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16
Jan25

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

96

Quando avistaram terra, ficaram eufóricos, era sempre assim, em todas as viagens, com todos os marinheiros e passageiros, chegar a terra firme era como que conseguir uma vitória

Como o sol se estava a pôr, fundearam na baia de Luanda, fazendo com que os passageiros com destino a Luanda, tivessem de dormir mais um noite abordo

A Marina e o Roberto estavam tão eufóricos, com a chegada à sua terra natal,  que não conseguiram dormir, no dia seguinte, pelas seis horas, quando o sol rebentou e iluminou  tudo, Luanda vista do mar parecia, ainda, muito mais bonita

As árvores, umas floridas, outras com frutos, com os embondeiros em destaque, com os seus frutos a lembrarem ratazanas penduradas pelo rabo, deslumbravam o olhar

A Marina e o Roberto estavam encantados com os muitos recantos, que nunca tinham visto, ainda não tinham tido oportunidade de ver, do mar, a beleza da linda cidade de Luanda, para eles parecia que tudo era novo, que tudo tinha sido lá colocado, depois de terem ido para a Metrópole

O sol já ia alto, os barcos continuavam fundeados, sem se mexerem, a ansiedade era muita, em terra as pessoas agitavam-se, acenavam, pareciam não perceber a razão pela qual não atracavam, na cidade, já todos sabiam da chegada das naus da carreira da Índia

A Marina e o Roberto, não queriam incomodar o comandante da armada, que andava a constituir as equipas e distribuir as tarefas, para que tudo corresse bem

Mas, também, eles não compreendiam a razão de tanta espera, vendo que o comandante tinha feito uma pausa, decidiram aproximar-se dele e perguntar-lhe por que razão a nau não atracava. Respondeu-lhes que estavam à espera que a maré subisse, para puderem proceder às manobras de atracagem, mas que em breve iam levantar ferro, para se encaminharem para o cais

Ninguém queria perder o espetáculo do desembarque, todas as viagens traziam passageiros para Angola, havia, sempre, abraços, beijos e choros de alegria, por terem conseguido chegar sãos e salvos

Os familiares da Marina e do Roberto não passaram o dia no cais, porque o Governador tinha sido informado da hora prevista para a atracagem.

Continua

 

 

02
Jan25

O Império

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94

Chegara o dia da partida das naus da carreira da Índia

O dia amanhecera com um sol radioso, no cais havia muito movimento, para além dos que iam embarcar, muitas mulheres despediam-se dos seus ente-queridos: choravam, abraçavam-se e beijavam-se

Entre os passageiros havia muito poucas mulheres, a maioria era homens, que procuravam fazer fortuna, na Índia, ou em qualquer outra colónia portuguesa, onde a aramada aportasse, mas as especiarias é que eram o ouro daqueles tempos

O comandante da armada recebeu a Marina e o Roberto à entrada da nau, indicou-lhes os seus aposentos, estes aproveitaram para o informar, que tinham seguido o conselho dele , sobre uma alimentação alternativa, caso o Afonso enjoasse a comida servida  a bordo

Assim, percorreram Lisboa à procura de frutos secos, que ele muito gostava, compraram nozes, pinhões e figos secos

A Marina e o Roberto aproveitaram para ver todo o movimento da partida: os últimos abraços e beijos, as naus a afastarem-se do cais, o vento a empurra-las para o Atlântico    

O Afonso estava muito atento, mas sem saber o que estava a acontecer, os pais explicaram-lhe que iam para outro continente, o continente Africano, que está separado por mar do continente Europeu, que não tinham mais nenhum transporte para voltarem para a sua terra, senão os barcos, e como era muito longe, levavam muito tempo

Mas, ele choramingava todos os dias, dizia aos pais, que queria voltar para Coimbra, para junto da Anastácia e do Ezequiel 

Os pais bem tentavam distraí-lo, e quando os peixes voadores dançavam à frente da proa do barco, ficava encantado

OS DESCOBRIMENTOS E A COLONIZAÇÃO DA GUINÉ A Guiné-Bissau de hoje fez parte das terras africanas com uma fundamental importância na empresa dos Descobrimentos que Portugal empreendeu, a partir do Século XV, por motivos económicos, científicos, militares, religiosos... Gomes Eanes de Azurara, historiador português do século XV e cronista real a partir de 1450, em substituição de Fernão Lopes, na «Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné» refere cinco razões que teriam levado o Infante D. Henrique na conquista da Guiné: - a primeira razão teve a ver com a vontade de conhecer as terras que iam para além das Canárias e do Cabo Bojador; - a segunda, por razões comerciais na troca de produtos; - a terceira, por dizer-se que o poderio dos “Mouros d`aquela terra d´África era muito maior do que comummente se pensava”; - a quarta, com vista a saber se haveria rei cristão naquelas paragens; - a quinta, a expansão da fé cristã. O primeiro passo da expansão ultramarina teve lugar em 25 de Julho de 1415 com a partida de Lisboa da armada de 200 embarcações para a conquista de Ceuta, tendo chegado, no dia seguinte, a Lagos e, no dia 21 de Agosto, a Ceuta. Mas a armada apenas prosseguiu viagem de Lagos quando, no dia 28 de Julho, foi lida a Bula de Cruzada concedendo absolvição plenária a todos os participantes. As viagens de reconhecimento prosseguiram para o Atlântico Sul - tendo os navegadores chegado às ilhas do Porto Santo e Madeira - e também pela costa ocidental da África. Depois de, em 1434, Gil Eanes ter dobrado o Cabo Bojador, Afonso Baldaia, dois anos mais tarde, atingiu a Ponta Galé, tendo demorado algum tempo no Rio do Ouro. A expedição a Tânger e a morte de El-Rei D. Duarte, fizeram com que as viagens para Sul na costa Ocidental da África ficassem suspensas durante cerca de cinco anos. No prosseguimento das Descobertas, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco em 1441 e, dois anos depois, atingiu Arguim. Em 1444 chegou ao Senegal ao mesmo tempo que Dinis Dias descobria Cabo Verde. Aqueles anos marcam a chegada dos navegadores portugueses às vastas terras onde se integrava aquela que foi a futura Guiné Portuguesa. Em 1446, Estêvão Afonso atingiu o rio Gâmbia, na região dos Mandingas; Álvaro Fernandes terá atingido o rio Casamansa, no limite Norte da actual Guiné-Bissau; João Infante, filho de Nuno Tristão, descobriu o rio Grande, depois denominado rio Geba, na actual Guiné-Bissau; segundo Gomes Eanes de Azurara, em 1446 foram 51 caravelas às terras da Guiné. Em 1454, por Bula do Papa Nicolau V, foram ratificadas as conquistas africanas do cabo Não até às costas da Guiné, inclusive, em favor de D. Afonso V, infante D. Henrique e seus sucessores; D. Afonso V entregou à Ordem de Cristo a administração espiritual e jurisdição de todas as terras conquistadas e por conquistar da Guiné, Núbia, Etiópia, tendo sido confirmados esses direitos pelo Papa Nicolau V . ( da Internet)

Continua.

26
Dez24

O Império

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O Império  -  As teias que o Império teceu

93

 As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pêro Escobar as descobriram.

Os portugueses colonizaram-na com cristãos-novos que tinham sido expulsos pela Inquisição.[1]

cana-de-açúcar foi introduzida nas ilhas no século XV, mas a concorrência brasileira e as constantes rebeliões locais levaram a cultura agrícola ao declínio no século XVII. Assim sendo, a decadência açucareira tornou as ilhas entrepostos de escravos para o Caribe e para o Brasil.

Entre as principais dificuldades por que passaram as ilhas no final do século XVI destacam-se as revoltas de africanos entre 1590 e 1595, das quais a mais importante foi a Revolta dos Angolares.

A escravatura e o ciclo do Cacau

A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo de cacau e de café. Nesse período, as ilhas figuraram entre os maiores produtores mundiais de cacau. A escravatura foi abolida em 1876, mas ao longo do século XX os portugueses mantiveram os trabalhadores rurais em degradantes condições de trabalho. Baseava-se em mão de obra trazida principalmente de diferentes regiões da costa ocidental do continente africano, e posteriormente apenas populações oriundas das outras colónias portuguesas: Angola, Moçambique e Cabo Verde.

As grandes propriedades rurais, as roças, tornaram-se uma das matrizes na construção da história do país[2]. (Wikipédia)

Chegou o dia da partida das naus da carreira da Índia, o dia há muito  aguardado pela Marina e o Roberto, finalmente iriam regressar à sua terra, Angola

Viajavam na nau do comandante, que os recebeu à entrada da mesma, já se conheciam, o casal, dias antes, tinha tido um encontro com o comandante, para saberem se seria preciso tomarem algumas precauções, por causa do filho, que deveria ser o passageiro mais novo daquela viagem

Na altura disseram-lhe que tinham vindo de Luanda, para estudarem em Coimbra, como já tinham acabado os cursos, queriam voltar para a sua terra

Ele deu-lhes os parabéns, desejou-lhes muitas felicidades, dizendo, que soubesse eram os primeiros licenciados, que transportava. Por isso, era uma honra tê-los como companheiros de viagem

Quanto ao menino poderia acontecer que enjoasse a comida, se soubessem de alguma coisa, que ele gostasse, que não se deteriorasse e a pudessem  arranjar, era bom que a levassem, para ser mais fácil alimentá-lo.

Continua

 

19
Dez24

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

92

São Tomé e Príncipe

 

A ilha de São Tomé foi descoberta em 21 de dezembro de 1470, por João de Santarém, no dia de São Tomé; 27 dias depois, em 17 de janeiro de 1471, no dia de Santo AntãoPêro Escobar chega à ilha do Príncipe.[11] Príncipe foi inicialmente chamado de Santo Antão ("Santo António"), mudando o seu nome em 1502 para a Ilha do Príncipe, em referência ao Príncipe de Portugal para quem foram pagos impostos sobre a produção de açúcar da ilha.

O primeiro assentamento bem-sucedido de São Tomé foi estabelecido em 1493 por Álvaro de Caminha, que recebeu a terra como uma concessão da coroa. Príncipe foi liquidado em 1500 sob um arranjo semelhante. A atração de colonos mostrou-se difícil, sendo assim, a maioria dos primeiros habitantes foram "indesejáveis" enviados de Portugal, a maioria judeus.[12] Com o tempo, esses colonos encontraram no solo vulcânico da região o local adequado para a agricultura, especialmente o cultivo de açúcar.[(Wikipedia)

A Marina, o Roberto e o Afonso já conheciam todos os becos de Lisboa, as suas canoas, os miradouros, tudo quanto havia, para os olhos entreter

As naus, da carreira da Índia, já estavam atracadas ao cais de Belém, para serem reabastecidas, em breve estariam de partida, para a viagem anual, era preciso encher bem os porões de tudo quanto é essencial à vida ( diz o ditado popular, quem vai para o mar, avia-se em terra)

A Marina e o Roberto ficavam horas a comtemplar aqueles barcos, recordando a viagem, que tinham feito de Luanda para Lisboa, uma viagem com alguns susto, principalmente quando o oceano parecia querer engolir o barco, e este todo se contorcia, esperava a onda passar, para se voltar a endireitar

Era a única estrada que tinham para regressarem a Luanda, uma estrada com muitas ondas, mutos perigos escondidos, os ventos eram o combustível, nem sempre disponíveis, para as velas enfunar, fazendo com que a pressa de aportar tivesse de esperar

Os peixes voadores animavam a viagem, exibindo-se à frente do barco, com as suas bonitas acrobacias, que ajudavam a suportar a perigosa e dura aventura, em que só se vê água e o céu azul.

Continua

 

 

12
Dez24

O Império

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O Império  -   as teias que o Império teceu

91

Ficaram tristes por ainda faltarem tantos meses para a saída das naus, tinham tempo para percorrerem toda a Lisboa, ver as suas ruas e becos, sentir o pulsar de uma cidade muito diferente de Coimbra

Todos os dias calcorreavam uma parte da cidade, descansavam nos miradouros a observar o frenesi da cidade, não podiam fazer grandes caminhadas, como quando não tinham o Afonso, depois do almoço passavam umas horas, na pensão onde estavam hospedados, para ele dormir, descansar

O Afonso não se esquecia da Anastácia e do Elisiário, queria ir vê-los, os pais iam-lhe dizendo que em breve os iriam ver, sabendo que tão cedo não os iria esquecer

À tardinha, iam para a beira do rio, ver a chegada e partida dos barcos: canoas, varinos, fragatas, que transportavam muitos dos víveres que alimentavam os habitantes de Lisboa

Foram meses a percorrer os becos, ruas e ruelas de Lisboa, tudo foi passado a pente fino, a Marina aproveitou para observar o que havia à venda de utensílios de medicina, comprou alguns para levar para Luanda

Tencionava abrir um posto médico, aberto a toda a população, formar enfermeiros e enfermeiras para a poderem ajudar e atenderem os utentes com casos menos complicados, enquanto ela estivesse a tratar de doentes com exigências de mais conhecimentos

Em Luanda desesperava-se por notícias, já sabiam que raramente tinham notícias, da Metrópole, mais de uma vez por ano, quando as naus, com destino à Índia, aportavam em Luanda, para deixarem e apanharem passageiros, entregarem o correio, mercadorias, fazerem pequenas reparações, reabastecer as naus, para continuarem a viagem

A Rosinha esteve muito doente, receou não conseguir resistir até o neto chegar, queria tanto conhecê-lo, voltar a ver a Marina e o Roberto, não queria morrer sem os ver em Luanda, felizmente melhorara, encheu-se de coragem e foi visitar o compadre, queria saber se tinha notícias, para quando é que ele previa a chegada dos barcos vindos da Metrópole

Ele, para a animar disse-lhe que o tempo passava depressa, que em breve teriam os filhos e o neto com eles, seria um dia muito feliz, para toda a família, todos ficariam encantados com o Afonso

Até ela ficou como que rejuvenescida, o compadre tinha conseguido convencê-la de que ainda ia viver muito tempo, que iria ver crescer os netos, o que fez com que ela voltasse para casa muito feliz e confiante na sua longevidade

No dia seguinte, quando chegou à cooperativa, todos notaram que estava diferente, tentaram saber a razão, disse-lhes que tinha feito uma visita ao compadre e que tinha gostado do que ele lhe tinha dito.

Continua

 

05
Dez24

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90

Chegou o dia das despedidas

Já se sabia que seriam momentos muito tristes, os adultos sabiam que dificilmente se voltariam a ver, atendendo à idade da Anastácia e do Elisiário,   o jovem casal também não contava voltar à Metrópole, só o Afonso acreditava que a Anastácia e o Elisiário os iriam visitar, a Luanda

Por isso, a despedida não foi tão dolorosa para o pequeno Afonso, que, mesmo assim, se mostrou muito preocupado por a Anastácia e o Elisiário ficarem sozinhos

Foram muitos dias de coche, até conseguirem chegar à capital, pernoitavam em estalagens, que proporcionavam alimentação e descanso a humanos e animais

Uma aventura tão ou maior que ir de Lisboa a Luanda. Foi o melhor meio de transporte, que arranjaram, graças à amabilidade do Conde, que tudo fez para tornar a viagem menos cansativa, estava muito preocupado com o pequeno Afonso, até parecia que era seu neto, fez mais paragens que costumava fazer, escolheu as melhores estalagens

Chegados a Lisboa, indicou-lhes uma boa pensão, para ficarem os muitos meses, que faltavam para que as naus se fizessem ao mar em direção à Índia

A Marina e o Roberto disseram-lhe que não sabiam como lhe agradecer todo o empenho e carinho com que os tinha mimado. Respondeu-lhes que estava muito feliz por os ter ajudado, desejou-lhes muitas felicidades, que fizessem boa viagem e que encontrassem os familiares com saúde

Não perderam tempo, no dia seguinte foram tratar da viagem, o Conde já lhes tinha dito que, normalmente, as naus só se faziam ao mar no mês de abril, devido aos ventos e às correntes

Mas, eles queriam marcar a viagem, queriam saber quando se previa a saída das naus, quando previam a chegada a Luanda, foi-lhes dito que tencionavam largar em abril, quanto à cheada a Lunda, tudo dependia dos ventos e das correntes marítimas, a única certeza é que lhes garantiam a viagem

Ficaram mais descansados, garantiram-lhes que os levavam de regresso a casa, mesmo que não soubessem quando, e não regressavam sozinhos, levavam o Afonso, para mostrarem a toda a gente que tinham um filho lindo, nascido na Europa, em Coimbra, cidade dos estudantes.

“Com D. Maria I, a partir de 1780, é possível observar um conjunto de acções e obras, como a construção de pontes, a realização de projectos para a estrada de Lisboa a Coimbra (que só viria a ficar pronta 18 anos depois) “ ( da net)  

Continua.

 

11
Jul24

O Império

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O Império  - As teias que o Império teceu

69

Foi um domingo perfeito, todos estavam muito contentes:para os futuros pais, porque tinham  "uma mãe para eles e uma avó para o seu bebé", para a Anastácia, porque tinha, novamente, uma família. Assim que a Marina e o Roberto decidissem ir viver lá para casa, esta deixava de ser uma casa sem vida e passaria a ter muita alegria

Os seus rostos mostravam toda a felicidade, que o dia lhes tinha proporcionado, não podendo ficar por mais tempo, porque no dia seguinte tinham aulas muito cedo, despediram-se da sua grande amiga, com a promessa de visitá-la sempre que pudessem, enquanto não se mudassem lá para casa

Havia muito tempo que não se sentiam tão felizes, uma das maiores preocupações tinha acabado, já tinham quem cuidasse do bebé, e ainda por cima não precisava de ser arrancado da cama, como acontece a muitos bebés, que têm de ser levados de um lado para outro, para que os pais possam ir trabalhar

Era muita a euforia, mal chegaram a casa decidiram dar a boa notícia aos pais. Ela escreveu uma carta para o pai, e ele para a mãe, dizendo-lhes tudo de bom lhes tinha acontecido, pedindo para não se preocuparem, porque o bebé ficaria muito bem entregue

Acrescentaram que estava previsto para junho o seu nascimento, do que os informariam, dizendo se era menino ou menina

Para eles, a principal preocupação estava resolvida, dali em diante podiam dedicar-se exclusivamente aos estudos até à chegada do bebé

Mas, para a Marina a vida continuava complicada, à medida que se aproximavam os exames, também o bebé se preparava para nascer, nada que a fizesse desistir dos seus objetivos.

A sua determinação e inteligência faziam que continuasse a ultrapassar todos os obstáculos, continuava esperançada que iria obter bons resultados na frequência do primeiro ano da Universidade, e que teria, como recompensa de todo o seu muito esforço, um bonito e saudável bebé que, os ocuparia numas férias escolares diferentes, dando-lhes, também, muitas alegrias

O novo ano escolar, também, seria muito exigente: amamentá-lo, continuar com os estudos, cuidar dele, dar-lhe banho, o que é sempre complicado para os inexperientes pais, valia-lhe ter a ajuda da Anastácia, e isso tranquilizava-a   

 

A adaptação dos portugueses ao clima da Índia não foi fácil, as temperaturas a rondar os cinquenta graus positivos eram insuportáveis, todas as ideias que contribuíssem para o arrefecimento do corpo eram bem-vindas, uma que foi muito utilizada consistia em colocar  recipientes com água, debaixo das mesas das salas de jantar, onde colocavam os pés enquanto tomavam as refeições ou conviviam

Os portugueses, com Afonso de Albuquerque a fazer o que Pedro Alvares Cabral tinha

sugerido: aterrorizar os orientais de tal maneira, que nos temessem, mesmo que estivéssemos em inferioridade numérica

Foi isso que fez com que mantivéssemos o Estado Português da Índia até 18 de Dezembro de 1961, quando o primeiro-ministro da imensa União Indiana, Pandit   jawaaharlal Nehru mandou por fim a uma história de 451 anos

A Índia tinha obtido a sua independência da Inglaterra em 1947. 

 

Continua

 

 

04
Jul24

O Império

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O Império  -  As teias que  o Império teceu

67

Estado Português da Índia

Vasco da Gama atracou em Calecute, em 20 de Maio de 1498, conseguiu assegurar uma carta de concessão para as trocas comerciais com o Samorim, o governador de Calecute

Os portugueses estabeleceram um porto comercial, mas foram incapazes de pagar os direitos aduaneiros dos seus bens em ouro

Mais tarde, funcionários de Calecute detiveram temporariamente agentes de Vasco da Gama, como garantia de pagamento. Isso irritou Gama, que levou alguns nativos e dezasseis pescadores com ele pela força, A expedição foi bem-sucedida, levando carga com valor sessenta vezes o custo da expedição

A frota de Pedro Álvares Cabral chegou a Calecute a 13 de setembro de 1500, obteve autorização para instalar uma feitoria e um armazém na cidade-estado

Em meados de dezembro, a feitoria foi atacada por cerca de 300 homens, 50 portugueses perderam a vida, os restantes retiram-se para os navios, alguns a nado

Cabral esperou 24 horas por um pedido de desculpas, que não chegaram, mandou atacar 10 navios mercantes dos árabes, ancorados no porto

Mataram cerca de 600 tripulantes, confiscaram o carregamento, antes de incendiar os navios

Cabral também ordenou que os seus navios bombardeassem Calecute durante 24 horas, mas percebeu que tinha poucos homens, regressou a Portugal, com a convicção que seriam sempre poucos em comparação com os indianos

Queria que aquela traição fosse punida de modo a que os portugueses fossem temidos e respeitados no futuro

Disso encarregou-se Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, tornando-a na sede do Estado Português da Índia

A Marina e Roberto, depois do encontro, no café, com a viúva Anastácia, ganharam uma nova vida

Convidou-os para almoçarem, no domingo a seguir, na sua casa, que ficava muito perto da Universidade, queria que vissem as condições da casa, para onde iriam viver com o seu bebé

Assim foi, passaram uma semana a pensar no casual encontro, e em como tudo seria diferente

Já não precisavam de se preocupar em arranjar com quem deixar o bebé, ainda por cima,  iam viver com uma senhora, que os ajudaria a criá-lo, nem queriam acreditar no que lhes tinha acontecido

Até parecia que a semana não tinha fim, tal era a ansiedade de confirmarem tudo o que aquela mulher lhes tinha dito, parecia ser sorte a mais, não se conheciam de lado nenhum

Mas tudo levava crer que, era uma senhora muito boa, tinha pena de não ter tido filhos, enviuvara ainda muito nova, não voltara a casar, como era normal naquela época, tudo parecia dar certo, não devia ter dificuldades financeiras, atendendo a como estava vestida, nem falou de qualquer recompensa por tudo o que oferecia.

Continua

 

20
Jun24

O Império

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O Império – As teias que o Império teceu

65

 

A Rosinha não conseguia suportar a falta de notícias do filho. Todos sofriam com a sua grande tristeza, que também contagiava todos os cooperantes

A filha e o genro, vendo tamanho sofrimento, pediram-lhe que fosse, novamente, falar com o Governador

A Rosinha não se sentia à vontade, no palácio do Governador, mas teve, mais uma vez, de enfrentar esse desconforto, porque já nem conseguia dormir, passava as vinte e quatro horas, sempre, a pensar no filho, dizia que tinha um pressentimento ruim

 Encheu-se de coragem e dirigiu-se para o Palácio do Governador. Foi muito bem recebida como da primeira vez, teve de esperar um pouco, porque ele estava ocupado

Quando a viu, os seus olhos brilharam de alegria, correu para ela e contou-lhe a boa novidade, iam ser avós

A Rosinha ficou sem palavras, vendo-a encavacada, abraçou-a, ambos gritaram: “ vamos ser avós”

Começou por lhe dizer que tinha recebido uma carta da filha, trazida por um conhecido, que fazia parte da tripulação da armada, atracada no porto de Lunada, que se dirigia para a Índia

Tinham feito boa viagem, passaram uns bons dias em Lisboa, para o Roberto tentar encontrar familiares do pai, do tio ou da tia. Mas, infelizmente, não tinha conseguido obter  nenhuma informação

Quando já estavam em Coimbra, é que a Marina começou a andar enjoada, passados uns dias estava confirmado: estava grávida

Na carta, também dizia que já estavam a estudar na Universidade, ela a estudar para médica e ele para advogado

A Rosinha disse-lhe que estava tão feliz por eles estarem bem e também por vir a ser avó, mas custava-lhe tanto que estivessem tão longe

Ele disse-lhe que, assim que tivesse quem lhe levasse uma carta, iria pedir-lhes para voltarem para Luanda, queria ver o neto ou a neta a crescer junto dele, no Palácio, ao que ela respondeu: “ faça isso, não quero morrer sem voltar a vê-los”

Não a deixou abandonar o palácio, sem lhe oferecer um chá, chamou uma das criadas,  pediu-lhe para fazer chá, para ele e para a sua comadre, enquanto lanchavam, cada um revelou a sua preferência, sobre o sexo do futuro bebé, como era de esperar, ele preferia que fosse um menino, ela uma menina    

Despediram-se, e ele prometeu mandar informá-la, sempre que tivesse notícias, ela agradeceu-lhe pelas boas notícias e pelo lanche, desejando que em breve se voltassem a ver

Quando a Rosinha chegou a casa, todos perceberam que estava diferente, a tristeza, que enrugava o seu rosto, tinha dado ludar à alegria, estava radiante, florida de felicidade

Todos a rodearam, estavam ansiosos para saberem as novidades, começou por dizer que o Roberto e a Marina estavam bem, o seu compadre tinha acabado de receber uma carta da filha, já estavam em Coimbra, a estudar na Universidade, ela estava a estudar para médica e ele para advogado

Guardou para o fim a notícia mais importante, para que todos continuassem, por muito tempo a saboreá-la

Fez uma pausa, olhou para todos e disse que a Marina estava grávida, que estava muito feliz por vir a ser avó

Quiseram saber mais, mas ela acalmou-os, dizendo que não sabia mais pormenores, a não ser que a Marina tinha tido enjoos

A Milene ficou radiante, porque ia ter um primo ou mais uma prima e também por ver toda a família contente, incluindo a avó, que desde a morte do avô andava, sempre, tão triste.

Continua

 

06
Jun24

O Império

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O Império   -  As teias que o Império teceu

63

A força do amor! A Marina e Roberto, que para além de quererem estudar na Universidade de Coimbra, que consideravam ser a mais prestigiada Universidade da Europa, queriam, também iniciar uma vida a dois

Assim, em dois anos conseguiram habilitações, para ingressarem na Universidade

Por ser filha do Governador, teve oportunidade de embarcar, em Luanda, numa nau, que fazia parte da frota, vinda da Índia, e ali tinha feito escala, para reabastecimento, com o Roberto, seu namorado

Foram quase dois meses de viagem, uma viagem tranquila, só aportaram ao Funchal, na Ilha da Madeira, para voltar a reabastecer a frota

Chegaram a Lisboa, em finais de Julho, em pleno verão, ficara encantados com a cidade, calcorrearam as suas vielas e colinas, como se procurassem os seus antepassados

Continuavam intrigados, sem terem uma explicação, para que um pequeno país tivesse empreendido uma tão grande aventura, como foram os descobrimentos, que levaram os portugueses a todos os Continentes, fazendo com que, à força, tivessem feito muitas conquistas, formando um grane Império

No início de Setembro, dirigiram-se para Coimbra. Aí chegados, entregaram as credencias, que lhes permitiam frequentarem a Universidade

Estavam radiantes, o sonho estava quase a tornar-se em realidade: Estudar na Universidade de Coimbra, uma Licenciatura na famosa e prestigiada Universidade dos estudantes, que melhor carta de recomendação?

Mas, com não há rosas sem espinhos, a Marina começou a andar enjoada, não havia dúvidas, estava gravida

Em Luanda, A Rosinha estava muito preocupada, por não saber nada do filho, o desespero era tão grande que, contra a sua vontade, foi perguntar, ao Governador, se já tinha tido alguma notícia deles

Também ele, ainda, não sabia nada deles, acrescentando que as notícias, entre Luanda e Lisboa, eram muito demoradas. Assim, teriam de ter muita paciência, e esperar que dessem notícias

Percebeu que ele não estava tão preocupado como ela, o que não admirava, normalmente, os pais conseguem disfarça melhor o seu sofrimento em relação à ausência dos filhos, do que as mães, que parecem sofrer mais, com essa ausência, do que os pais

A ela, o que lhe valeu foi a neta que, com a morte do avô, a ocupava o tempo inteiro, na ida às lavras, à creche, para onde quer que fosse a avó, lá ia ela, e assim não tinha tempo para pensar na ausência do Roberto  

A Miquelina e o Ezequiel, aliviados das suas responsabilidades, na cooperativa, só queriam estar junto da neta, passavam os dias a adorar a Eliane, para eles, aquela neta era a maior prenda das suas vidas

Os netos são como que o último presente, para quem já pouco espera da vida, sabem que estão de partida, que as forças vão faltando, mas verem os netos crescer, fá-los renascer, sempre, na esperança de um dia, até, poderem chegar a ver bisnetos.

 Continua

 

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