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cheia

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21
Dez23

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

40

O Januário conseguiu recuperar da doença, que o fez ficar oito dias de cama

Continuou a falar com os escravos, que ainda não tinha falado, que trabalhavam naquela fazenda

Ao fim de mais cinco dias de esforços, teve a alegria de encontrar o irmão mais novo da Rosinha, que o informou que o pai e o irmão não tinham conseguido resistir a tantos maus tratos

Disse-lhe que era seu cunhado, vivia com a sua irmã mais nova, e que tinham uma menina e um menino muito bonitos,  que pretendia levá-lo, para Luanda

O escravo respondeu-lhe que não sabia se o seu patrão o libertaria, porque ele era o seu

dono

O cunhado disse-lhe que iria falar com ele, e que tinha quase a certeza que iriam os dois para Angola

Os olhos do irmão da Rosinha brilharam, e a língua disse que se isso acontecesse era um grande milagre

No dia seguinte, o Januário procurou-o, para lhe dar a boa notícia de estava livre e podia acompanhá-lo, para irem para o Rio de Janeiro, abraçaram-se e choraram

Quando se foram despedir do fazendeiro, este deu-lhe roupa lavada, porque a que tinha vestida estava muito rasgada e suja

Desejou-lhes boa sorte e bom regresso a casa, e que estva muito triste por o pai e o irmão terem morrido

Eles e os guias meteram-se a caminho, estavam muito longe do Rio de Janeiro, ainda iam demorar alguns dias a lá chegar

Com a chegada do novo Governador, João Fernandes Vieira, o Ezequiel deixou de fazer parte dos seus colaboradores

Passou a dedicar-se à agricultura, integrando uma grande equipa, da qual já faziam parte a mulher e a cunhada

Já produziam uma grande parte dos produtos alimentares que a cidade de Luanda consumia

Com a colaboração dele, a mulher e a cunhada ficavam com mais tempo livre, para a lida da casa e dar atenção aos filhos

Estava tudo a correr muito bem, tinham-se visto livres do negócio da escravatura, com o qual não concordavam

Mas, a falta de notícias do Januário, continuava a causar muita tristeza em toda a família, por que a incerteza mói mais que a morte

Não falavam do assunto, mas os rostos diziam bem as dores que iam dentro do corpos, ainda que os mais novos tudo fizessem para alegrar os mais velhos

Só restava esperar que os barcos que chegavam do Brasil trouxessem boas ou más notícias.

Continua.

 

06
Abr23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

3

Já vem de muito longe, quem queira viver do trabalho dos outros, os cucos, que põem os ovos nos ninhos dos outros pássaros, para que lhes criem os filhos, porque criar filhos dá muito trabalho

Os piratas, que trabalhavam por conta própria, não tinham de prestar vassalagem aos Reis

Os corsários, que tinham um estatuto, estavam autorizados a roubar os barcos das nações em guerra com a sua, tinham a bênção dos Reis

As caravelas portuguesas tinham de evitar maus encontros com todos estes senhores, que não querendo ou não podendo ir ao supermercado das índias, queriam ficar com as especiarias e as sedas, que os outros tinham tido o trabalho de ir buscar

Por causa dos piratas e corsários, os Felipes, aquando da união Ibérica (1580 a 1640) mandaram construir em Angra do Heroísmo uma enorme muralha para proteger as mercadorias que vinham do Oriente e das Américas

Há quem diga que em Angra do Heroísmo foi criada a primeira estação de serviço: abastecimento e reparação de navios, angariação de homens para fortalecerem ou substituírem as tripulações, serviços para tratamento dos que chegavam doentes, hospedarias, tabernas, casas de meninas ………..    

Terá a Ilha Terceira inspirado Camões, para escrever a Ilha dos Amores?  

     …]aconselhara a mestra experta:
Que andassem pelos campos espalhadas;
Que, vista dos barões a presa incerta,
Se fizessem primeiro desejadas.
Alguas, que na forma descoberta
Do belo corpo estavam confiadas,
Posta a artificiosa formosura,
Nuas lavar se deixam na água pura.
 (Canto IX, 65)

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

Oh, que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.
 (Canto IX, 83)

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

“Ali, com mil refrescos e manjares, Com vinhos odoríferos e rosas, Em cristalinos paços singulares, Fermosos leitos, e elas mais fermosas; Enfim, com mil deleites não vulgares, Os esperem as Ninfas amorosas, D’ amor feridas, pera lhe entregarem Quanto delas os olhos cobiçarem.

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

Continua

 

11
Jul22

Lisboa!

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Lisboa

Lisboa, cidade da Madragoa

Da gente Saloia

De todo o reino sem coroa

Namoradeira do Tejo

De todos: do Norte, do Centro e do Sul do Tejo

Que felicidade quando te vejo!

Depois de calcorrear todo o mundo e te desejo

Esteja onde estiver, volto ao um cais

Apanho uma caravela e desfraldo a vela

Mal entro a barra, olho-te da cabeça aos pés

Como se nunca te tivesse visto

As Amoreiras estão um encanto

Mas não me esqueço que eram os elétricos que descansavam naquele recanto

A Estrela será para sempre um ponto de encontro

Para muitos, o último

Mais abaixo o Parlamento

Onde todo o país está representado

Antigamente tão calado!

Hoje, com as pronúncias de todo o Estado

Aos pés do Príncipe Real, o irreconhecível Bairro Alto

Ninho de rameiras tornou-se num bairro de barulheiras

A Graça contínua com a sua graça

Junto ao rio já não há marujos nem becos sujos

Desentaiparam-no para que todos possam beneficiar do seu olhar

Onde todos se podem despedir dos barcos que se fazem ao mar

A oriente a refinaria da Sacor deu origem ao parque das nações

Foi-se o fumo, ficaram as recordações

A Expo 98 ficou nos nossos corações.

José Silva Costa

 

18
Nov21

Mar

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A ver o mar

 

Todos os dias vamos ver o mar

De manhã, bem cedo, antes do sol nascer

Gostamos de beber o ar do mar

É salgado, fresco, puro, azul

Enquanto caminhamos vamos contando os barcos

Que andam na pesca, junto à costa

Enquanto está escuro vêem-se, todos iluminados

Quando desligam as luzes são mais difíceis de se verem

Escondem-se entre as ondas: são do tamanho das cascas das nozes

Ao longe, na linha do horizonte, vêem-se uns maiores

Apesar da distância, nota-se que são gigantes

Ou são cargueiros, ou paquetes

Temos encontro marcado com dois coelhos, ou coelhas, ou um casal, não sabemos

Alimentam-se junto ao canavial, para poderem, mais facilmente, esconder-se

Não vá a águia, que também tem encontro marcado connosco, querer apanhá-los

Ela posiciona-se sobre o candeeiro da iluminação pública, por cima da lâmpada

Fica ali, uns bons minutos, a observar tudo à volta, na esperança de um bom pequeno-almoço

À espera que, naquele lusco-fusco, um rato, uma cobra, um coelho, saía da sua toca

Vai mudando de candeeiro, observando tudo à sua volta, até desaparecer em direção ao pinhal

Um dia ou outro não aparecem, nem dão justificação

O que faz com que fiquemos preocupados com a sua situação

Amanhã, vamos ver se voltarão.

 

José Silva costa

 

 

 

06
Jul21

Brilho!

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Brilho!

 

No brilho do luar

Dançam os teus olhos da cor do mar

Onde descanso o meu olhar

São como barcos a navegar

Que não param de me encantar

Como sou feliz, nos teus barcos, meu amor, adormecer!

Os teus beijos são salgados e sabem a mar

Estrelas, que meus lábios queimam

Como se fosse um lume doce

Que o meu corpo não sacia

Nem que me queimassem noite e dia

Me saciariam

Sem eles a noite é fria

A lua não tem magia

Acaba-se a alegria

Sem eles morreria

A sua chama era tudo o queria

Mas não por um momento ou um dia

Por todos os séculos

Até que um novo mundo nasça

Que todos nos convençamos que só há uma raça

Que o nosso comportamento é a maior ameaça

A que o bem se faça, sendo, para o lume, mais uma acha.

 

José Silva Costa

 

 

 

30
Jun19

Canícula

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Canícula

O Mundo acordou a sorrir

Os “palhaços” voltaram a fazer-se ouvir

É melhor do que acordamos com o barulho dos tiros!

Não quer dizer que haja menos perigos

Continuam a morrer, por comerem de mais, menos

E, a morrer, por comerem de menos, mais

As guerras, os atentados, os acidentes continuam a matar

Dos que fogem de um lado para o outro, nem é bom falar!

Isso fica para os mares e os rios contarem

Porque, só eles sabem por que aflições estão, sempre, a passar

Tanto grito, choro e pedido de socorro!

E, aqueles que os ouvem e os vão ajudar

Estão sujeitos, à prisão, ir parar

Porque os que não os ouvem, têm a força da ovação

Dos que acham que não somos todos irmãos

Que não temos, todos, direito a casa e pão

Por que razão, gostamos tanto da acumulação!

Se sabemos, que chega o dia em que não precisamos de nada.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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