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09
Out25

O Império

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O Império   -   As teias que o Império teceu

134

Quando o sol se pôs, em Luanda, as mulheres e os filhos, dos homens, que tinham ido falar com o Rei, começaram a dirigir-se para o palácio presidencial, estavam preocupadas por os maridos, ainda não terem regressado. A Zulmira que, também, estava preocupada, tentou mostrar que estava calma, dizendo-lhes que o sol tinha acabado de desaparecer, era muito apertado, fazer tudo num só dia. Mas, sem local onde pernoitarem, tinham de voltar para casa, nem que tivessem de andar de noite

Não conseguiu acalmá-las, tinham receio que os maridos tivessem sido presos, ou muito pior, que tivessem sido todos mortos, porque eles tinham ido para um encontro suicida, sem primeiro o terem preparado, não sabendo como seriam recebidos, e o que pensava o Rei do seu pacto de amizade

A Zulmira bem tentava que não tirassem conclusões antes de se saber o que tinha acontecido. Mas, as outras mulheres questionavam-na sobre como é que saberiam se foram mortos ou presos. Respondeu-lhes que mais tarde ou mais cedo, alguma coisa se saberia, por agora, era aguardar com serenidade

Mas, à medida que as horas avançavam, todas foram ficando mais nervosas e desesperadas, algumas reagiam como se os maridos já tivessem sido mortos: chorando, dizendo que não tinham nada que ir para aquele massacre, que o culpado era o Governador

Entretanto, as crianças já tinham adormecido, o sono venceras, as mães, no seu desespero, no aflito choro, nem deram por falta do choro delas, nem das suas incómodas perguntas, às quais não sabiam como responder, sendo melhor assim: o descanso interrompeu-lhes a tristeza e a dor de verem as mães em tão grande aflição

As mulheres estavam, cada vez, mais convencidas de que os seus maridos não voltavam, a Zulmira, não o dizia. Mas, também, achava que já devia ser muito tarde, que já deveriam ter chegado, não conseguindo esconder a preocupação, fez de conta que não ouviu as que culpavam o seu marido, pelo sucedido

Quando, já nem a Zulmira acreditava que voltassem, ouviram barulho, abriram a porta e viram os seus maridos a arrastarem os pés de tão cansados, mas os seus olhos brilhavam como as estrelas, como que a anunciar que tinha sido uma missão muito bem cumprida

As mulheres correram para os seus braços, continuavam a chorar, mas de alegria, no breu da noite, todas queriam certificar-se se tinham par, não fosse algum não ter aguentado tão dolorosa jornada. Todos tinham regressado sãos e salvos, no meio dos beijos e abraços iam dizendo às mulheres, que tinha chegado a um acordo de paz, selado com um aperto de mão, entre todos

Esgotadas as energias criadas pela receção das esposas, os pais foram buscar energia às reservas, para levarem os filhos pequenos, para as suas casas. Exaustos, só queriam cair nas suas camas, para um merecido descanso de um longo dia de muitas emoções e não menos dores físicas.

Continua

 

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