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05
Set24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

77

O Governador não a deixou ir sozinha, acompanhou-a à cooperativa, onde ambos foram recebidos com muita alegria, mas mais alegria houve, quando a Rosinha anunciou que tinha recebido uma carta do Roberto, dizendo que a Marina tinha tido um menino, e que se chama Afonso, por isso estavam muito felizes

Todos foram contagiados pela alegria da avó e do avô, beijaram-se e abraçaram-se, desejando muitas felicidades para os jovens pais e herdeiro, pedindo que o tempo passasse depressa para conhecerem o Afonso e voltarem a ver a Marina e o Roberto

Os avós também fizeram o mesmo pedido, a Rosinha acrescentou que era pena, o   Januário,não estar cá, para participar numa festa tão alegre e bonita

No regresso, enquanto acompanhava a Rosinha a casa, o Governador, que não cabia em si de contentamento, desabafou, dizendo: “ tenho 6 filhas, e foi a mais nova que me deu o primeiro neto, as outras, não compreendo o que querem, continuam a rejeitar os pretendentes, dizem-me que ainda não encontraram os príncipes, que as encantem, deve-lhes ter subido à cabeça o facto de serem filhas do Governador, o que não as torna diferentes das outras

A Marina apaixonou-se pelo seu filho, e como vemos, são um casal muito feliz, e seremos todos muito mais felizes, quando eles regressarem com o nosso Afonso”

Despediu-se da Rosinha, beijando-a e abraçando-a, dizendo que estava muito atrasado, que tinha muitos assuntos para tratar, mas que estava muito feliz, tinha sido um dos dias mais felizes da sua vida, e que, em breve, esperava trazer-lhe mais e boas notícias

A Rosinha agradeceu-lhe por tudo: pelas excelentes notícias e pela companhia, e acrescentou que só queria viver até a Marina e o Roberto regressarem a Luanda, acompanhados do Afonso

O Elisiário, no dia seguinte, não perdeu a oportunidade de ir ver o afilhado e a Anastácia, já não conseguia passar sem os ver todos os dias

Quando a Anastácia lhe abriu a porta, recebeu-o com um sorriso diferente, como que a anunciar que lhe iria dizer que aceitava o seu pedido de casamento

Dirigiram-se para o quarto do Afonso, onde o jovem casal contemplava o fruto do seu amor

Depois de se cumprimentarem e o Elisiário ter observado o afilhado, fez-se um minuto de silêncio, que a Anastácia aproveitou para lhes dizer que, uma vez que a família estava reunida, queria dizer ao Elisiário que, depois de ponderar sobre seu pedido, o aceitava como prova de amor reciproco

Foi um grande momento de alegria e felicidade: beijaram-se, abraçaram-se, todos queriam  que aquela felicidade e alegria se prolongassem para sempre

E, para que tudo ficasse esclarecido, a Anastácia disse ao Elisiário que se podia mudar, lá para casa, assim que quisesse e, se estivesse de acordo, não seriam precisas formalidades

O Elisiário disse que estava completamente de acordo, que no dia seguinte se mudaria lá para casa, e iria trazendo os seus poucos pertences até entregar a chave do quarto ao senhorio

Tirou do bolso do casaco, uma caixinha com um bonito anel, que entregou à Anastácia, esta ficou encantada com o bonito anel, beijaram-se mais uma vez, agradeceu-lhe muito a bonita prenda, pediu-lhe que lho enfiasse no dedo, e que dali em diante seriam mulher e marido.

 

Continua

 

 

 

15
Ago24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

 

74

Chegara o dia do nascimento. A Anastácia já tinha sossegado a Marina, dizendo-lhe que já tinha assistido a alguns partos e que tinha corrido tudo bem

O bebé preparava-se para deixar o aconchego do ventre materno, para enfrentar um mundo maravilhoso, mas onde, também, há muita violência, muito ódio, ganância, desigualdades, guerras sem fim, racismo, tanta coisa ruim, que só o homem é capaz de praticar

Mas, este bebé tinha a sorte de ter quatro pessoas à sua espera, para lhe darem o melhor que conseguissem, na esperança que fosse muito feliz

Foram longas e dolorosas as horas de parto, primeiro que o Afonso decidisse enfrentar o seu novo mundo, mas acabou por correr tudo bem

Os jovens pais e a Anastácia estavam felicíssimos, um menino para encher de alegria a grande casa, a Mariana e o Roberto só pensavam nos familiares, queriam tanto que eles os acompanhassem naquele momento de imensa felicidade, mas, infelizmente, estavam tão longe, certamente a sofrer por nada saberem da chegada do Afonso

E, continuavam a interrogar-se sobre o muito tempo que as notícias levavam a chegar a Luanda. A Marina pediu ao Roberto que escrevesse, imediatamente, uma carta para a mãe dele, para que a notícia do nascimento do Afonso chegasse com a maior brevidade    possível, a Lunada,  ela escreveria ao pai, logo que pudesse

Quando ele se preparava para iniciar a carta, para a mãe, a Anastácia pediu-lhe para ir dar a notícia ao padrinho, que tinha de saber quão bonito era o seu afilhado

O jovem pai correu a casa do Elisiário, que quando o viu adivinhou o motivo da visita, abraçaram-se e o Elisiário deu-lhe os parabéns, pediu-lhe que esperasse um pouco, enquanto mudava de roupa, para o acompanhar a casa da Anastácia, queria dar os parabéns à Marina, ver o afilhado e abraçar a Anastácia

Quando os viu entrar, o corpo da Anastácia vibrou, o Elisiário deu os parabéns à Marina, e demorou-se a contemplar o Afonso, a Anastácia aproximou-se dele, para ambos elogiarem o seu bonito afilhado

O Elisiário já tinha notado que a Anastácia gostava da sua companhia. Assim, aproveitou para dizer que o Afonso, também, tinha uns bonitos padrinhos

A Anastácia estava muito feliz, cada vez admirava mais o Elisiário, aproveitou para o convidar para jantar, era preciso festejar a chegada do Afonso, o Elisiário não se fez rogado, aceitou o convite de bom grado, via na Anastácia uma boa companhia, sentia que ela, também, gostava da sua companhia

Contudo, havia uma sombra a toldar toda aquela felicidade: o facto de ela estar viúva há tanto tempo e não ter arranjado companheiro. Seria que se queria manter viúva, para não quebrar uma possível promessa de não ter mais nenhum homem?

Muitas mulheres, mesmo as que enviúvam ainda jovens, acabam por não voltar a casar, porque os filhos não as apoiam nessa decisão, custa-lhes verem outro homem no lugar do pai. Mas hoje em dia, muitos divorciam-se e voltam a arranjar novo companheiro/a

Queria acabar com todas as dúvidas, quando estivessem sozinhos, falar-lhe-ia no assunto, nunca tinha pensado em arranjar uma companheira até ter conhecido a Anastácia. Mas, com a continuação dos encontros, dos almoços e jantares, a intimidade de serem compadres, despertou nele a beleza da Anastácia: muito elegante, muito educada, inteligente, uns olhos muito bonitos e um sorriso provocador, o aconchego de um lar, tinham-lhe provocado uma atração, que só pensava nela e se sentia bem a vê-la.

Continua.

 

 

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