O Império
O Império – As teias que o Império teceu
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Reparadas as naus, fizeram-se, de novo, ao mar, as condições estavam favoráveis, durante alguns dias não tiveram problemas. Mas, infelizmente, foi sol de pouca dura
Cinco dias depois de saírem de Angra do Heroísmo, nos Açores, voltaram a enfrentar ventos ciclónicos, numa manobra errada, um golpe de vento partiu uma nau ao meio, afundou-se em pouco tempo, dez dos trinta tripulantes morreram
Não tardaram as acusações, as superstições, as tentativas de encontrarem bodes expiatórios, alguém a quem culpar, por estarem com tanto azar
Uns culpavam o Comandante por se terem feito ao mar numa sexta-feira dia 13, um dia de azar, que deveria ter sido evitado a todo o custo
Outros culparam a Miquelina, dizendo que todos sabiam que nunca tinham sido admitidas mulheres abordo, por causa dos azares, que dão, quando andam com a menstruação
O Comandante defendeu a Miquelina, dizendo-lhes que eram tudo superstições e que contra os elementos naturais, nenhum humano os tinha conseguido vencer
Queria, ainda, dizer-lhes que ela tinha feito a viagem anterior, a qual tinha decorrido muito bem, o que provava, que as mulheres não contribuíam para os azares, mesmo quando andam com a menstruação, porque tudo o que diziam sobre as influências negativas não passavam de mitos, e superstições
Mas, alguns marinheiros estavam tão exaltados, que não ouviam ninguém, nem o Capitão
Para debelar a rebelião, o Comandante mandou atar, dois dos mais contestatários, ao mastro do navio, durante 24 horas, para se acalmarem
Estavam todos muito transtornados, a perda de dez homens e uma nau foi mais um rude golpe, para todos, numa viagem, que desde o primeiro dia, parecia estar excomungada
Cumprida a pena, decretada pelo comandante, a vida, a bordo das naus, voltou à normalidade
Depois da tempestade veio a bonança, até Luanda não enfrentaram mais nenhuma tempestade
A Miquelina continuava preocupada com a aventura de saírem em Luanda, mas já não havia alternativa, tinha-se comprometido a acompanhar o Ezequiel, e nunca voltaria com a sua palavra atrás
O melhor era planear a saída, que seria bem complicada, por fazerem equipa não podiam sair os dois, no mesmo dia
Tinham de gizar um plano, que não levasse o Comandante a descobrir ou suspeitar das suas intenções
Miquelina disse ao Comandante que gostava muito de ir a terra, em Lunada, mas receava ir sozinha, se calhar o melhor era não ir, para não arriscar a vida.
Continua