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03
Ago23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

20

Reparadas as naus, fizeram-se, de novo, ao mar, as condições estavam favoráveis, durante alguns dias não tiveram problemas. Mas, infelizmente, foi sol de pouca dura

Cinco dias depois de saírem de Angra do Heroísmo, nos Açores, voltaram a enfrentar ventos ciclónicos, numa manobra errada, um golpe de vento partiu uma nau ao meio, afundou-se em pouco tempo, dez dos trinta tripulantes morreram

Não tardaram as acusações, as superstições, as tentativas de encontrarem bodes expiatórios, alguém a quem culpar, por estarem com tanto azar

Uns culpavam o Comandante por se terem feito ao mar numa sexta-feira dia 13, um dia de azar, que deveria ter sido evitado a todo o custo

Outros culparam a Miquelina, dizendo que todos sabiam que nunca tinham sido admitidas mulheres abordo, por causa dos azares, que dão, quando andam com a menstruação

O Comandante defendeu a Miquelina, dizendo-lhes que eram tudo superstições e que contra os elementos naturais, nenhum humano os tinha conseguido vencer

Queria, ainda, dizer-lhes que ela tinha feito a viagem anterior, a qual tinha decorrido muito bem, o que provava, que as mulheres não contribuíam para os azares, mesmo quando andam com a menstruação, porque tudo o que diziam sobre as influências negativas não passavam de mitos, e superstições

Mas, alguns marinheiros estavam tão exaltados, que não ouviam ninguém, nem o Capitão

Para debelar a rebelião, o Comandante mandou atar, dois dos mais contestatários, ao mastro do navio, durante 24 horas, para se acalmarem

Estavam todos muito transtornados, a perda de dez homens e uma nau foi mais um rude golpe, para todos, numa viagem, que desde o primeiro dia, parecia estar excomungada

Cumprida a pena, decretada pelo comandante, a vida, a bordo das naus, voltou à normalidade

Depois da tempestade veio a bonança, até Luanda não enfrentaram mais nenhuma tempestade

A Miquelina continuava preocupada com a aventura de saírem em Luanda, mas já não havia alternativa, tinha-se comprometido a acompanhar o Ezequiel, e nunca voltaria com a sua palavra atrás

O melhor era planear a saída, que seria bem complicada, por fazerem equipa não podiam sair os dois, no mesmo dia

Tinham de gizar um plano, que não levasse o Comandante a descobrir ou suspeitar das suas intenções

Miquelina disse ao Comandante que gostava muito de ir a terra, em Lunada, mas receava ir sozinha, se calhar o melhor era não ir, para não arriscar a vida.

Continua

08
Jun23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

12

O Januário e a sua Rosinha continuavam muito felizes, por em breve terem nos seus braços o seu primeiro rebento, toda família partilhava dessa imensa felicidade

O Soba, depois de o conhecer melhor o Januário, pediu-lhe para o ajudar nas contas com o negócio dos escravos, nos quais também estava envolvido

Luanda teve um papel importante nos negócios da escravatura, por ser uma das mais importantes feitorias portuguesas na costa africana, fazendo com que fosse um centro de formulação e execução de operações militares contra reinos africanos

Foi, também, uma base de intensa diplomacia entre africanos e europeus

Os escravos podiam vir de prisioneiros de guerra, comprados por traficantes, ou por meio de emboscadas

Os escravos eram levados a pé até aos portos, onde eram revendidos aos europeus, a troco de mercadorias importantes como: tabaco, cachaça, pólvora

 Eram marcados a ferro quente para se saber a que comerciante pertenciam

Os barcos que os transportavam eram conhecidos por tumbeiros, por muitos morrerem na viagem

Três anos depois de o Januário ter deixado Lisboa, nasceu a primeira filha da Rosinha e do Januário, chamaram-lhe Leopoldina, toda a família ficou muito feliz com a chegada de mais um membro para a família, que vinha ganhando notoriedade desde que o Januário se tinha associado ao Soba, no negócio da escravatura

A armada, que tinha permitido ao Januário a grande aventura de ter ido ao Oriente, já tinha atracado em Lisboa, depois de terem descansado três meses em Angra do Heroísmo, Nos Açores

Foram recebidos em festa, toda a cidade acorreu ao cais, para aplaudirem os valentes homens, que tinham ido tão longe e passado tanto tempo no mar

Mal sabia a multidão que uma mulher, também tinha participado, sem que ninguém tivesse descoberto que era mulher

O irmão do Januário, o Ezequiel, mais novo dois anos, que tinha ficado em Lisboa, porque tinha de tomar conta da mãe deles, que entretanto morrera, também estava entre a multidão, junto à saída do barco, onde o irmão tinha embarcado

Já tinham saído quase todos, e o irmão não aparecia, resolveu perguntar, a um grupo que acabara de abandonar o barco, se conheciam o Januário, e se sabiam alguma coisa dele

Disseram-lhe que tinha ficado em Luanda, nada que o irmão não temesse, uma vez que, na despedida, lhe tinha dito que queria tentar a sua sorte numa Colónia

Como não tinha mais nenhum familiar, pensou em ir ter com o irmão, mas para isso tinha de tentar fazer como ele tinha feito.

Continua

 

 

06
Abr23

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

 

3

Já vem de muito longe, quem queira viver do trabalho dos outros, os cucos, que põem os ovos nos ninhos dos outros pássaros, para que lhes criem os filhos, porque criar filhos dá muito trabalho

Os piratas, que trabalhavam por conta própria, não tinham de prestar vassalagem aos Reis

Os corsários, que tinham um estatuto, estavam autorizados a roubar os barcos das nações em guerra com a sua, tinham a bênção dos Reis

As caravelas portuguesas tinham de evitar maus encontros com todos estes senhores, que não querendo ou não podendo ir ao supermercado das índias, queriam ficar com as especiarias e as sedas, que os outros tinham tido o trabalho de ir buscar

Por causa dos piratas e corsários, os Felipes, aquando da união Ibérica (1580 a 1640) mandaram construir em Angra do Heroísmo uma enorme muralha para proteger as mercadorias que vinham do Oriente e das Américas

Há quem diga que em Angra do Heroísmo foi criada a primeira estação de serviço: abastecimento e reparação de navios, angariação de homens para fortalecerem ou substituírem as tripulações, serviços para tratamento dos que chegavam doentes, hospedarias, tabernas, casas de meninas ………..    

Terá a Ilha Terceira inspirado Camões, para escrever a Ilha dos Amores?  

     …]aconselhara a mestra experta:
Que andassem pelos campos espalhadas;
Que, vista dos barões a presa incerta,
Se fizessem primeiro desejadas.
Alguas, que na forma descoberta
Do belo corpo estavam confiadas,
Posta a artificiosa formosura,
Nuas lavar se deixam na água pura.
 (Canto IX, 65)

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

Oh, que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.
 (Canto IX, 83)

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

“Ali, com mil refrescos e manjares, Com vinhos odoríferos e rosas, Em cristalinos paços singulares, Fermosos leitos, e elas mais fermosas; Enfim, com mil deleites não vulgares, Os esperem as Ninfas amorosas, D’ amor feridas, pera lhe entregarem Quanto delas os olhos cobiçarem.

Fonte: https://www.passeiweb.com/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores/

 

Continua

 

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