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26
Out23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

32

Um interminável dia acabaria por ser o mais bonito, para a Miquelina e o Ezequiel

Quando ele entrou e a beijou, ela agarrou-se a ele, com as mãos na sua cintura, beijou-o durante tempo sem fim, apertando-o contra o seu corpo, para que sentisse como o seu corpo vibrava de alegria

Ezequiel não sabia o que se passava, para ela não deixar de o beijar, nem deixar de se colar ao seu corpo. Mas ela não parava, nem dizia o que se passava, queria que aquele momento não tivesse fim

Vendo que o Ezequiel estava quase a desesperar, disse-lhe que estava grávida, viu, nos olhos dele, o sorriso mais bonito e brilhante, que só uma grande felicidade conseguem transmitir

Continuaram agarrados um ao outro, agora era o Ezequiel que não parava de a beijar e de a abraçar, foram momentos inesquecíveis e indiscritíveis

Depois de tão grande azar, Salvador de Sá rumou para Luanda, na foz do rio Massangano, uma pequena comitiva desembarcou para avisar o Comandante do Forte de Massangano da chegada de reforços, mas os brasileiros foram aprisionados por nativos aliados dos inimigos, levaram-nos para um posto holandês, no Forte Mols, na foz do rio Cuanza

Sem saber se a comitiva tinha cumprido a sua missão, Salvador de Sá dirigiu-se para Luanda, onde chegou no dia 12 de agosto de 1648

Só dois navios guardavam o porto, o Noort-Holland e o Ouden Eendracht, que fugiram para o alto-mar

Dois pescadores negros, capturados no porto, contaram que a tropa, comandada pelo holndês Synon Pieterzoon, estava com os jagas a combater os portugueses em Massangano, o que ajudou a entrada, de Salvador de Sá, em Luanda, desguarnecida, com apenas 250 holandeses a vigiarem o Forte do Morro e o Forte da Guia  

Também a Rosinha e o Januário, bem como a filha e o filho ficaram muito contentes por saberem que a Miquelina estava grávida, mesmo que as condições, no Forte, não fossem as melhores para nascerem bebés

Isso não impedira que já tivessem nascido muitos, durante os longos anos, que já tinham passado, desde a chegada dos refugiados de Luanda, e muitos mais iriam nascer, porque é a única maneira de preservar a espécie, e naquele tempo não havia nada que ajudasse a combater o natural aumento dos membros das famílias.

 

Continua

 

 

26
Jul23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu  

19

Entretanto a Rosinha deu à luz o seu segundo filho: um rapaz. Correu tudo bem, chegaram a acordo para que se chamasse Roberto

Toda a família estava muito feliz, mas o Januário tinha um sorriso de orelha a orelha, de tanta felicidade

A Leopoldina também parecia muito contente, mas quando o viu ao colo da mãe, ficou com ciúmes, pediu aos pais para o darem, o que acontece com muitas crianças, por verem que têm de dividir as atenções, que eram só delas, ou pior, os adultos, erradamente, mimarem mais os bebés, que nem percebem o que está a acontecer, em vez de, nos primeiros tempos, privilegiarmos os que se sentem ameaçados, por os pais dedicarem tanto tempo ao bebé

Pais, famílias e amigos, aquando da chegada de bebés, que tenham irmãos pequenos, devem  fazer um esforço para darem toda a atenção aos que se sentem preteridos pela chegada dos bebés

Com a chegada do Roberto, nova pontinha de tristeza a toldar a grande alegria de Januário, por não conseguir transmitir a sua grande felicidade à mãe e ao irmão, quanto gostariam de saber da chegada dos novos membros da família, de conhecê-los, de vê-los!

Só lhe restava tentar saber novidades de Lisboa, estava na altura das naus, da carreira da Índia, atracarem no porto de Luanda, tinha de tentar passar mais vezes junto ao cais, para ver se notava alguma movimentação

Mas as obras ocupavam-lhe muito tempo, para além do que fazia questão em passar com a mulher e os filhos

Gostava de preparar a papa e dá-la à Leopoldina, enquanto a Rosinha dava de mamar ao irmão, para que ela não  sentisse que as atenções eram todas para ele

A avó materna e as tias também estavam muito contentes com a chegada do Roberto, mas estranhavam a maneira como o Januário participava nos cuidados com os filhos, o que não admirava, porque se tratava de costumes de duas sociedades diferentes, e ainda por cima o Januário estava muito à frente, no que dizia respeito à participação dos pais, nos cuidados com os filhos, no velho continente

Muito poucos, mas houve, sempre, quem pensasse que os cuidados com os filhos era uma tarefa do casal, mas eram muito mal vistos, insultados e até agredidos, por irem contra as tradições, que funcionam como leis

O Januário queria ser diferente, apostava na harmonia, queria viver com alegria o dia-a-dia, acreditava que havia uma complementaridade entre homens e mulheres, e que todos os povos eram irmãos

Teve muitas contrariedades e problemas, devido ao seu avançado pensamento, e mais por apregoar uma coisa e fazer o seu contrário, como acontece com muito boa gente, é muito difícil ser-se coerente.

 

Continua

 

 

 

 

 

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