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12
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

78

 

A Anastácia disse que ia fazer um jantar, para comemorar a união, porque a comida também serve para ajudar a consolidar o amor

O Elisiário disse que não sabia cozinhar, mas que dali em diante, sempre que pudesse, a ia ajudar na lida casa, e que muito esperava aprender com ela

Ela agradeceu-lhe, mostrando que estava muito contente, por ter um companheiro, que compreendia quão importante é a colaboração na manutenção da habitação, para que o casal tenha mais tempo livre, para melhor o aproveitarem, fazendo o que lhes dá prazer

Foi um jantar muito animado, a comida tem o condão de animar todas as festas e comemorações, os dois casais brindaram a tudo e mais alguma coisa, nunca aquela casa tinha estado tão cheia de felicidade e alegria, o amor tudo contagia, fazendo com que as  pessoas que se sentem amadas experimente muita felicidade e alegria

A festa prolongou-se pela noite dentro, ninguém queria ser o responsável pelo fim do dia mais longo e mais feliz da Anastácia e do Elisiário, quando o cansaço os venceu, a Marina e o Roberto despediram-se e foram para o quarto, o Elisiário, mesmo não querendo mais afastar-se da Anastácia, ainda balbuciou, que ia andando, mas a Anastácia disse-lhe que não queria ficar sozinha, o que fez com os olhos de ambos brilhassem e as bocas se unissem

No dia seguinte os dois casais continuaram a celebrar, desta vez, o facto do novo membro da “família” ter começado a viver sob o mesmo teto, fazendo com que o Afonso passasse a ter quatro pessoas para o mimarem e ajudarem a crescer

De vez em quando, o Afonso chorava, como acontece com todas as crianças, fazendo com que a mãe ficasse muito nervosa

A Anastácia sossegava-a, dizendo que os bebés precisavam de muitos mimos, muito colo, porque quando estão na barriga da mãe estão muito confortáveis, andam de um lado para o outro, sentem-se protegidos

Depois de nascerem sentem falta dessa segurança, desse calor, de andarem de um lado para o outro, passam muito tempo deitados nos berços, sem o contato e o calor humano

Por isso, é muito importante pegar-lhes, massajá-los, andar com eles de um lado para o outro, dar-lhes muito carinho, tocar-lhes, para que se sintam protegidos, como quando estavam no ventre das mães

A Marina estava encantada com a sabedoria da Anastácia, sobre como cuidar dos bebés, ela que não tinha filhos

Agradeceu-lhe, mais uma vez, o quanto os tinha ajudado, e a sorte que tiveram de tê-la a seu lado, para conseguirem concretizar os seus sonhos e criarem o Afonso

A Anastácia respondeu-lhe que também ela tinha tido muita sorte em conseguir beneficiar da maravilhosa companhia deles, e de ter encontrado outro companheiro, com quem esperava ser muito feliz, tudo graças à sua nova “família”.

 

Continua

 

 

 

 

05
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

77

O Governador não a deixou ir sozinha, acompanhou-a à cooperativa, onde ambos foram recebidos com muita alegria, mas mais alegria houve, quando a Rosinha anunciou que tinha recebido uma carta do Roberto, dizendo que a Marina tinha tido um menino, e que se chama Afonso, por isso estavam muito felizes

Todos foram contagiados pela alegria da avó e do avô, beijaram-se e abraçaram-se, desejando muitas felicidades para os jovens pais e herdeiro, pedindo que o tempo passasse depressa para conhecerem o Afonso e voltarem a ver a Marina e o Roberto

Os avós também fizeram o mesmo pedido, a Rosinha acrescentou que era pena, o   Januário,não estar cá, para participar numa festa tão alegre e bonita

No regresso, enquanto acompanhava a Rosinha a casa, o Governador, que não cabia em si de contentamento, desabafou, dizendo: “ tenho 6 filhas, e foi a mais nova que me deu o primeiro neto, as outras, não compreendo o que querem, continuam a rejeitar os pretendentes, dizem-me que ainda não encontraram os príncipes, que as encantem, deve-lhes ter subido à cabeça o facto de serem filhas do Governador, o que não as torna diferentes das outras

A Marina apaixonou-se pelo seu filho, e como vemos, são um casal muito feliz, e seremos todos muito mais felizes, quando eles regressarem com o nosso Afonso”

Despediu-se da Rosinha, beijando-a e abraçando-a, dizendo que estava muito atrasado, que tinha muitos assuntos para tratar, mas que estava muito feliz, tinha sido um dos dias mais felizes da sua vida, e que, em breve, esperava trazer-lhe mais e boas notícias

A Rosinha agradeceu-lhe por tudo: pelas excelentes notícias e pela companhia, e acrescentou que só queria viver até a Marina e o Roberto regressarem a Luanda, acompanhados do Afonso

O Elisiário, no dia seguinte, não perdeu a oportunidade de ir ver o afilhado e a Anastácia, já não conseguia passar sem os ver todos os dias

Quando a Anastácia lhe abriu a porta, recebeu-o com um sorriso diferente, como que a anunciar que lhe iria dizer que aceitava o seu pedido de casamento

Dirigiram-se para o quarto do Afonso, onde o jovem casal contemplava o fruto do seu amor

Depois de se cumprimentarem e o Elisiário ter observado o afilhado, fez-se um minuto de silêncio, que a Anastácia aproveitou para lhes dizer que, uma vez que a família estava reunida, queria dizer ao Elisiário que, depois de ponderar sobre seu pedido, o aceitava como prova de amor reciproco

Foi um grande momento de alegria e felicidade: beijaram-se, abraçaram-se, todos queriam  que aquela felicidade e alegria se prolongassem para sempre

E, para que tudo ficasse esclarecido, a Anastácia disse ao Elisiário que se podia mudar, lá para casa, assim que quisesse e, se estivesse de acordo, não seriam precisas formalidades

O Elisiário disse que estava completamente de acordo, que no dia seguinte se mudaria lá para casa, e iria trazendo os seus poucos pertences até entregar a chave do quarto ao senhorio

Tirou do bolso do casaco, uma caixinha com um bonito anel, que entregou à Anastácia, esta ficou encantada com o bonito anel, beijaram-se mais uma vez, agradeceu-lhe muito a bonita prenda, pediu-lhe que lho enfiasse no dedo, e que dali em diante seriam mulher e marido.

 

Continua

 

 

 

06
Jun24

O Império

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O Império   -  As teias que o Império teceu

63

A força do amor! A Marina e Roberto, que para além de quererem estudar na Universidade de Coimbra, que consideravam ser a mais prestigiada Universidade da Europa, queriam, também iniciar uma vida a dois

Assim, em dois anos conseguiram habilitações, para ingressarem na Universidade

Por ser filha do Governador, teve oportunidade de embarcar, em Luanda, numa nau, que fazia parte da frota, vinda da Índia, e ali tinha feito escala, para reabastecimento, com o Roberto, seu namorado

Foram quase dois meses de viagem, uma viagem tranquila, só aportaram ao Funchal, na Ilha da Madeira, para voltar a reabastecer a frota

Chegaram a Lisboa, em finais de Julho, em pleno verão, ficara encantados com a cidade, calcorrearam as suas vielas e colinas, como se procurassem os seus antepassados

Continuavam intrigados, sem terem uma explicação, para que um pequeno país tivesse empreendido uma tão grande aventura, como foram os descobrimentos, que levaram os portugueses a todos os Continentes, fazendo com que, à força, tivessem feito muitas conquistas, formando um grane Império

No início de Setembro, dirigiram-se para Coimbra. Aí chegados, entregaram as credencias, que lhes permitiam frequentarem a Universidade

Estavam radiantes, o sonho estava quase a tornar-se em realidade: Estudar na Universidade de Coimbra, uma Licenciatura na famosa e prestigiada Universidade dos estudantes, que melhor carta de recomendação?

Mas, com não há rosas sem espinhos, a Marina começou a andar enjoada, não havia dúvidas, estava gravida

Em Luanda, A Rosinha estava muito preocupada, por não saber nada do filho, o desespero era tão grande que, contra a sua vontade, foi perguntar, ao Governador, se já tinha tido alguma notícia deles

Também ele, ainda, não sabia nada deles, acrescentando que as notícias, entre Luanda e Lisboa, eram muito demoradas. Assim, teriam de ter muita paciência, e esperar que dessem notícias

Percebeu que ele não estava tão preocupado como ela, o que não admirava, normalmente, os pais conseguem disfarça melhor o seu sofrimento em relação à ausência dos filhos, do que as mães, que parecem sofrer mais, com essa ausência, do que os pais

A ela, o que lhe valeu foi a neta que, com a morte do avô, a ocupava o tempo inteiro, na ida às lavras, à creche, para onde quer que fosse a avó, lá ia ela, e assim não tinha tempo para pensar na ausência do Roberto  

A Miquelina e o Ezequiel, aliviados das suas responsabilidades, na cooperativa, só queriam estar junto da neta, passavam os dias a adorar a Eliane, para eles, aquela neta era a maior prenda das suas vidas

Os netos são como que o último presente, para quem já pouco espera da vida, sabem que estão de partida, que as forças vão faltando, mas verem os netos crescer, fá-los renascer, sempre, na esperança de um dia, até, poderem chegar a ver bisnetos.

 Continua

 

25
Jan24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

45

Em Luanda, os cativos ficavam em grandes barracões esperando o embarque, quando os navios demoravam para transportar a “carga”

Os Jesuítas, que possuíam numerosos escravos em Luanda, tinham um importante papel durante essa estadia, catequizando as almas

Antes de embarcar, todos os escravos eram batizados com nomes bíblicos, recebendo a nova alcunha por escrito, num papel

Eram orientados a esquecer os costumes da sua terra e a serem felizes na nova fé

Desde que regressara do Brasil, que o Januário tinha notado que a filha, a Leopoldina, tinha muita intimidade com um rapaz, que a acompanhava nos trabalhos do campo, o que não era habitual, por que raramente os homens trabalhavam nas lavras

Achava que não deveria fazer perguntas, mais tarde ou mais cedo perceberia o que se passava, ou alguém o informaria do que se passava entre os dois pombinhos

Poucos dias depois, a Rosinha perguntou ao marido, o que é que achava daquele novo associado

Respondeu-lhe que parecia bom rapaz, bom trabalhador e muito interessado na Leopoldina

A Rosinha riu-se e disse-lhe que o Jeremias gostava tanto dela, que tinha aceitado trabalhar ao lado dela, coisa que raramente os homens faziam

O amor é capaz de levar as pessoas a fazerem grandes transformações, move montanhas, tira pedras do caminho e estende rios de carinho

O Januário disse à Rosinha que o seu maior desejo era que o Jeremias gostasse tanto da Leopoldina, como ele gostava da Rosinha

A Rosinha respondeu-lhe que também ela gostava muito do Januário, que o amor entre eles era um exemplo para todos

Acrescentando que esperava que a Leopoldina e o Roberto seguissem o exemplo deles

Finalmente, toda a família estava muito feliz, desde o regresso do Januário, que se notava, que o facto de estar definitivamente afastada do negócio da escravatura, que a família estava unida, não querendo voltar a colaborar, com quer que fosse, que apoiasse a escravatura

Pelo contrário, queriam lutar contra a barbárie de comercializarem seres humanos, como se fossem animais irracionais

Toda a família estava muito revoltada com os horrores, que os seus três familiares tinham sofrido, como escravos

Queriam evitar que outros sofressem o mesmo. Mas era tão difícil dizer, em público, que não concordavam com a escravatura, porque poderiam ser presos ou mortos

Até os Jesuítas a praticavam, portanto, o melhor era não se meterem em aventuras, que lhes poderiam custar a vida, sem conseguirem ajudar ninguém.

Continua

 

 

24
Ago23

O Império

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O Império - As teias que o Império teceu

23

Chegou a hora de deixarem o barco e darem um salto para o desconhecido: a Cidade de Luanda

Depois do almoço, pelas 15 horas, a Miquelina e o Ezequiel puseram pé em terra firme, faltavam 3 horas para a noite se abater sobre a cidade

Mal tiveram tempo de dar uma vista de olhos pela cidade. De repente a escuridão engoliu a cidade e eles só tiveram tempo de se abrigar num recanto, debaixo de uma árvore

Não havia nada que lhes conseguisse roubar a magia da primeira noite, juntos, e dos primeiros beijos. Entre beijos e abraços, no romantismo da noite escura, as 12 horas passaram num abrir e fechar de olhos, quando menos esperavam, o sol apareceu a beijá-los com todo o seu esplendor

Levantaram-se do assento onde passaram a noite, abraçaram-se, beijaram-se e gritaram: “Viva o Amor”

Como tinham combinado, iniciaram o dia a pedir ajuda, tentaram contar a sua história a várias pessoas, uns ouviram-nos, outros não, ninguém se mostrou interessado em ajudá-los

Resolveram bater às portas, umas não se abriram, outras abriram-se, mas ninguém estava em condições ou os queria ajudar, estavam quase a desanimar, mas uma  abriu-se de par em par

Foi a de uma família, que conhecia um Januário, não sabiam se seria o irmão do Ezequiel, fosse ou não, tinham uma casa à disposição, por o tempo que fosse necessário

E, prometeram-lhes enviar um emissário a casa do Januário, para o informar de que tinha chegado, de Lisboa, um Ezequiel, que procurava um irmão, chamado Januário, e que o forasteiro e a sua companheira estavam hospedados na casa deles

Três dias depois, deu-se o reencontro dos irmãos, foi um  momento de muita alegria e emoção, que culminou com um forte abraço

De seguida, o Ezequiel apresentou-lhe a Miquelina, dizendo-lhe que era a sua companheira, que tinham vindo na carreira da Índia, e que ficaram em Lunda, para o verem e começarem uma nova vida, noutro Continente

A Miquelina aproveitou para dizer, ao Januário, que já o conhecia da anterior viagem, e que tinham reparado um mastro, juntos

Ele respondeu-lhe que até sair, em Luanda, não viu nenhuma mulher a bordo, mas ela conseguiu que ele se lembrasse do momento em que os dois estiveram a reparar o mastro, não deixou de lhe dizer, que estava muito bem disfarçada

Beijaram-se, disse-lhe que era muito bem-vinda e que estava muito contente, por ter uma linda cunhada.

Continua

 

 

14
Nov22

As ruas

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A minha rua

 

Em cada rua, cada casa tem dentro corações atentos

Na palpitação de quererem aproveitar os melhores momentos

Cada qual nutre-se dos melhores e encantadores sustentos

 Lá fora ninguém sabe o que se passa nos apartamentos

Nem todos os dias são longos, com discussões e cinzentos

Há dias em que brilha o vento, há beijos e abraços, há movimentos

Se as paredes falassem, poderiam contar como são celebrados esses eventos

A ternura, a delicadeza, a beleza para eternizar, do coração, todos os batimentos

As mãos entrelaçadas nos beijos das bocas queimadas pelos pensamentos

Os corpos diluídos, no calor de um grito contido, na explosão de todos os ventos

Não há tempo para rodopiar por todos os cantos e assentos

O amor é tão forte que consegue sobreviver até nos conventos

Por muito que o queiram pender, ninguém consegue conter os seus empolgamentos

A minha rua é dona da lua, nas noites quentes, frias e nos dias sonolentos

Cada um tem uma rua, a que chama sua, mesmo em dias de aborrecimentos

Enquanto a rua dorme não há beijos, nem abraços, nem cumprimentos

É como se todos tivessem assinado um acordo de paz e bons entendimentos

Para que a madrugada acorde alegre, contente, eufórica, para novos envolvimentos.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

10
Nov22

A sedutora

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Lisboa! A sedutora

3

As cidades são como as pessoas, vão envelhecendo, mas ao contrário das cidades, que raramente perdem o brilho, as pessoas não o conseguem conservar

Lisboa está tão diferente do que era antigamente, há menos de um século, está irreconhecível!

Era uma cidade triste, sem cor, onde não havia liberdade, havia medo de falar, não podíamos a nossa opinião revelar, não se sabia quem nos estava a espiar, uma cidade só para nacionais, transformou-se numa cidade universal, vestiu-se de novas cores, desabrochou, tornou-se numa bonita flor

No final dos anos cinquenta ainda havia algumas carroças pela cidade que, a pouco-e-pouco, foram totalmente substituídas pelos carros: a praga que não para de crescer, sufocando as cidades e as estradas, tornado o ar irrespirável, como aconteceu na avenida da Liberdade, em Lisboa

Não podemos passar sem eles, transformaram-se numa ferramenta de trabalho, tal como o computador e o telemóvel

A esperança está na nossa capacidade de inovação, fazendo-nos acreditar que em breve acabaremos com os motores de combustão. Mas não tenhamos ilusão, os desafios continuarão

Em 1958, ainda, havia uma olaria ao cimo da rua da Imprensa Nacional, mas o plástico viria para ficar e tornar-se numa das maiores invenções, e a olaria foi substituída por uma loja de plásticos

Nesse ano, o General Humberto Delgado, sem saber proferiria a sua sentença de morte, ao responder à pergunta dos jornalistas, o que faria a Salazar, se ganhasse as eleições presidências, que se supõe ganhou, cuja resposta foi: “obviamente, demito-o”

Mais tarde, disse que o regime só cairia com um golpe militar, o que veio a acontecer em 25 de Abril de 1974

Daí em diante tudo se precipitou, graves acontecimentos marcaram o País: a 25/01/1961 foi assaltado o paquete Santa Maria, a 4/02/1961, teve início a guerra em Angola, em dezembro do mesmo ano a União Indiana anexou o Estado Português da Índia: Goa, Damão e Diu, a 28/05/1963, no trigésimo sétimo aniversário da revolução de 1926, que deu origem ao Estado Novo, coincidência ou sabotagem, a cobertura das plataformas da estação ferroviária do Cais do Sodré, em Lisboa, abateu, causando 49 mortos e 69 feridos, a 13/02/1963 foi assassinado, pela PIDE, em Badajoz, o General Humberto Delgado, a 17/05/1967 foi assaltado o Banco de Portugal, na Figueira da Foz

Lisboa, também, atraiu alguns Galegos, que procuraram, na nossa capital, uma vida melhor Eram donos de restaurantes, num deles tive oportunidade de ver que tinha um osso de vaca, preso ao teto, que descia para a panela da sopa, quando ela estava a ferver, para dar gosto, depois voltava a subir para perto do teto, não sei quantas vezes deu gosto à sopa

Também se destacaram como moços de fretes. Havia muitas mudanças, principalmente, as mulheres gostavam muito de mudar de casa, para transportar as mobílias, que eram muito pesadas, e os pianos, recorriam aos moços de fretes, em grande parte, Galegos

O que deu origem a que, quando alguém pedia a outro para carregar um peso considerado demasiado, o outro perguntasse: “sou algum Galego?”

 Um serviço leve e muito bem pago, para o qual, também, eram muito solicitados, era a entrega de cartas em mão, com a recomendação de que só as entregassem aos destinatários. (“cartas de amor, quem as não tem?”)    

 

Continua

 

 

 

22
Ago22

Fios de ouro!

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Fios de ouro!

 

Longos são os dias de verão

Cheios de raios dourados a escorrerem pelas montanhas

Vindos de um sol transpirado, ofegante, à procura do mar

Cansado de bronzear todos os corpos, que procuram o seu perfume

Ávidos de calor, de cor, de encanto, de brilho, de tudo o que seja amor

Os sonhos de verão estão a terminar, nem todos se concretizarão

Mas, o sol continua a beijar as esplanadas onde colocamos os sonhos a amadurecer

Longas são as horas de meditação, a ver o mar, a saborear o sabor a sal

À espera de um olhar, de um beijo salgado da cor do mar, de um abraço que nos consiga acordar

É assim o verão, um tempo de descanso, de reflexão, de calor, de sorrir, de descontrair

Até de a sexta dormir, para fugir às ondas de calor que nos estão a afligir

Depois, é tirar partido de toda a envolvência, da camaradagem da tarde e da noite

Das noites tropicais, que se agarram aos cais, dormem nos veleiros, nos braços dos arrais

No colo das velas, no silêncio da noite, dormem as luas amarelas, iluminando os corpos, que bebem a alegria de um sonho de magia

É por tudo isto, que o verão é tão bom, tão desejado, tão festejado, tão disputado!

Entra no doce setembro, como que preparando uma suave aterragem

Menos horas de sol, manhãs e noites mais frias, vão começando as correrias

O regresso às aulas, o trabalho, o ritmo acelerado, como que a testar o efeito do descanso nas férias

Todo um ritual, que a pouco-e-pouco se vai ajustando, acabando por nos fazer entrar na rotina

O que também não nos agrada, só imaginamos que estamos bem onde não estamos

Queremos que chegue, quanto antes, o Natal, mais um motivo para descompressão

E, está mais um ano acabado!

Saudamos o novo ano com toda a euforia e esperança, que nos vão ajudar a concretizar os sonhos de mais um ano.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

27
Jun22

Flores!

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Flores, 2022!

As tenras flores

Só querem amor

Crescer sem, violência, sofrer

A quem, alguns continuam a bater

Sabendo que não se podem defender

Não pediram para nascer

Querem ser homem ou mulher

Livres, para a vida entender

Quão difícil é crescer

No meio de tanta violência

Não só pela vizinhança

Mas, até por quem lhe deve segurança

Como é possível tanta vingança!

Tanta miséria e tanta ganância

A miserável imoralidade

De quem é capaz de uma flor matar

Por causa de uma dívida de serviços de bruxaria

Como é que ainda há quem acredite em bruxas!

Como vamos reduzir a violência?

Como vamos diminuir a violência doméstica?

Hoje, mata-se por dá cá aquela palha

Como se a vida não fosse o único bem que temos

Por mais comissões de acompanhamento que criem

Enquanto a opinião pública tolerar a violência

Seja no desporto, no trânsito, por todo o lado

A violência não vai diminuir

Se a sociedade, contra ela, não se unir

O que não pode acontecer é continuar a fingir

Que não há violência, que está tudo bem.

José Silva Costa

 

 

 

 

24
Jan22

Pais (5)

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Pais (5)

O amor vence tudo!

O Francisco conseguiu, nos dias em que ela não podia, tomar conta dos filhos, para que ela descansasse

Foram dias de menos encantamento e de muito trabalho, até por que os miúdos começaram com birras, que são naturais, mas que os pais não desejam

As férias escolares traziam-lhes, sempre, muitos problemas, como acontece a todas as famílias que não têm apoios familiares

Não tinham nenhuns familiares em Lisboa, tinham vindo da província, para estudarem

Bem gostavam que os pais estivessem mais perto, para que se familiarizassem com os netos, e os ajudassem a criá-los

Assim que adotaram os filhos, foram visitar os pais, para que a Inês e o Pedro conhecessem os avós, tanto do lado da mãe como do pai

Foi um fim-de-semana em casa dos avós maternos e outro em casa dos avós paternos, não foi o suficiente para criar a intimidade, que os pais desejavam que houvesse entre avós e netos

Queriam evitar o que, infelizmente, acontece com tantos avós e netos, que mal se conhecem, ou nem se conhecem!

Sabiam que não era fácil, porque não era com três ou quatro visitas por ano, que iriam ter a intimidade, como se lhe tivessem mudado a fralda ou dado o biberão

Estes netos, ainda-por-cima, tinham aparecido já crescidinhos, com três anos, e não eram filhos dos filhos

Para que os filhos passassem mais tempo com os avós, a Ana e o Francisco queriam aproveitar as férias de verão, para passarem mais tem com os seus pais

Tanto os pais da Ana como os do Francisco viviam no campo, tinham as terras para amanhar e os animais para tratar, mesmo assim tentavam receber o melhor possível os filhos e os netos

Não tinham muito tempo para lhes dar atenção, tentavam ser simpáticos, mas não eram aqueles os netos que esperavam

Com o passar dos anos, foram afeiçoando-se aos miúdos, que gostavam muito de ir passar as férias grandes com os avós, correr por os campos, em liberdade, e dizerem que queriam ajudar os avós

A Ana e o Francisco não podiam estar mais contentes, por os filhos e os avós se entenderem tão bem, passavam um mês em casa dos avós maternos e outro na dos avós paternos

Para os pais era muito importante que convivessem com os avós, que se apercebessem das diferenças entre a vida no campo e na cidade, que tivessem atividades extra curriculares

Mas não são daqueles pais, que acham que os filhos devem passar os tempos livres a correrem, de um lado para o outro: do balé, para esgrima, para a natação, para o judo, para o futebol……sem tempo para brincarem e fazerem o que realmente gostam. 

Continua

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