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07
Nov24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

86

No regresso a casa, pensou no que a comadre lhe tinha acabado de dizer, se ela estivesse certa, se todas casassem, realizariam o seu sonho: ter uma enorme família

Apesar de estar contente por ver as filhas a constituírem família, a mágoa da perda da sua amada continuava a atormentá-lo, nunca a esqueceria, era o grande amor da sua vida

As seis bonitas filhas que deixou, na hora da partida, sem tempo para a despedida, foi como se o tivesse encarregado de fazer também o lugar dela, tomando conta delas, para sempre, e assim estar, também, presente. Cada uma representava uma faceta da mãe, ajudando a que nunca a esquecesse

Em Coimbra, a Anastácia, como era ela que mais tempo passava com o Afonso, mesmo custando-lhe muito, porque ia ficar sem ele, preparava-o para a sua grande aventura, a viagem para outro continente, muito diferente

Assim, ia-lhe dizendo que quando os pais voltassem para a terra deles, ele iria conhecer os verdadeiros avós: o pai da mãe e a mãe do pai, os primos, as primas, as tias, os tios, uma vez que a mãe da mãe e o pai do pai já tinham morrido

Por sua parte, o Afonso, como é compreensível não queria ficar sem a Anastácia e o Elisiário, que eram com quem ele tinha crescido

Infelizmente, adivinhava-se uma separação muito dolorosa, para todos, como acontece em todas as partidas, e esta era uma partida sem expectativas de retorno

Deixou de lhe falar no assunto, talvez fosse melhor, se calhar ainda era muito pequeno para compreender as teias que a vida tece, os motivos por que nasceu num continente, que se não fosse o facto de andarmos, sempre, de um lado para o outro, à procura de melhores condições de vida, não teria acontecido.

“ Política colonial entre 1900 e 1930

 

Com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província pode finalmente organizar a administração do território, com a instituição do Regulado. O governo recrutava membros da aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta do imposto-de-palhota, do recrutamento de trabalhadores para a administração e da proibição da venda de quaisquer bebidas alcoólicas que não fossem provenientes da Metrópole.

Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de trabalhadores para as minas sul-africanas, firmou um acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade, regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico através do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da Província recebia uma taxa por cada trabalhador recrutado; mais tarde, o acordo incluía a retenção de metade do salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o montante respectivo entregue aos mineiros no seu regresso, em moeda local.” (Vikipédia)

Continua.

10
Out24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

82

 

A resistência à ocupação colonial no sul de Moçambique

Em 1885 (ano da Conferência de Berlim - da partilha de África), a autoridade colonial portuguesa no sul de Moçambique confinava-se a Lourenço Marques mas, com o início da exploração das minas de ouro do Transvaal, no ano seguinte, e o consequente aumento do tráfego naquele porto, os portugueses decidiram finalmente organizar o controlo das populações desta região. Estas constituíam um mercado, não só para os produtos exportados de Portugal (em particular as bebidas alcoólicas), mas também de mão-de-obra para as minas sul-africanas, dificultando a sua mobilização para a construção do caminho-de-ferro que ligaria o Transvaal ao porto de Lourenço Marques.

No ano seguinte, foi nomeado um Comissário-Residente para Gaza, que foi "promovido" a Intendente Geral em 1889, com a transferência de Gungunhana de Mossurize para Manjacaze; em 1888, foi estabelecido um posto militar perto de Marracuene e, em 1890, foi nomeado um Comissário-Residente para Lourenço Marques. Entretanto, em 1888, as autoridades coloniais reavivaram os "Termos de Vassalagem" com os reinos da região.

Mas estas medidas não foram suficientes, nem para cobrar o "imposto de palhota" (contribuição por família, expresso nos "Termos de Vassalagem", fixado naquela altura em 340 réis), nem para assegurar o recrutamento de mão-de-obra, uma vez que o trabalho nas minas sul-africanas rendia seis vezes mais do que os concessionários do caminho-de-ferro pagavam. Em 1892, o governo de Lisboa enviou a Moçambique António Enes como Comissário Régio, para avaliar as condições económicas da Província e, no mesmo ano, os portugueses conseguiram realizar uma cobrança maciça do imposto, ameaçando os indígenas de verem as suas palhotas queimadas, se não pagassem. (Wikipédia)

O Afonso, antes de fazer um ano, já corria tudo, não deixava a Anastácia fazer nada, tinha saudades do tempo em que ele não saía do lugar onde o deixavam, o que lhe valia era o grande corredor, onde podia brincar, com uma bola, durante muito tempo

Os pais e o Elisiário passava todo o dia na Universidade, muitos dias só o viam a dormir, o que muito os entristecia. Mas, o curso de medicina é muito exigente, o que fazia com que a mãe, nem todos os dias o visse acordado

A Marina e o Roberto estavam tão feliz, por a Anastácia se ter cruzado com eles, que não sabiam como lhe agradecer, diziam-se as pessoas mais afortunadas do mundo

Estavam tão preocupados com ela, devido à sobrecarga de trabalho, que o Roberto sugeriu-lhe deixar os estudos, para tomar conta do filho.

Continua

 

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