhes as maiores felicidades

A família, depois de anos atribulados, vivia tempos de muita felicidade, a Rosinha e o Januário já sonhavam com uma neta ou um neto

O desejo de quase todos os pais, que os filhos lhe deem essas perfumadas e bonitas flores.

Continua

 

 

21
Dez23

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

40

O Januário conseguiu recuperar da doença, que o fez ficar oito dias de cama

Continuou a falar com os escravos, que ainda não tinha falado, que trabalhavam naquela fazenda

Ao fim de mais cinco dias de esforços, teve a alegria de encontrar o irmão mais novo da Rosinha, que o informou que o pai e o irmão não tinham conseguido resistir a tantos maus tratos

Disse-lhe que era seu cunhado, vivia com a sua irmã mais nova, e que tinham uma menina e um menino muito bonitos,  que pretendia levá-lo, para Luanda

O escravo respondeu-lhe que não sabia se o seu patrão o libertaria, porque ele era o seu

dono

O cunhado disse-lhe que iria falar com ele, e que tinha quase a certeza que iriam os dois para Angola

Os olhos do irmão da Rosinha brilharam, e a língua disse que se isso acontecesse era um grande milagre

No dia seguinte, o Januário procurou-o, para lhe dar a boa notícia de estava livre e podia acompanhá-lo, para irem para o Rio de Janeiro, abraçaram-se e choraram

Quando se foram despedir do fazendeiro, este deu-lhe roupa lavada, porque a que tinha vestida estava muito rasgada e suja

Desejou-lhes boa sorte e bom regresso a casa, e que estva muito triste por o pai e o irmão terem morrido

Eles e os guias meteram-se a caminho, estavam muito longe do Rio de Janeiro, ainda iam demorar alguns dias a lá chegar

Com a chegada do novo Governador, João Fernandes Vieira, o Ezequiel deixou de fazer parte dos seus colaboradores

Passou a dedicar-se à agricultura, integrando uma grande equipa, da qual já faziam parte a mulher e a cunhada

Já produziam uma grande parte dos produtos alimentares que a cidade de Luanda consumia

Com a colaboração dele, a mulher e a cunhada ficavam com mais tempo livre, para a lida da casa e dar atenção aos filhos

Estava tudo a correr muito bem, tinham-se visto livres do negócio da escravatura, com o qual não concordavam

Mas, a falta de notícias do Januário, continuava a causar muita tristeza em toda a família, por que a incerteza mói mais que a morte

Não falavam do assunto, mas os rostos diziam bem as dores que iam dentro do corpos, ainda que os mais novos tudo fizessem para alegrar os mais velhos

Só restava esperar que os barcos que chegavam do Brasil trouxessem boas ou más notícias.

Continua.

 

14
Dez23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

39

Pela Bula Dum Diversas, de 18 de Junho de 1542, o papa Nicolau V autorizou o rei de Portugal, D. Afonso V, e seus sucessores, a conquistar e subjugar as terras dos “infiéis, pagãos e outros “inimigos de Cristo”, reduzir as suas pessoas à escravatura perpétua, e apropriar-se dos seus reinos, ducados, palácios reais, principados e outros domínios, possessões e bens, para si, seu uso e seus sucessores, os Reis de Portugal. (wikipédia)

O reinado africano de Salvador de Sá acabou em 1652. Seguiu-se João Fernandes Vieira, grande proprietário de engenhos de cana-de-açúcar, na Paraíba

Foi comandante da resistência aos holandeses, na Insurreição Pernambucana

Governou Angola entre 1651 e 1658. Vieira iniciou a série de expedições de Mulatos Nordestinos, que espalharam o terror na África Central, queimando as plantações dos nativos e escravizando angolanos e congoleses, inclusive de tribos aliadas dos Portugueses

Acabou excomungado pelos Jesuítas, por denunciar a imensa quantidade de escravos, que a Igreja mantinha em cativeiro

A Rosinha estava, de dia para dia, mais triste, martirizando-se por não ter impedido o Januário de ter ido para o Brasil. Também os filhos, a cunhada e o cunhado sofriam com o seu sofrimento

Já todos punham em dúvida o seu regresso, menos a Rosinha, que sempre acreditou que ele voltaria. Mas nem isso a ajudava a suportar a tão grande ausência do Januário

Já tinham passado quase dois anos, desde que tinha embarcado, para o Brasil, sem que tivesse dado notícias

O Januário continuava, no meio daqueles 2.000 escravos, a tentar encontrar os familiares da Rosinha

Só podia falar com eles, nas poucas pausas do trabalho. Estava esgotado, adoeceu, esteve oito dias de cama, o fazendeiro e os guias, que o acompanhavam estavam muito preocupados

O fazendeiro tinha receio de que o acusassem de o querer matar, dizia aos guias que não lhe tinha dado nada para ele adoecer, estes respondiam-lhe que acreditavam nele

Adoecer acontece a qualquer um, desejavam é que ele resistisse e melhorasse, para cumprirem a missão e voltarem para casa

Estavam arrependidos de o terem aconselhado a continuar, quando queria dar o trabalho por concluído e regressar a Luanda

Diziam para o fazendeiro que ele era forte e saudável, durante todo aquele tempo, nunca se queixara e estava sempre pronto para caminhar, mostrando vontade de acabar a sua missão quanto antes

Tinha muitas saudades da mulher e dos filhos, receava não voltar a vê-los, queria, quanto antes, voltar ao Rio de Janeiro, pedir ao Governador que lhe arranjasse lugar num barco com destino a Luanda

Tanto mar o separava do Continente Africano, estava orgulhoso de já ter estado em três Continentes.    

  Continua

 

07
Dez23

O Império

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O Império - As teias que o Império teceu

 

38

 

Em Luanda, todos estavam muito preocupados por não saberem nada do Januário, a Leopoldina e o Roberto bem viam a tristeza em que a mãe vivia

A ocupação na agricultura e o sucesso do seu novo projeto faziam com que por momentos esquecesse a ausência do marido

Também os filhos faziam de tudo para que a mãe não estivesse, sempre, a falar no regresso do pai, incentivando-a a produzir mais, associando-se a mais mulheres, para conseguirem abastecer a cidade

O que faria com que conseguissem viver só da agricultura e deixassem de vez o negócio da escravatura

Cada vez havia mais senhoras a quererem associar-se à Rosinha, não só por ela ser uma boa gestora, mas por cumprir com a sua palavra, pagando um preço justo e a tempo

Ela e a Miquelina geriam uma associação de muitas mulheres, que cultivavam vários alimentos, indispensáveis ao sustento da população da cidade de Luanda

Até o Governador, Salvador de Sá, pediu ao Ezequiel que transmitisse a sua admiração e gratidão à sua esposa, cunhada e restantes mulheres, pelo seu excelente trabalho e grande contributo para o desenvolvimento da agricultura, fazendo com que tivesse feito melhorar a vida das famílias das senhoras da associação das agricultoras

No Brasil, o Januário, quando já tinha perdido as esperanças de encontrar os familiares, um dos guias convenceu-o a visitarem mais umas fazendas, numa delas, o fazendeiro disse-lhe que tinha uma vaga ideia de terem trabalhado, na sua fazenda, os três escravos, que procurava

Mas, como não conhecia todos os escravos, que trabalhavam para ele, o melhor era irem falar com o que, ainda, estava vivo, para confirmarem se eram os que ele procurava

Eram mais de 2.000 escravos, que trabalhavam naquela fazenda. O que fez com que fossem precisos muitos dias em conversações, com muitos deles, para tentar encontrar os familiares da Rosinha

O Januário não fazia a mínima ideia das condições em que os escravos viviam e trabalhavam naqueles engenhos de açúcar, antes de chegar ao Brasil

Quis fazer algumas perguntas aos escravos, sobre as condições de trabalho, alimentação e descanso, mas os capatazes que os fazendeiros, em todas as fazendas, mandaram que o  acompanhasse, nunca permitiram que o fizesse.

 

Continua

 

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