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05
Dez24

O Império

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O Império  -   as teias que o Império teceu

90

Chegou o dia das despedidas

Já se sabia que seriam momentos muito tristes, os adultos sabiam que dificilmente se voltariam a ver, atendendo à idade da Anastácia e do Elisiário,   o jovem casal também não contava voltar à Metrópole, só o Afonso acreditava que a Anastácia e o Elisiário os iriam visitar, a Luanda

Por isso, a despedida não foi tão dolorosa para o pequeno Afonso, que, mesmo assim, se mostrou muito preocupado por a Anastácia e o Elisiário ficarem sozinhos

Foram muitos dias de coche, até conseguirem chegar à capital, pernoitavam em estalagens, que proporcionavam alimentação e descanso a humanos e animais

Uma aventura tão ou maior que ir de Lisboa a Luanda. Foi o melhor meio de transporte, que arranjaram, graças à amabilidade do Conde, que tudo fez para tornar a viagem menos cansativa, estava muito preocupado com o pequeno Afonso, até parecia que era seu neto, fez mais paragens que costumava fazer, escolheu as melhores estalagens

Chegados a Lisboa, indicou-lhes uma boa pensão, para ficarem os muitos meses, que faltavam para que as naus se fizessem ao mar em direção à Índia

A Marina e o Roberto disseram-lhe que não sabiam como lhe agradecer todo o empenho e carinho com que os tinha mimado. Respondeu-lhes que estava muito feliz por os ter ajudado, desejou-lhes muitas felicidades, que fizessem boa viagem e que encontrassem os familiares com saúde

Não perderam tempo, no dia seguinte foram tratar da viagem, o Conde já lhes tinha dito que, normalmente, as naus só se faziam ao mar no mês de abril, devido aos ventos e às correntes

Mas, eles queriam marcar a viagem, queriam saber quando se previa a saída das naus, quando previam a chegada a Luanda, foi-lhes dito que tencionavam largar em abril, quanto à cheada a Lunda, tudo dependia dos ventos e das correntes marítimas, a única certeza é que lhes garantiam a viagem

Ficaram mais descansados, garantiram-lhes que os levavam de regresso a casa, mesmo que não soubessem quando, e não regressavam sozinhos, levavam o Afonso, para mostrarem a toda a gente que tinham um filho lindo, nascido na Europa, em Coimbra, cidade dos estudantes.

“Com D. Maria I, a partir de 1780, é possível observar um conjunto de acções e obras, como a construção de pontes, a realização de projectos para a estrada de Lisboa a Coimbra (que só viria a ficar pronta 18 anos depois) “ ( da net)  

Continua.

 

11
Mai23

O Império

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O Império - As teias que o Império teceu

8

Assim que o sol os voltou a iluminar, ele apertou-a nos braços, beijou-a, acariciou-a, tentando que ela percebesse que não lhe faria mal

Mas um dos grandes problemas era entenderem o que cada um dizia, recorriam aos gestos, que, também, não resolviam o problema, ainda que ajudassem, só o tempo ajudaria a que cada um aprendesse a língua um do outro

Não sabia o seu nome, batizou-a de Rosinha, era a sua Rosinha, que parecia mais calma, talvez já tivesse acreditado que ele não lhe queria fazer mal

Estavam cheios de fome, comeram os búzios, que ela tinha apanhado no dia anterior, que ela teria vendido, caso não tivesse sido raptada

Vendo que ele não a deixava voltar para junto da mãe e das irmãs, os irmãos e o pai tinham sido levados como escravos, encaminhou-se para um terreno com muitas árvores, conseguiu que ele percebesse que ia à procura de comida

Apanharam mangas, bananas e mandioca, no meio de toda aquela azáfama, em que ele parecia estar completamente perdido, por estar cansado, não ter dormido e estar sob uma grande pressão, com medo que aparecesse algum animal, que lhes fizesse mal, encontraram um grande embondeiro, cujo tronco, tinha uma grande cavidade onde podiam dormir

Comeram umas frutas, estavam muito cansados, na noite anterior não tinham dormido nada, para além de estarem, ambos, sob grande tensão, nervosismo e medo

Aquele tronco seria dali em diante a sua casa, enquanto não tivessem outra melhor

O Januário sabia que já não aguentava outra noite sem dormir, mas tinha medo que a sua Rosinha aproveitasse para fugir

Depois de estarem deitados lado a lado, o Januário, que já tinha tirado o cinto, passou-o por uma perna dela e outra dele, para que ela não fugisse

Foi uma noite muito tranquila, como estavam exaustos dormiram toda a noite e acordaram com muito boa disposição

O Januário achava que ela estava conformada, que não queria fugir, dava sinais de gostar da companhia dele

A maior dificuldade era não conseguirem dizer um ao outro o que queriam, tanto um como o outro desesperava por não se conseguirem entender, depois de muitos gestos e muito cansaço desistiam, já se conseguiam entender no que dizia respeito a comer, procurar comer e água

Ele já notava que os olhos dela brilhavam quando a beijava, a apertava contra ele, lhe afagava   os cabelos

Tanto que ela gostava de lhe fazer compreender que queria ir dizer à mãe e às irmãs que estava bem, que estava muito contente por ele a tratar tão bem e lhe dar sempre as frutas maiores, as mais maduras, que a tratava como uma princesa.

Continua

03
Fev22

Pais (8)

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Pais (8)

A todos prometeram que voltariam em breve, com mais tempo, talvez nas férias do Natal, ou nas férias grandes, no verão

A Ana, o Francisco e os filhos ficaram muito felizes, por terem encontrado a família que ainda não conheciam

Os tios e os primos também ficaram contentes por verem os sobrinhos e os primos muito felizes com os pais adotivos

A Inês e o Pedro não compreendiam a razão por que os primos não andavam na escola, como eles

Os pais explicaram-lhes que muitas crianças, cujos pais não tinham possibilidades para que continuassem a estudar, só faziam os estudos obrigatórios, que eram a quarta classe

Na terra dos avós adotivos, já tinham reparado que a vida no campo era muito diferente da da cidade

Mas como eles já não tinham animais para tratarem, apenas tinham umas hortaliças nas hortas, e eles passavam a maior parte do tempo a brincar com os amigos, que viviam no estrangeiro, nunca se tinham apercebido da real dureza da vida no campo

Na terra dos pais biológicos, em contato com os tios e os primos, é que viram como eles chegavam exausto e sujos, depois de um longo dia de trabalho, no campo, tendo, ainda de  tratar dos animais, que estavam presos!

Começaram a dar mais atenção ao que se passava no campo e na cidade, não compreendendo a razão por que é que os trabalhadores do campo não eram valorizados, mesmo trabalhando mais horas e fazendo trabalhos mais duros

A Ana e o Francisco disseram-lhes que as desigualdades eram as grandes responsáveis pela desertificação do interior, todos queriam ir para as grandes cidades, onde os trabalhos eram mais leves, trabalhavam menos horas e tinham um ordenado certo no fim do mês, sabiam com o que poderiam contar

No campo tinham muito trabalho na preparação da terra, nas sementeiras, não sabendo o que colheriam, porque uma intempere podia estragar tudo

Com o início da guerra colonial, os rapazes que voltavam da guerra, já não queriam voltar para as suas terras

Os que não conseguiam emprego nas grandes cidades, começaram a emigrar

Dizendo-lhes que eram os filhos desses emigrantes, que brincavam com eles, na terra dos avós, quando iam para lá passar as férias de verão.

 

Continua.

 

 

11
Mai21

Estrume!

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Fretes!

Para fazer fretes é preciso ter alvará e estômago

Porque há mercadorias que cheiram muito mal: o estrume

Mas também outras há, que também são muito poluentes

Como o lítio, o hidrogénio verde, as negociatas

Sem esquecer os impactos ambientais

Que os há, para todos os gostos, e protegem os animais!

Depois, temos a pandemia a fazer lembrar uma canção

ÀS quatro da madrugada, não estavam à janela

Mas levaram-nos para o campismo, onde não havia nada

 Nem mercearia, nem pão. Que grande trapalhada!

Tudo, às quatro da madrugada

A nossa democracia está muito avariada

Com tanto estrume, como é que temos tantos escravos, na agricultura!

Temos muitos desempregados, mas não querem trabalhar nas estufas

Preferem dar uso às pantufas

É sinal de que já evoluímos muito!

Já nos podemos dar ao luxo de recusar os tralhos mais duros.

José Silva Costa

 

18
Mai20

A Natureza

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Maio

 

Verdes estão os campos

Cheios de flores

Perfumadas como os amores

Nos verdes campos há uma grande azáfama

Plantas, árvores, aves, insetos, répteis, e não sei que mais

É um fervilhar de vidas

Interlaçadas, dependentes, concorrentes, complementares

Um ecossistema perfeito

Indiferente a pandemias, vírus, medos, enredos

Mas, sempre, atentos porque os predadores

São mais que muitos!

Têm uma grande vantagem sobre nós

Vivem na Natureza!

Não a hostilizam

Enquanto nós, não respeitamos nada

Temos uma ganância danada

Nunca estamos saciados

Queremos, sempre, mais e mais

Estamos na encruzilhada

Podíamos aproveitar

Para escolher um novo caminho

Respeitando a Natureza

Procurando um desenvolvimento sustentado

Na economia verde baseado

Aproveitando os ecossistemas

Temos a terra, o sol, a água e o vento

Com humildade e respeito aproveitemos

O que têm para nos dar

Já vimos o custo de tudo parar

Fome, miséria, muito mal-estar

Temos de uma nova vida inventar

Começando por todos respeitar.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

17
Set19

A água!

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A água

A Água! Esse líquido precioso

Mais, do que o ouro, valioso

A que nunca demos muita importância

Por cair do céu com abundância

Caía devagar, ritmada, parecendo um bailado

Para matar a sede, a todos, suavemente

Durante dias, ou meses

Agora, caí abruptamente, em horas, o que caía num ano

Revoltada, agressiva, mata, destrói tudo o que lhe aparece à frente

É uma torrente impetuosa a castigar tudo e todos!

Tão necessária e desejada

Agora, chega, quase sempre, desesperada

Parece que se cansou de ser ignorada

Desprezada, mal tratada

Tanto animal e planta desesperados com a sua ausência

Nos humanos, os mais evoluídos, procuram-na a centenas de metros de profundidade!

Os outros rezam para que volte

Dela, depende a vida

Sem ela, teremos agonia e morte.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

10
Mar19

Primavera

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Primavera

Aproveitemos a alegria da Primavera

Que está quase a chegar

Para colhermos as papoilas vermelhas e os malmequeres brancos

Respirar o ar puro de todas as cores

Passear e correr no manto multicolor

Com que se veste a Primavera

Recebamo-la de braços abertos

Porque ela é de todas a mais bela

É com ela, que animais e plantas desenvolvem a maior de todas as explosões de vida, cor e alegria

Ninguém fica indiferente aos seus perfumes

E, nem todos conseguem esconder os ciúmes

Por ela amar todos por igual

Sem que tenha rival

Todos os anos nos surpreende com a sua juventude

Airosa, fresca, despenteada, mimosa

De boca de amora

Cabelos de cor-de-rosa

Uma beldade espantosa

Que todos os anos nos namora

Por pouco tempo

Porque todos os anos casa com o vento.

 

José Silva Costa

     

 

 

 

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