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06
Jun24

O Império

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O Império   -  As teias que o Império teceu

63

A força do amor! A Marina e Roberto, que para além de quererem estudar na Universidade de Coimbra, que consideravam ser a mais prestigiada Universidade da Europa, queriam, também iniciar uma vida a dois

Assim, em dois anos conseguiram habilitações, para ingressarem na Universidade

Por ser filha do Governador, teve oportunidade de embarcar, em Luanda, numa nau, que fazia parte da frota, vinda da Índia, e ali tinha feito escala, para reabastecimento, com o Roberto, seu namorado

Foram quase dois meses de viagem, uma viagem tranquila, só aportaram ao Funchal, na Ilha da Madeira, para voltar a reabastecer a frota

Chegaram a Lisboa, em finais de Julho, em pleno verão, ficara encantados com a cidade, calcorrearam as suas vielas e colinas, como se procurassem os seus antepassados

Continuavam intrigados, sem terem uma explicação, para que um pequeno país tivesse empreendido uma tão grande aventura, como foram os descobrimentos, que levaram os portugueses a todos os Continentes, fazendo com que, à força, tivessem feito muitas conquistas, formando um grane Império

No início de Setembro, dirigiram-se para Coimbra. Aí chegados, entregaram as credencias, que lhes permitiam frequentarem a Universidade

Estavam radiantes, o sonho estava quase a tornar-se em realidade: Estudar na Universidade de Coimbra, uma Licenciatura na famosa e prestigiada Universidade dos estudantes, que melhor carta de recomendação?

Mas, com não há rosas sem espinhos, a Marina começou a andar enjoada, não havia dúvidas, estava gravida

Em Luanda, A Rosinha estava muito preocupada, por não saber nada do filho, o desespero era tão grande que, contra a sua vontade, foi perguntar, ao Governador, se já tinha tido alguma notícia deles

Também ele, ainda, não sabia nada deles, acrescentando que as notícias, entre Luanda e Lisboa, eram muito demoradas. Assim, teriam de ter muita paciência, e esperar que dessem notícias

Percebeu que ele não estava tão preocupado como ela, o que não admirava, normalmente, os pais conseguem disfarça melhor o seu sofrimento em relação à ausência dos filhos, do que as mães, que parecem sofrer mais, com essa ausência, do que os pais

A ela, o que lhe valeu foi a neta que, com a morte do avô, a ocupava o tempo inteiro, na ida às lavras, à creche, para onde quer que fosse a avó, lá ia ela, e assim não tinha tempo para pensar na ausência do Roberto  

A Miquelina e o Ezequiel, aliviados das suas responsabilidades, na cooperativa, só queriam estar junto da neta, passavam os dias a adorar a Eliane, para eles, aquela neta era a maior prenda das suas vidas

Os netos são como que o último presente, para quem já pouco espera da vida, sabem que estão de partida, que as forças vão faltando, mas verem os netos crescer, fá-los renascer, sempre, na esperança de um dia, até, poderem chegar a ver bisnetos.

 Continua

 

18
Jan24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

44

A chegada de portugueses e espanhóis às américas fez descer a temperatura da Terra

A colonização dos continentes americanos, que foi levada a cabo por portugueses e espanhóis provocou tantas mortes entre os povos indígenas que teve efeitos significativos no clima da Terra, levando a um drástico arrefecimento do planeta

Uma conclusão da University College London, Reino Unido

Dos cerca de 60 milhões de pessoas, que viviam nas Américas, no fim do século XV (cerca de 10% da população do mundo) diminuiu para apenas 5 ou 6 milhões, em cem anos (BBC/ZAP) (18/11/2023)

Este período de arrefecimento é conhecido por Pequena Era do Gelo, e foi uma época em que as tempestades de neve eram comuns em Portugal, e o Rio Tamisa, em Londres, congelava durante o inverno, com vários países europeus a viverem períodos de fome 

A Rosinha ouviu todos os membros das duas famílias, sobre o que pensavam ou sugeriam para modernizar os métodos de produção, para aumentarem a produção, uma vez que a cidade de Luanda, cada vez, precisava de mais produtos alimentares, devido ao aumento populacional

Por outro lado, queria aumentar o rendimento de todas as mulheres, que a eles se tinham  associado, acreditando nas qualidades da Rosinha, bem como da sua equipa, o que fazia com que todos estivessem muito empenhados, para não defraudarem as expectativas, que neles tinham sido depositadas

Começaram por construir novos utensílios para fabricarem a terra, todos contribuíram com as suas ideias, o que fez com que a produção duplicasse

Passado cerca de um ano, aquando da primeira colheita, foi muita a alegria, por verem os bons resultados

Nas sanzalas, ao redor da cidade, foram organizadas batucadas, para comemorarem e agradecerem àqueles dois casais as boas novidades

Mas a Rosinha, a Miquelina, o Januário, o Ezequiel e os seus filhos fizeram questão de dizer que não era obra deles, mas de todos os que se tinham associado, participando  naquela maravilhosa aventura

A Rosinha aproveitou os bons resultados, para numa assembleia geral, propor às suas associadas que se unissem noutras tarefas, como a construção das cubatas, os cuidados com os filhos, ou outras que elas considerassem que se podiam unir, para melhor funcionarem

Todas aplaudiram as suas propostas, prometeram pensar no assunto e, em nova assembleia, decidiriam, em conjunto, o que fazer.

Continua

 

 

17
Ago23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

22

O Januário, assim que soube que as naus tinham atracado ao cais de Luanda, foi passando, por lá, todos os dias

Mas, não conseguiu encontrar ninguém conhecido, nem ninguém que lhe desse as notícias  desejadas sobre a sua amada Lisboa

A notícia que todos queriam revelar, por ser uma coisa invulgar, era a de que abordo viajava uma mulher

Januário, também, ficou muito surpreendido e tentou que lhe descrevessem a mulher, para ver se faria algum sentido, a armada trazer uma mulher a bordo

Disseram-lhe que era uma mulher muito bonita, muito competente no seu trabalho de gerir os mantimentos e fazia equipa com um rapaz da sua idade, que se chamava Ezequiel

Quando falaram em Ezequiel, ainda, disse que era o nome do seu irmão, mas nunca pensou que fosse ele

Despediu-se, desejando-lhes boa viagem, e que continuaria a passar por ali, todos os dias, para ver se se cruzava com alguém conhecido, queria saber mais de Lisboa

Finalmente, as quatro naus chegaram a Luanda. A Miquelina e o Ezequiel tinham muito trabalho pela frente, para reabastecerem as naus, enquanto esse trabalho não estivesse feito, não teriam autorização para saírem

Não era fácil o reabastecimento, porque não havia a quantidade de produtos necessários, o que fazia com que tivessem de aproveitar tudo o que houvesse, incluindo as frutas e em especial as bananas, que eram, sempre, em grande quantidade

Ao décimo segundo dia, depois de chegarem a Luanda, a primeira parte do trabalho da Miquelina e do Ezequiel estava completo

As frutas e os vegetais só eram embarcados poucos dias antes das naus se fazerem ao mar, de novo

Se tudo correr como planeado, a Miquelina e o Ezequiel, em breve, abandonarão o barco e darão um salto para o desconhecido, sem saberem o que os esperará, faz parte da aventura

O Januário já estava cansado de todos os dias passar pelo cais, sem que conseguisse obter notícias relevantes

Mas, iria continuar, todo os dias, os seus esforços, enquanto os barcos se mantivessem atracados, para saber mais de Lisboa, de quem tinha tantas saudades, principalmente da mãe e do irmão

A procura de uma vida melhor leva-nos, tantas vezes, a perder tanta coisa: o não acompanhamento do crescimento dos filhos, a separação do casal, o convívio com os outros familiares e amigos, um clima a que estamos habituados, o local onde nascemos, que é tão importante, pelo simbolismo, que carrega.

Em certos casos, não sei se compensam tantos sacrifícios, para tão poucos proveitos

A emigração da última metade do século passado levou-nos a aceitar os duros trabalhos que outros não queriam, era uma emigração clandestina, que fazia com que aceitássemos as condições impostas pelos patrões

Hoje, felizmente é diferente, não deixando de ser um desenraizamento e um grande empobrecimento, para o país que, se empenha na formação dos jovens, os vê partir à procura de melhores condições de vida, contribuindo para o enriquecimento de outros países.

Continua

 

 

 

06
Jul23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

16

O Comandante tinha razão. Foi preciso esperar mais um século, para que o médico escocês James Lind, no ano de 1747, relacionasse a mortalidade dos marinheiros à deficiência de vitamina C

O fator antiescorbuto nos mais diversos alimentos só foi descoberto, isolado e denominado de vitamina C, no ano de 1928, pelo cientista Albert von Szent-Györgyi

O Comandante disse, à Miquelina, que faria equipa com o Ezequiel. Mas antes de lhe dizer qual seria a sua missão, avisou-a de tinha de ser exemplar no relacionamento com resto da tripulação, era a primeira vez que uma mulher, sem ser disfarçada de homem, fazia parte da tripulação de uma Nau, caso houvesse algum problema com o seu comportamento, deixá-la-ia no primeiro local onde aportassem

A Miquelina respondeu-lhe que tudo faria, para que fosse respeitada por todos

Feito o aviso, o Comandante disse-lhe que a missão deles seria gerir os mantimentos

A guarnição estava completa. Assim que as últimas verificações mostrassem que tudo estava de acordo com o planeado e o tempo o permitisse, fariam se ao mar

As condições meteorológicas desaconselhavam a saída para o mar, tiveram de esperar alguns dias. Mas o Comandante notou que a tripulação estava a ficar nervosa, sem a adrenalina de quem vai iniciar uma grande aventura, o que fez com que autorizasse que se fizessem ao mar

À saída da barra tiveram muitas dificuldades, temeram perder a vida, foi um mau começo, dirigiram-se para a Ilha da Madeira, onde chegaram com mastros partidos e velas rasgadas

Tiveram de ficar mais de quinze dias, na cidade do Funchal, para repararem os cinco navios, que faziam parte da frota, com destino a Nagasaki 

No Funchal, numa ida a terra, a Miquelina encontrou-se com o Ezequiel, aproveitaram para trocarem impressões sobre como estava a correr a viagem, uma vez que, dentro do barco,  falavam o indispensável e só sobre o trabalho, para que ninguém tivesse nada a dizer sobre o seu comportamento

O Ezequiel confidenciou-lhe que estava muito assustado com o que tinham enfrentado à saída da barra, receando que não conseguissem chegar a Luanda

Ela tentou tranquiliza-lo, dizendo-lhe que as naus estavam preparadas para enfrentarem grandes tempestades, e como ficava em Luanda, não assistiria às dificuldades, que costumam acontecer no Cabo das Tormentas

Ele aproveitou para lhe perguntar se não queria ficar, em Luanda, com ele, que estava apaixonado por ela, e além disso, para ela, a viagem já não tinha interesse, porque já a tinha feito, já sabia como era

Respondeu-lhe que ia pensar no assunto e depois dar-lhe-ia uma resposta.

 

Continua

 

 

15
Jan21

Em casa

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Confinamento

 

Novamente a negra paralisante clausura

Como planear a vida, se cada dia é uma aventura

Cada vez está mais difícil viver em constante rutura

Há quase um ano nesta cercadura

Sem fim à vista, sem saber quanto mais dura

Tanto tormento, tanta agrura

Para uma vida de tão curta dura

Sem que ninguém nos possa acompanhar à sepultura

Só nos resta ter esperança numa, melhoria, futura

Que desejamos seja segura

Se não morremos do mal, morremos da cura

Há demasiado tempo que esta luta perdura

Nem todos estão preparados para esta moldura

Nem todas as habitações têm condições para tanta desenvoltura

Escolheram esta altura

Para nos mandarem para a cura.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

01
Set20

Setembro

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Olá, Setembro

Bem-vindo

Como te estou grato e contente

Por me teres expulsado dum ventre

Para uma grande aventura, até ao presente

Viver é  uma grande experiência

Que requer a ajuda de muita gente

De uma mãe sempre presente

Que passa por dores, que só ela sente

Para ela, o mais importante, é proteger a sua semente

Dar vidas à vida é o melhor presente

Querido setembro foste o primeiro a abraçar-me

Foste o primeiro a levar-me a ver o sol e o luar

Como poderia deixar de estar grato, depois de tanta simpatia

Nunca te esqueço, em cada ano, em cada dia

Gosto muito da tua bonomia

Festejamos juntos, dois dias!

O que vim ao mudo

O que casei com uma flor para celebrarmos o amor

Para adorarmos a lua e beijarmo-nos na rua

Abraçados, vencemos o passado

Continuamos, no futuro, esperançados.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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