Pais!
Pais
Foram, sempre, colegas no jardim-de-infância, na primária e no secundário
Muito amigos, confidentes, faziam parte do grupo de amigos de ambos
Só se separaram quando foram para Universidade: a Maria escolheu Medicina, o Francisco foi para Direito
Filhos de famílias da classe média. Mantiveram sempre o contato durante os anos da Universidade
Assim que acabou a licenciatura, o Francisco pediu namoro à Maria, que aceitou imediatamente
Pouco tempo depois passaram a viver juntos. Mas à Maria ainda faltavam alguns anos, para completar a formação
Ambos gostavam muito de crianças. À pressa do Francisco em ser pai, a Maria disse que só pensaria na maternidade, depois de acabar a especialidade em obstetrícia
O Francisco fez o estágio numa sociedade de Advogados, onde ficou a trabalhar
Eram um casal exemplar, muito amigos e compreensivos um com o outro, mesmo quando o trabalho os fatigava e separava
Mal acabou a especialidade, a Maria foi colocada na maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa
Com a vida estabilizada, o Francisco lembrou-lhe que estava na altura de serem pais, com o que ela concordou
Passavam os meses e nada de gravidez. Não podia adiar mais, tinha de ir fazer exames, para saber o que se passava
Quando recebeu os resultados e viu o que tinha nos ovários, ficou destroçada, nunca poderia ser mãe
Para além de ter ficado lavada em lágrimas, e de os colegas não a conseguirem animar, também a preocupava a reação do Francisco, de quem tanto gostava
Como não estava em condições de continuar a trabalhar, foi para casa, enfiou-se no sofá à espera da chegada do Francisco
O Francisco ficou muito preocupado quando a viu naquele estado, mas não lhe perguntou nada, beijou-a e abraçou-a, deixou-a chorar nos seus braços, continuou a apertá-la contra o seu peito
Passados uns bons minutos a Maria encheu-se de coragem e disse, ao Francisco, que não podia ser mãe.
Continua