O Império
O Império – As teias que o Império teceu
96
Quando avistaram terra, ficaram eufóricos, era sempre assim, em todas as viagens, com todos os marinheiros e passageiros, chegar a terra firme era como que conseguir uma vitória
Como o sol se estava a pôr, fundearam na baia de Luanda, fazendo com que os passageiros com destino a Luanda, tivessem de dormir mais um noite abordo
A Marina e o Roberto estavam tão eufóricos, com a chegada à sua terra natal, que não conseguiram dormir, no dia seguinte, pelas seis horas, quando o sol rebentou e iluminou tudo, Luanda vista do mar parecia, ainda, muito mais bonita
As árvores, umas floridas, outras com frutos, com os embondeiros em destaque, com os seus frutos a lembrarem ratazanas penduradas pelo rabo, deslumbravam o olhar
A Marina e o Roberto estavam encantados com os muitos recantos, que nunca tinham visto, ainda não tinham tido oportunidade de ver, do mar, a beleza da linda cidade de Luanda, para eles parecia que tudo era novo, que tudo tinha sido lá colocado, depois de terem ido para a Metrópole
O sol já ia alto, os barcos continuavam fundeados, sem se mexerem, a ansiedade era muita, em terra as pessoas agitavam-se, acenavam, pareciam não perceber a razão pela qual não atracavam, na cidade, já todos sabiam da chegada das naus da carreira da Índia
A Marina e o Roberto, não queriam incomodar o comandante da armada, que andava a constituir as equipas e distribuir as tarefas, para que tudo corresse bem
Mas, também, eles não compreendiam a razão de tanta espera, vendo que o comandante tinha feito uma pausa, decidiram aproximar-se dele e perguntar-lhe por que razão a nau não atracava. Respondeu-lhes que estavam à espera que a maré subisse, para puderem proceder às manobras de atracagem, mas que em breve iam levantar ferro, para se encaminharem para o cais
Ninguém queria perder o espetáculo do desembarque, todas as viagens traziam passageiros para Angola, havia, sempre, abraços, beijos e choros de alegria, por terem conseguido chegar sãos e salvos
Os familiares da Marina e do Roberto não passaram o dia no cais, porque o Governador tinha sido informado da hora prevista para a atracagem.
Continua