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cheia

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23
Mar23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

Este retângulo nunca foi suficiente para grandes sonhos

Com tanto mar, sempre, a desafiar-nos para irmos ver o que está para além dele

Não foi difícil, tentarmos lançar ao mar os nossos sonhos e ambições de ver novos horizontes

Marinheiros, vagabundos, negociantes, poetas, visionários, cientistas e turistas foram à procura do desconhecido

Alguns levados à força, eram precisos braços para manejar os navios, carrega-los, repara-los, soltar e fechar as velas, saber aproveitar o vento, e havia que contar com o escorbuto, que estava muito presente

Este pequeno país é feito de uma amálgama de povos, e é por isso que somos fortes, sonhadores, capazes do melhor e do pior, incapazes de nos deixarmos aprisionar por este pequeno retângulo

Somos aventureiros, curiosos, nunca ninguém nos conseguiu prender, nem mesmo a ditadura

Com as fronteiras fechadas, fomos a salto para a Europa, não somos pessoas de baixar os braços, e sempre que as condições de vida se agravam, agora, com as fronteiras abertas, agarramos no nosso passaporte de cidadãos do mundo, e vamos embora

Foi o que fizemos em 1415, e continuámos por cinco séculos, com cruzes, espadas, audácia, crueldade, conseguimos expandir a fé, espalhar portugueses e índios por todo o lado

O convívio nas caravelas nem sempre foi pacífico e, algumas vezes, os comandantes mandaram atirar homens ao mar ou atá-los, por horas ou dias, aos mastros

Também não fomos recebidos com beijinhos e abraços, nos locais onde aportámos ou impusemos as nossas leis, houve confrontos, espadeiradas, e venceu quem tinha mais força, como é natural!

Em Macau, no século passado, quando um militar ia por um passeio, os chineses passavam para o outro

Na Índia, consta que Afonso de Albuquerque mandou cortar narizes e orelhas, para saberem como era administrada a justiça do rei de Portugal

Mas nem tudo foi mau, com as teias que o Império teceu, muitos foram muito felizes nas antigas colónias portuguesas: uma vida desafogada, com muitos criados, para todas as tarefas, não havia stresse, muitos convívios, churrascos bem picantes, que boa que era a vida daquelas gentes.

Sociedades desengravatadas, muito animadas, sem as etiquetas e o frio da Europa, que se julga uma rainha.

 

Continua

 

 

 

17
Nov22

A sedutora

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Lisboa! A Sedutora!

 

4

Lisboa tinha dificuldade em acolher tanta gente, o que fazia com que a habitação fosse um dos maiores problemas dos pobres, tal como hoje

Nas casas grandes, com vários quartos, chegavam a viver três casais, os donos da casa e mais dois casais e filhos, caso já fossem pais, só com uma casa de banho

Outra situação era viver em parte de casa, em que dois casais alugavam uma casa, pareceu-me uma solução de mais difícil convivência

As águas furtadas também eram utilizadas, para dormir, porque só se conseguia estar de pé junto da janela

Como as rendas estavam congeladas, alguns senhorios recusavam-se a receber as rendas, nesses casos os inquilinos podiam abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos, em nome do senhorio, e depositar todos os meses o valor da renda, até ao dia 8, o que fazia com que o senhorio não pudesse pôr fora o inquilino

O dia 8 era sagrado, quem não quisesse ficar sem casa tinha de arranjar o dinheiro, nem que tivesse de recorrer (ao prego) à casa de penhores, onde o objeto penhorado, normalmente, ficava no prego, à espera que a dono ou dona o resgatasse, dentro do prazo, caso contrário o artigo ficava para a casa de penhores

Aquando da anexação, pela União Indina, do Estado Português da Índia, foram organizadas procissões, em Lisboa, para pedirem a intervenção do grande almirante Afonso de Albuquerque

Uma das procissões teve início junto à Igreja de São Mamede, em direção ao Convento do Carmo, escoltada pelas viaturas da Legião Portuguesa, chegada ao destino, a multidão gritou: “ levanta-te grande Almirante, porque a Nação está em perigo”

No comércio era tudo vendido avulso, ainda não se tinha generalizado a utilização do plástico

O leiteiro, que andava de porta em porta, numa das mãos trazia a bilha do leite, na outra as medidas

Nas mercearias, os clientes raramente compravam quilos e litros de feijão, arroz, farinha, azeite

Pediam cem gramas, duzentos gramas, quinhentos gramas,1 decilitro, 3 decilitros, meio litro

Os produtos, exceto o azeite, estavam armazenados em sacos, onde, por vezes, os ratos se passeavam.

Continua

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