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12
Jul24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu    

68     

Ontem, por lapso, saltei esta página. Às leitoras e leitores, peço  desculpa.

 

Na sua segunda viagem, Vasco da Gama partiu para a Índia com 15 navios e 800 homens, chegaram a Calecute a 30 de outubro de 1502, onde o governador estava disposto a assinar um tratado

Gama exigiu que fossem expulsos todos os muçulmanos de Calecute, exigência que foi veemente rejeitada. Bombardeou a cidade, capturou vários navios de arroz e voltou para Portugal em1503

A 25 de Março de 1505, D. Francisco de Almeida foi nomeado vice-rei da Índia. O Estado Português da Índia foi constituído e 1505 com a nomeação do primeiro vice-rei, inicialmente estabelecido em Cochim. Em 1510, recebeu o nome oficial de Estado Português da Índia devido à expansão territorial efetuada por Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, passando a ser a sede da presença portuguesa no subcontinente indiano.

        

Como combinado, no domingo, a Marina e Roberto chegaram pelas onze horas a casa da Dª. Anastácia, foram mais cedo, não fosse preciso ajudá-la na preparação do almoço

Quando os viu, ficou radiante, havia muito tempo que aquela casa só a via a ela, finalmente, ia ter uma nova vida: um casal jovem para lhe dar alegria, e depois um bebé, que lhe daria ainda mais vida e mais alegria

Foi mostrar-lhes a casa: um corredor, uma salinha, quatro quartos, uma casa de banho,  uma cozinha e um saguão, ficaram encantados com a casa, deram-lhe os parabéns, pela bonita casa

Os olhos de Anastácia brilharam, por verem como eles ficaram felizes, por irem viver com ela, que família mais bonita, pensou ela

Da cozinha vinha um cheiro a comida, que abria o apetite. A Marina, sem querer, já lhe tinha revelado o prato favorecido deles, quando no café falaram em petiscos portugueses e petiscos angolanos

Assim, Anastácia, que era uma boa cozinheira, preparou-lhes o prato de que tanto gostavam, como fazem as mães, quando os filhos as visitam, para almoçar ou jantar, preparam o petisco de que eles mais gostam, para que voltem muito mais vezes, para partilharem da felicidade deles, para ouvirem mais uma vez: “ não há comida mais saborosa do que a da nossa mãe”

 Depois do almoço, a anfitriã pediu-lhes para escolherem o quarto deles e o do bebé, confidenciou à Marina, que iria começar a fazer o enxoval para o bebé

A Marina pediu-lhe para não se preocupar, depois iriam as duas comprar o enxoval,  mas a Anastácia disse-lhe que fazia questão de fazer  as botinhas e os gorros, em lã, para que ele não tivesse frio

A Marina lembrou-lhe que ele nasceria no verão, mas a Anastácia chamou-a a atenção de que ele enfrentaria uma grande diferença de temperatura, quando nascesse, assim, era preciso ser muito bem agasalhado, principalmente na cabeça e nos pés, que é por onde se perde mais temperatura

A futura mamã ficou muito contente e descansada por ter uma boa ama, para o seu bebé, mesmo nunca tendo filhos, parecia saber muito bem tomar conta de crianças

A seguir saíram os três, foram dar uma volta pela cidade e lanchar, estava um dia radioso, as esplanadas estavam cheias de gente, que aproveitava as últimas horas de domingo, para porem a conversa em dia

A Anastácia perguntou-lhes quando pensavam mudar-se lá para casa, responderam-lhe que não levasse a mal, se fosse preciso iriam todos os dias vê-la, mas queriam aproveitar os últimos tempos a dois, porque com o nascimento do bebé tudo mudaria.

Continua

 

 

11
Jul24

O Império

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O Império  - As teias que o Império teceu

69

Foi um domingo perfeito, todos estavam muito contentes:para os futuros pais, porque tinham  "uma mãe para eles e uma avó para o seu bebé", para a Anastácia, porque tinha, novamente, uma família. Assim que a Marina e o Roberto decidissem ir viver lá para casa, esta deixava de ser uma casa sem vida e passaria a ter muita alegria

Os seus rostos mostravam toda a felicidade, que o dia lhes tinha proporcionado, não podendo ficar por mais tempo, porque no dia seguinte tinham aulas muito cedo, despediram-se da sua grande amiga, com a promessa de visitá-la sempre que pudessem, enquanto não se mudassem lá para casa

Havia muito tempo que não se sentiam tão felizes, uma das maiores preocupações tinha acabado, já tinham quem cuidasse do bebé, e ainda por cima não precisava de ser arrancado da cama, como acontece a muitos bebés, que têm de ser levados de um lado para outro, para que os pais possam ir trabalhar

Era muita a euforia, mal chegaram a casa decidiram dar a boa notícia aos pais. Ela escreveu uma carta para o pai, e ele para a mãe, dizendo-lhes tudo de bom lhes tinha acontecido, pedindo para não se preocuparem, porque o bebé ficaria muito bem entregue

Acrescentaram que estava previsto para junho o seu nascimento, do que os informariam, dizendo se era menino ou menina

Para eles, a principal preocupação estava resolvida, dali em diante podiam dedicar-se exclusivamente aos estudos até à chegada do bebé

Mas, para a Marina a vida continuava complicada, à medida que se aproximavam os exames, também o bebé se preparava para nascer, nada que a fizesse desistir dos seus objetivos.

A sua determinação e inteligência faziam que continuasse a ultrapassar todos os obstáculos, continuava esperançada que iria obter bons resultados na frequência do primeiro ano da Universidade, e que teria, como recompensa de todo o seu muito esforço, um bonito e saudável bebé que, os ocuparia numas férias escolares diferentes, dando-lhes, também, muitas alegrias

O novo ano escolar, também, seria muito exigente: amamentá-lo, continuar com os estudos, cuidar dele, dar-lhe banho, o que é sempre complicado para os inexperientes pais, valia-lhe ter a ajuda da Anastácia, e isso tranquilizava-a   

 

A adaptação dos portugueses ao clima da Índia não foi fácil, as temperaturas a rondar os cinquenta graus positivos eram insuportáveis, todas as ideias que contribuíssem para o arrefecimento do corpo eram bem-vindas, uma que foi muito utilizada consistia em colocar  recipientes com água, debaixo das mesas das salas de jantar, onde colocavam os pés enquanto tomavam as refeições ou conviviam

Os portugueses, com Afonso de Albuquerque a fazer o que Pedro Alvares Cabral tinha

sugerido: aterrorizar os orientais de tal maneira, que nos temessem, mesmo que estivéssemos em inferioridade numérica

Foi isso que fez com que mantivéssemos o Estado Português da Índia até 18 de Dezembro de 1961, quando o primeiro-ministro da imensa União Indiana, Pandit   jawaaharlal Nehru mandou por fim a uma história de 451 anos

A Índia tinha obtido a sua independência da Inglaterra em 1947. 

 

Continua

 

 

23
Mar23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

Este retângulo nunca foi suficiente para grandes sonhos

Com tanto mar, sempre, a desafiar-nos para irmos ver o que está para além dele

Não foi difícil, tentarmos lançar ao mar os nossos sonhos e ambições de ver novos horizontes

Marinheiros, vagabundos, negociantes, poetas, visionários, cientistas e turistas foram à procura do desconhecido

Alguns levados à força, eram precisos braços para manejar os navios, carrega-los, repara-los, soltar e fechar as velas, saber aproveitar o vento, e havia que contar com o escorbuto, que estava muito presente

Este pequeno país é feito de uma amálgama de povos, e é por isso que somos fortes, sonhadores, capazes do melhor e do pior, incapazes de nos deixarmos aprisionar por este pequeno retângulo

Somos aventureiros, curiosos, nunca ninguém nos conseguiu prender, nem mesmo a ditadura

Com as fronteiras fechadas, fomos a salto para a Europa, não somos pessoas de baixar os braços, e sempre que as condições de vida se agravam, agora, com as fronteiras abertas, agarramos no nosso passaporte de cidadãos do mundo, e vamos embora

Foi o que fizemos em 1415, e continuámos por cinco séculos, com cruzes, espadas, audácia, crueldade, conseguimos expandir a fé, espalhar portugueses e índios por todo o lado

O convívio nas caravelas nem sempre foi pacífico e, algumas vezes, os comandantes mandaram atirar homens ao mar ou atá-los, por horas ou dias, aos mastros

Também não fomos recebidos com beijinhos e abraços, nos locais onde aportámos ou impusemos as nossas leis, houve confrontos, espadeiradas, e venceu quem tinha mais força, como é natural!

Em Macau, no século passado, quando um militar ia por um passeio, os chineses passavam para o outro

Na Índia, consta que Afonso de Albuquerque mandou cortar narizes e orelhas, para saberem como era administrada a justiça do rei de Portugal

Mas nem tudo foi mau, com as teias que o Império teceu, muitos foram muito felizes nas antigas colónias portuguesas: uma vida desafogada, com muitos criados, para todas as tarefas, não havia stresse, muitos convívios, churrascos bem picantes, que boa que era a vida daquelas gentes.

Sociedades desengravatadas, muito animadas, sem as etiquetas e o frio da Europa, que se julga uma rainha.

 

Continua

 

 

 

17
Nov22

A sedutora

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Lisboa! A Sedutora!

 

4

Lisboa tinha dificuldade em acolher tanta gente, o que fazia com que a habitação fosse um dos maiores problemas dos pobres, tal como hoje

Nas casas grandes, com vários quartos, chegavam a viver três casais, os donos da casa e mais dois casais e filhos, caso já fossem pais, só com uma casa de banho

Outra situação era viver em parte de casa, em que dois casais alugavam uma casa, pareceu-me uma solução de mais difícil convivência

As águas furtadas também eram utilizadas, para dormir, porque só se conseguia estar de pé junto da janela

Como as rendas estavam congeladas, alguns senhorios recusavam-se a receber as rendas, nesses casos os inquilinos podiam abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos, em nome do senhorio, e depositar todos os meses o valor da renda, até ao dia 8, o que fazia com que o senhorio não pudesse pôr fora o inquilino

O dia 8 era sagrado, quem não quisesse ficar sem casa tinha de arranjar o dinheiro, nem que tivesse de recorrer (ao prego) à casa de penhores, onde o objeto penhorado, normalmente, ficava no prego, à espera que a dono ou dona o resgatasse, dentro do prazo, caso contrário o artigo ficava para a casa de penhores

Aquando da anexação, pela União Indina, do Estado Português da Índia, foram organizadas procissões, em Lisboa, para pedirem a intervenção do grande almirante Afonso de Albuquerque

Uma das procissões teve início junto à Igreja de São Mamede, em direção ao Convento do Carmo, escoltada pelas viaturas da Legião Portuguesa, chegada ao destino, a multidão gritou: “ levanta-te grande Almirante, porque a Nação está em perigo”

No comércio era tudo vendido avulso, ainda não se tinha generalizado a utilização do plástico

O leiteiro, que andava de porta em porta, numa das mãos trazia a bilha do leite, na outra as medidas

Nas mercearias, os clientes raramente compravam quilos e litros de feijão, arroz, farinha, azeite

Pediam cem gramas, duzentos gramas, quinhentos gramas,1 decilitro, 3 decilitros, meio litro

Os produtos, exceto o azeite, estavam armazenados em sacos, onde, por vezes, os ratos se passeavam.

Continua

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