Dias de sol!
Dias de sol
Longos dias de sol e rosas floridas
Perfume lilás a rodopiar entre as vidas
São os bonitos dias da primavera, nas despedidas
Que estão mesmo a chegar ao fim as horas perdidas
A ver o sol a nascer, subir e descer até o mar o levar para outras partidas
Passaram a correr, com o sol a subir, a lua a dormir, nas nuvens sumidas
Não conseguiste, no mundo, sarar as feridas
Bem te esforçaste, mas os homens não podem passar sem atrocidades desmedidas
Como é que as flores não hão-de-estar tristes, chorosas, sentidas!
Tanto perfume derramado, tanto sorriso encantado, para tantas crueldades consentidas
Como se destruir, matar, roubar, um vizinho invadir fossem coisas permitidas!
Como é que há pessoas e nações que apoiam conturbações, enquanto as outras se sentem ofendidas?
Uma primavera dolorosa, não só pela pandemia, mas também por causa de uma nova guerra, ambas incompreendidas
Queriam que ficasses alheia ao que te rodeia e às brutais medidas
Que o senhor da guerra impôs a todos os povos que se revoltaram contra as suas novas investidas
Para o ano, esperamos que as tuas cores sejam de paz e nações unidas
Os povos não precisavam de tanta destruição e vidas tão sofridas
Há povos a quem a liberdade e a nacionalidade são, por um preço muito alto, vendidas
São com a vida, a expulsão, a mutilação, o exilio, a fome, defendidas
Como é bom ver, todos os anos, a lua e a primavera, de novas cores, vestidas
Devido ao aquecimento global, usam as roupas cada vez mais subidas
Uma tendência a copiar para a sustentabilidade não passar de palavras falidas
Não custa nada dizer que somos contra a poluição, mas quando o custo dos combustíveis se torna insuportável, lá se vai o charme das manifestações, por um mundo sustentável, nas avenidas
Se queremos ar respirável e água potável, temos muito que inovar, se calhar não podemos tanto viajar, nem tudo comprar, para o nosso bem-estar, a quem não sabe o que são os direitos humanos, para onde deslocalizámos as nossas fábricas, não querendo saber por quem e como são fabricadas as coisas escolhidas.
José Silva Costa