Pais! (2)
Continuação (2)
Ele continuou a beijá-la e a acaricia-la, dizendo-lhe que poderiam adotar uma criança, que havia muitas crianças institucionalizadas, à espera de um colo de pais
por muito boas e bem organizadas que fossem as instituições, nunca lhes poderiam dar
A solução do Francisco aliviou-lhe um pouco o sofrimento, e o facto de não a ter culpabilizado,
foi a confirmação de que tinha escolhido o companheiro certo
Os meses passavam, mas a Maria não conseguia vencer a tristeza de não poder ser mãe
O Francisco achou que estava na altura de irem visitar uma instituição, para tentarem adotar uma criança
Foram visitar uma instituição onde mais de uma centena de crianças e jovens aguardavam por uma família
Encantou-os um casal de gémeos, de três anos, gostaram tanto dos bebés, que estavam prontos para adotarem os dois
Mas queriam ter a certeza de que aqueles bebés eram os que queriam para serem os seus filhos
Assim, pediram aos responsáveis pela instituição, se poderiam levar os bebés ao fim-de-semana, nas férias, para se irem afeiçoando aos novos membros da família
Sempre que tinha um dia livre, um fim-de-semana, férias iam buscar A Inês e o Pedro, passavam o tempo a mimá-los: beijinhos, colo, jogos, iam ao jardim para experimentarem todos os obstáculos, deliciavam-se a fazerem comida e a vê-los comerem
Nem davam pelo tempo passar. Cada vez custava-lhes mais terem dos irem levar à instituição
Queriam quanto antes pintar e mobilar o quarto deles. Nas paredes e no teto queriam pintar a lua, o sol, as estrelas, flores, pássaros
Andavam tão entusiasmados e felizes a construírem o ninho, para os filhos, que pareciam os pássaros, só que estes constroem o ninho antes de terem os filhos, e eles já tinham os filhos e ainda não tinham acabado o ninho
Já não podiam passar sem eles: a casa ficava vazia, as preocupações, se estariam bem, se teriam comido, dormido, não os deixava sossegados, mesmo contatando todos os dias a pessoa que tomava conta deles
Desde o início da adoção, tinham decidido que quem escolhessem, depois de lhes ser entreguem, seria o seu filho ou filha, como escolheram um casal, seriam os seus filhos, como se fossem biológicos
Não compreendiam que alguns casais devolvessem as crianças adotadas, porque chegavam à conclusão que não era o que queriam, um procedimento inadmissível, que muito traumatizava, os que já compreendiam que tinham sido recusados, não lhes bastando terem tido o azar de se encontrarem naquelas instituições, sem o carinho dos pais
As crianças adotadas não são coisas que adquirimos e possamos devolver, como também não o fazemos com os filhos biológicos, que temos de nos contentar com o que nos calhar.
Continua